Os nossos leitores decidiram e elegeram Christophe Laporte como o gregário de 2022. Num total de 196 votos (obrigado pela participação), o francês da Jumbo-Visma obteve uma vitória esmagadora perante a concorrência, arrecadando 128 votos, o que corresponde a 65%. Brandon McNulty com 20 votos e Wilco Kelderman com 18 votos completaram o pódio. No dia de amanhã, sairá a 5ª sondagem, onde vamos eleger a desilusão do ano.
Após os nossos leitores terem dado a sua opinião, é hora das 3 pessoas que colaboram neste projeto também irão deixar o seu ponto de vista fundamentado em relação à sua escolha.
André Antunes – Christophe Laporte
Esteve presente e disponível para trabalhar nos momentos-chave das provas para Wout van Aert, principalmente nas clássicas. Na E3 Saxo Bank, acabou por trabalhar tão bem que acabaria mesmo em segundo, atrás de Van Aert, depois dos dois terem seguido juntos durante muito tempo, acabando a mais de 1m30s da concorrência.
É um gregário de luxo, que oferece à equipa uma segunda opção válida, quando Van Aert não está apto para discutir as provas. Este ano obteve cinco triunfos, contando com etapas e gerais, e venceu pela primeira vez no Tour. É daqueles nomes que raramente falha, sempre muito constante e capaz de garantir resultados, mesmo estando a trabalhar para outros.
André Esteves – Christophe Laporte
Pode parecer uma escolha fácil no entanto não o foi. Ora vamos a factos. Brandon McNulty ajudou Tadej Pogacar no Tour e Juan Ayuso/João Almeida na Vuelta, Wilco Kelderman foi fundamental no triunfo de Jai Hindley no Giro, Ilan van Wilder teve um papel idêntico na vitória de Remco Evenepoel na Vuelta, Danny van Poppel esteve perfeito como lançador de Sam Bennett (às vezes até terminou à frente do próprio sprinter!), Nathan van Hooydonck fez muitos quilómetros de perseguição para Wout van Aert e Jonas Vingegaard, Valentin Madouas “rebocou” David Gaudu ao 4º lugar no Tour e Ramon Sinkeldam lançou Arnaud Demare praticamente em todas as suas vitórias.
Mesmo assim, que mais impacto teve foi, sem sombra de dúvidas, Christophe Laporte. Todos sabíamos do potencial do francês mas aquilo que conseguiu fazer no ano de estreia na Jumbo-Visma foi incrível. Trabalhou imenso nas clássicas para Wout van Aert (2º na E3), aproveitou as oportunidades (2º na Gent-Wevelgem e 9º no Tour de Flandres) e nas provas por etapas voltou a estar fabuloso.
A primeira grande exibição aconteceu no Paris-Nice, quando fugiu com Roglic e Van Aert, que lhe ofereceram o triunfo parcial. No Tour tinha a missão de lançar Van Aert e proteger Roglic/Vingegaard e cumpriu na perfeição, levando o belga à conquista da verde. No final ainda surgiu a recompensa, com uma oportunidade para sprintar … que terminou com triunfo! Ainda foi a tempo de vencer a Volta a Dinamarca, Binche-Chimay-Binche e sagrar-se vice-campeão do Mundo!
João Crespo – Christophe Laporte
Desta vez concordo com a escolha dos leitores. Creio que para além de todo o trabalho e de toda a dedicação que um gregário mostra, este também deve ser avaliado pelo que a equipa e pelo que os ciclistas para os quais trabalhou conquistaram. É verdade que Madouas praticamente carregou Gaudu às costas durante o Tour, que van Wilder foi muito importante para Evenepoel, bem como Kelderman para Hindley. Sinkeldam lançou Demare na perfeição diversas vezes e Danny van Poppel foi para mim o lançador do ano, só que Sam Bennett quase nunca correspondeu. McNulty poderia ser uma possibilidade, o facto é que foi muito irregular e apareceu em grande em alguns momentos, mas de uma forma demasiado intermitente ainda.
Christophe Laporte foi talvez a contratação do ano e ao mesmo tempo o gregário do ano, mais uma jogada de mestre da Jumbo-Visma, que provou nos últimos anos saber mexer-se no mercado como poucas. Ajudou Wout van Aert nas clássicas da Primavera e esteve ao lado de Primoz Roglic e Jonas Vingegaard no Tour, numa Volta a França onde a Jumbo-Visma esteve reduzida a tão poucos elementos e onde a polivalência de Laporte foi tão importante. Esteve presente também nos triunfos no Paris-Nice e no Dauphine, e ainda foi proteger Wout van Aert nas clássicas canadianas. No meio disto tudo conseguiu a melhor temporada de sempre, com vitórias no Paris-Nice, na Volta a França, na Volta a Dinamarca e ainda foi vice-campeão mundial de estrada.