Um Giro que estava a ser uma desilusão em termos de espectáculo transformou-se radicalmente nas últimas 3 etapas. Se fosse um jogo de futebol claramente já tinha compensado o valor do bilhete. O incremento da espectacularidade coincidiu com a entrada da alta montanha, mas nem sempre é assim, curiosamente a organização do Giro, ao contrário do Tour e da Vuelta raramente aposta “Unipuertos”, aquelas chegadas em alto em que essa montanha é a única do dia e essa aposta revelou-se novamente certeira.




Mas porque é que as últimas 3 jornadas foram tão espetaculares? Primeiro temos as diferenças grandes provocadas essencialmente pelo contra-relógio de San Marino, o que misturado com uma série de ciclistas que pouco têm a perder porque já têm na carreira pódios em Grandes Voltas leva a um ciclismo ofensivo. Segundo porque não há neste Giro realmente uma equipa com capacidade de controlar até agora. A Jumbo-Visma, principalmente depois da saída de Laurens de Plus nunca seria essa equipa, muito menos a UAE Team Emirates. Agora com a camisola rosa a Movistar assume e tem mais esse perfil, como vimos no Domingo.

Para a última semana parece-nos que somente 3 ciclistas partem na linha da frente para triunfar no Giro: Richard Carapaz, Primoz Roglic e Vincenzo Nibali. E numa segunda linha colocamos Mikel Landa, isto porque Majka parece estar pior que o espanhol, terá menos liberdade e corredores como Lopez e Yates já estão longe demais. As diferenças feitas no Domingo são muito importantes, agora Roglic não tem a certeza que consegue recuperar o atraso para Carapaz no contra-relógio (ainda para mais faltando montanha onde ele regularmente tem perdido tempo) e Nibali ganhou uma moral incrível, depois de ter conseguido deixar Roglic para trás pela primeira vez na prova. E Nibali tem 2 grandes triunfos chamados Damiano Caruso e Domenico Pozzovivo.




O esloveno até agora adoptou uma postura defensiva, fria, calculista, também porque não tem equipa. Questionou-se se era táctica ou falta de pernas e pensamos que essa pergunta ainda não está respondida, o tempo perdido no Domingo foi maximizado por uma quase queda na descida e devido a uma troca de bicicleta numa altura decisiva, o que é sempre desconfortável. Mas claramente Nibali e Carapaz parecem mais fortes nessa fase e é preciso recordar que Carapaz acabou muito bem o Giro 2018 e Nibali costuma ter excelentes prestações na 3ª semana.

O mais provável é vermos nos próximos dias a Movistar a tentar cavar uma diferença ainda maior para Roglic e tem equipa para tal, Carretero e Pedrero têm estado muito bem e ainda há Amador. A equipa espanhola pode mesmo utilizar Mikel Landa como arma de arremesso para colocar Vincenzo Nibali em xeque, já que cerca de 1:30 separam os 2. Yates e Lopez podem ser 2 aliados, a mais de 3 minutos do pódio têm de atacar de longe, mas não pode como Yates tem feito, tem de ser algo mais coordenado e numa espécie de tudo ou nada.

Zakarin deslumbrou e depois quebrou, Polanc é uma espécie de elemento estranho no top 10, o alvo fácil para por exemplo Davide Formolo entrar nos 10 primeiros. Mollema na última etapa de montanha mostrou fraqueza e receamos que o holandês tenha outra daquelas quebras de 3ª semana, não é nada improvável. De realçar ainda as vitórias dos italianos, dos veteranos gregários de luxo italianos: Cesare Benedetti e Dario Cataldo, 2 prémios merecidos para 2 carreiras essencialmente passadas a trabalhar para os colegas. Na montanha Ciccone controla, tem a classificação quase assegurada e tem potencial para ganhar 1 etapa caso tenha liberdade para tal.




Na classificação por pontos somente Arnaud Demare e Pascal Ackermann lutam, a etapa 18 será crucial. Na juventude Miguel Angel Lopez está surpreendentemente ainda atrás de Pavel Sivakov, mas é provável que o colombiano consiga ultrapassar o russo. Curiosamente devido a esta luta a Team Ineos pode acabar por ajudar um candidato à vitória involuntariamente. A classificação colectiva está muito bem encaminhado para (surprise, surprise) a Movistar, com mais de 25 minutos sobre a concorrência.

O que falta percorrer? 1 contra-relógio, 1 etapa plana, 2 chegadas em alto sem muita montanha pelo meio e 2 etapas de alta montanha parecidas às que tivemos na 2ª semana. Amanhã há potencial para diferenças de minutos, mesmo sem a passagem no Gavia.

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