Após o Giro d’Itália ter sido desvendado na semana passada, hoje a ASO apresentou mais uma edição do Tour de France, um momento muito aguardado pelas equipas e pelos ciclistas. A partir daqui, a planificação da temporada pode ser feita de uma forma mais séria e, os trepadores estão a esfregar as mãos, com as 4 chegadas em alto e apenas 22 quilómetros de contra-relógio.
Como já se sabia, o Tour 2023 começa em Bilbao, a 1 de julho, num percurso já bastante complicado com dois dias de média montanha e que passam por estradas percorridas não só na Volta ao País Basco mas também na Clássica San Sebastian. Dois dias perfeitos para os atacantes, com as subidas finais a estarem bem perto da chegada, em ambos, a 10 quilómetros do fim.
A despedida do País Basco faz-se com a primeira oportunidade para os homens rápidos, num final já na cidade francesa de Bayonne. O dia seguinte, com final no Circuit Paul Armagnac, também favorecerá os sprinters, isto antes da montanha regressar. Os Pirenéus estão ao virar da esquina e surgem logo ao 5º dia, primeiro com uma etapa de montanha que passa por Col de Soudet (15,1 kms a 7,2%) e Col de Marie-Blanque (7,7 kms a 8,6%), e depois um dia brutal com as subidas do Col d’Aspin, Tourmalet e Cauterets, esta última a coincidir com a meta.
Bordéus e Limoges devem ver novas chegadas ao sprint, talvez com a segunda a ter um pelotão mais reduzida, antes do dia final da primeira longa semana de competição, com um regresso à Volta a França. Desde 1988 que Puy de Dôme (13,3 kms a 7,7%) não aparecia no Tour e fá-lo em grande, num dia com 3600 metros de desnível acumulado positivo. De referir que esta etapa começa em Saint-Léonard-de-Noblat, terra natal de Raymond Poulidor.
No Maciço Central, o pelotão regressa do dia de descanso com uma etapa rompe-pernas, ideal para uma grande fuga discutir a vitória em Issoire, antes dos sprinters voltarem a poder brilhar no final colocado em Moulins. Nova etapa rompe-pernas aparece no menu no dia seguinte, com o final a ser em Belleville-en-Beaujolais, num final que favorece os puncheurs.
A partir daqui não há descanso para os homens da geral até nova paragem de competição. O Dia Nacional de França é celebrado com uma chegada em alto ao Grand Colombier (17,3 km, 7,1%), local onde Tadej Pogacar venceu em 2020. Os Alpes aparecem a todo o gás, e a 15 de julho, surgem 4200 metros de desnível acumulado no menu dos ciclistas, dia que termina em descida mas que conta com passagens por Col de la Ramaz (13,9 kms a 7,1%) e Col de Joux Plane (11,6 kms a 8,5%). Tinham saudades das chegadas em alto? Elas estão de volta na 15ª etapa, mais um dia com mais de 4000 metros de desnível acumulado positivo e com final em Saint-Gervais Mont-Blanc Le Bettex (7,2 km a 7,7%).
O último dia de descanso antecede a única batalha contra o cronómetro desta Volta a França, um curto esforço de 22 quilómetros e que conta com duas subidas no percurso. O grande dia de montanha desta competição é o que se segue, mais de 5000 metros de desnível acumulado positivo, numa jornada marcada pelo Col de la Loze (28,4 kms a 6%)! O final não é no seu topo mas depois de uma curta descida onde os corredores apanham um rampa de 18%.
Depois de tanto sofrerem, os sprinters voltam a ter duas oportunidades para poderem discutir as desejadas vitórias em etapa, nas chegadas a Bourg-en-Bresse e Poligny. A última grande etapa de montanha, o dia de todas as decisões acontece na 20ª jornada, uma curta etapa de montanha de 133 quilómetros, com 5 contagens de montanha, incluindo passagens por Petit Ballon (9,3 kms a 8,1%) e Col du Platzerwasel (7,1 kms a 8,4%), num final que se assemelha à etapa ganha por Annemiek van Vleuten no Tour deste ano. A etapa final termina, mais uma vez, nos Campos Elísios, após começar no velódromo de Saint-Quentin-en-Yvelines.
Este acaba por ser um Tour de France bastante montanhoso, com 8 etapas de montanha (metade delas chegadas em alto) e 6 etapas de média montanha. Com apenas 1 contra-relógio de 22 quilómetros e sendo ele não plano, os trepadores têm uma oportunidade única de conseguir um grande resultado na Grande Boucle. Em teoria, as 6 etapas para os sprinters também serão notícias de bom agrado para estes homens.
Em nossa opinião, faltam etapas mais longas neste Tour, principalmente nos dias de montanha, de forma a desgastar o pelotão, a maioria são dias curtos. As etapas de média montanha longas que tanto espetáculo têm protagonizado também não estão no menu, outro ponto que podia ser melhorado. O Tour de France 2023 será, também, o Tour da história que terá menos quilómetros de contra-relógio.