Este é um caso muito polémico, que começou fora de competição e que com a decisão da organização da Vuelta a San Juan tem uma implicação directa na prova num momento em que se pensava que a Deceuninck-Quick Step estaria em plena força para defender a liderança de Julian Alaphilippe.
Tudo começou quando a Deceuninck-Quick Step, durante um dos seus treinos na Argentina, fez uma paragem num café local. Uma empregada do café que serviu os ciclistas da equipa belga pediu para tirar uma fotografia com eles. Foi aí que Iljo Keisse fez esta pose provocatória, com os braços por trás da cabeça e aproximou as suas partes genitais da mulher.
Foi o jornal “Telesoldiario” que revelou este episódio e a fotografia, também falou com a empregada do café. “Pedi uma foto e senti que eles me encorajaram. Pensei que tinha sido um acidente, mas depois apercebi-me que não. Eles desrespeitaram-me e estou muito zangada. O meu companheiro viu a situação e é testemunha. Espero que pelo menos recebam uma sanção ou uma reprimenda pelo que fizeram.”
A mulher apresentou mesmo queixa na polícia por assédio sexual e o caso foi para tribunal. Keisse foi considerado culpado e teve de pagar uma multa de 3000 pesos, cerca de 80 dólares. O ciclista belga falou à imprensa no mesmo dia em que a história saiu para pedir desculpa e se retratar. “Queria pedir desculpa, especialmente a esta senhora. Fiz um erro e sei disso, não vai acontecer de novo.”
O ciclista de 36 anos foi ainda mais longe, “quero pedir desculpa a todos, aos argentinos, à organização, à minha equipa, foi algo muito estúpido de se fazer. Gostaria de voltar atrás no tempo e não ter feito aquilo. Fiz um movimento estúpido com a minha mão, é verdade que não magoei ninguém fisicamente, mas magoei sentimentalmente. Não sou um ladrão nem um criminoso, sou humano e fiz um erro.”
Keisse contou ainda a sua versão dos acontecimentos: “Fomos lá depois do treino para um café, era na rua principal. Tomámos café, estivemos lá 45 minutos, pagámos, demos uma gorjeta à empregada e pegamos nas bicicletas para sair. Ela pediu uma foto, inclinou-se para a frente e eu num momento estúpido fiz aquilo com as mãos, do qual estou realmente arrependido. Quero deixar claro que não toquei nela de nenhuma forma, com as mãos ou com os joelhos. Não houve reacção nenhuma na altura por parte da mulher. Esta situação também não é fácil para mim, para a minha mulher, para os meus filhos, para a minha família em casa. Penso que as coisas estão um pouco fora de controlo e gostaria de continuar a focar-me na corrida.”
Esse era o desejo do corredor da Deceuninck-Quick Step, mas a organização deixou a mensagem que gostaria a equipa belga castigasse o ciclista. Keisse foi 12º no contra-relógio de ontem, mas logo a seguir ao esforço individual a organização da prova argentina emitiu um comunicado a dizer que Iljo Keisse estava expulso da prova. “A organização tomou a decisão de colocar fora da corrida o ciclista Iljo Keisse por comportamento que atenta a reputação e a honra e a organização da Vuelta a San Juan, da UCI e do ciclismo em geral”, pode-se ler no comunicado.
Quem já reagiu ao comunicado e à expulsão foi o Director Geral da equipa belga, Patrick Lefevere mostrou-se visivelmente agastado com a situação e pondera mesmo abandonar totalmente a corrida. “Se dependesse só de mim, a equipa toda deixava a corrida. Vamos analisar o regulamento da UCI primeiro e depois tomar uma decisão.” Uma coisa parece certa, mesmo que a Deceuninck-Quick Step fique para defender a liderança de Julian Alaphilippe provavelmente já não voltará à Vuelta a San Juan.