A equipa Ineos já nos tem habituado a excelentes prestações nas Grandes Voltas, mas esta edição do Giro foi sensacional. A equipa alcançou um total de sete vitórias em etapas (recorde em Grandes Voltas), mais a classificação geral e juventude, por intermédio de Tao Geoghegan Hart, e a classificação por equipas. Para se ter a noção, a prestação mais próxima da equipa foi em 2012, na Volta a França, na altura ainda denominada de Sky Procycling. A equipa britânica conseguiu 6 vitórias em etapas, e a geral individual por Bradley Wiggins.



Para igualarmos o número de conquistas (dez) da Ineos Grenadiers, neste Giro, temos que recuar ao ano de 2004, na altura a controversa equipa italiana Fassa Bortolo conquistou nove etapas por Alessandro Petacchi e a classificação por pontos, também na Volta a Itália.

Geraint Thomas era o líder da equipa para esta Volta a Itália, mas acabou por desistir, após três etapas. A equipa não tinha Froome e Carapaz, atualmente a correr a Vuelta, e estava sem o colombiano Egan Bernal, que competiu no Tour. Acabaram por colocar em prática o plano B, passando a integrar as fugas e a vencer etapas. Filippo Ganna, recém campeão mundial de contrarrelógio, foi uma das figuras da equipa e deste Giro, ao triunfar nos três contrarrelógios da competição, e ao ter vencido uma etapa de montanha. Jhonatan Narváez também se estreou a vencer numa Grande Volta, através de uma fuga bem sucedida na 12.ª etapa. Tao Hart venceu na alta montanha por duas ocasiões.



Tao Hart foi subindo de forma no decorrer das três semanas. Acabou a primeira semana na 17.ª posição da geral, e no final da segunda já estava às portas do pódio, no quarto lugar. Conquistou a rosa apenas no último dia, no contrarrelógio final, ganhando 39 segundos a Jai Hindley. De forma sorrateira, Tao Hart arrebata a 11.ª vitória para a Ineos/Sky em Grandes Voltas, tornando-se o quarto britânico a vencer, depois de Bradley Wiggins, Froome e Geraint Thomas. Foi a quarta participação de Tao Hart numa Grande Volta, ele que nunca tinha terminado no top dez.

Depois de muitas críticas à equipa, após um Tour fracassado, as respostas foram dadas na estrada, não através dos supostos líderes, mas por um gregário de luxo/aspirante a líder. A Ineos não apresentou o bloco dominante de outros tempos, para a montanha, mas conseguiu obter uma performance incrível. Nunca se mostraram muito na frente do pelotão, mas na altura decisiva, o australiano Rohan Dennis subiu como nunca, liderou Tao Hart pelas subidas acima, e para a vitória. Tao Hart é o primeiro ciclista a vencer o Giro sem nunca ter vestido a camisola de líder durante a corrida.



Uma equipa destas não se constrói do dia para a noite. A destreza demonstrada em cima da bicicleta, a mentalidade e a fome de ganhar está lá. Uma conquista importante e emocional, com dedicatória especial para um dos mentores, Nicolas Portal, que faleceu em março deste ano.

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