A derradeira etapa em linha da Vuelta deste ano prometia desde o início e não desiludiu. Como seria de esperar, Michael Storer e Romain Bardet integraram a fuga por causa da montanha e, sem contestação, o australiano da Team DSM foi passando na frente as contagens de montanha assegurando a vitória final. Num grupo com cerca de 20 ciclistas, destaque para a presença de Clement Champoussin, Jesus Herrada, Matteo Trentin, Ryan Gibbons e Jan Hirt.
Numa primeira fase apenas foi a Jumbo-Visma a perseguir, o que fez a fuga ganhar mais de 11 minutos no entanto a INEOS Grenadiers estava com outras ideias e pegou na corrida a 90 quilómetros do fim. Rapidamente a vantagem foi diminuindo e tudo se começou a decidir na escalada para o Alto de Mougás.
Se na frente o grupo se partiu, o mesmo se pode dizer no pelotão. Adam Yates e Egan Bernal tentaram, o grupo começava a partir, nem todos os favoritos respondiam e foi uma mexida de Gino Mader que veio a mudar, por completo, o desfecho da prova. O suíço foi seguido por Jack Haig, Enric Mas, Primoz Roglic e Adam Yates, com Miguel Angel Lopez e Egan Bernal a serem os mais prejudicados, ficando no grupo de trás.
Mader colocou-se ao trabalho e, contra Lopez, que era o único que trabalhava no grupo perseguidor, a vantagem foi aumentando na fase de plano. Houve uma certa altura que o grupo de Lopez abdicou e, com a entrada de Mark Padun no grupo de Roglic (Padun estava na fuga do dia), a vantagem chegou aos 4 minutos à entrada de nova subida, o Alto de Prado. No grupo de Lopez, aparecia a Movistar, mas apenas com José Joaquin Rojas.
Entretanto, no vale entre as duas subidas já referidas, Ryan Gibbons tinha-se destacado na fuga, chegou a ter 1:25 de vantagem para 9 perseguidores mas no Alto de Prado perdeu alguma da sua vantagem, apesar de ainda ter passado no topo com 55 segundos. O grupo de Roglic passava a 2:10 e o grupo de Lopez a 6:40.
Descontente com toda esta situação, Miguel Angel Lopez parou na berma da estrada, Imanol Erviti e o diretor Patxi Villa ainda tentaram mudar de ideias o colombiano, no entanto não fazia alterar e, pouco depois, o ciclista da Movistar, que começou a etapa em 3º, entrava dentro do carro da equipa e abandonava a Vuelta! Uma autêntica novela!
Na frente, Ryan Gibbons voltou a alargar a vantagem na descida e entrou na subida final com 1:15 para o grupo perseguidor que já continha não só os ciclistas da fuga mas também o grupo de Roglic. Os ataques entre os favoritos começaram a 6 quilómetros, Yates foi quem mais tentou, no entanto o para e arranca levava a que não se fizessem diferenças. Tudo isto levou a que Gibbons fosse apanhado a 3400 metros da chegada.
Os ataques continuava no entanto eram apenas esticões, o que permitia a reentrada de outros corredores entre os quais Clement Champoussin! Aproveitando uma fase mais rápida e o entreolhar entre os favoritos, o francês da AG2R Citroen entrou e passou direto a 1700 metros. Tudo ou nada do ciclista que estava na fuga do dia! Os favoritos reagiram apenas no quilómetro final mas já era tarde.
Vitória para Champoussin numa etapa de loucos, um grande dia de ciclismo! Roglic chegava a 6 segundos, reforçando a sua liderança, com Yates a ser 3º a 8, com Mas a chegar logo de seguida. Haig foi 5º a 12 segundos. Entre os homens da geral, Mader perdeu 26 segundos e Grosschartner, De la Cruz e Bernal chegaram a 6:55.
Na classificação geral, Roglic segue na liderança com 2:38 de avanço para Mas e 4:48 para Haig. Diferenças enormes no top-10, com destaque para Gino Mader que roubou a camisola da juventude a Egan Bernal.