O projecto da B&B Hotels caiu na pior altura possível para os ciclistas. Desde a promessa de um novo grande patrocinador ao provável desemprego numa fase em que quase todos os plantéis já estavam fechados, foi um saltinho. Dos praticamente 30 ciclistas que tinham um pré-acordo com a equipa gaulesa que era chefiada por Jerome Pineau, também ele um ex-ciclista vários foram aqueles que se retiraram e somente 2 encontraram, até agora, lugar no World Tour.
Entre os retirados, tendo em conta o plantel de 2022, estão os super veteranos Jonathan Hivert, Pierre Rolland e Cyril Lemoine, enquanto que corredores como Thibaut Ferasse e Julien Morice também deixam a modalidade de forma profissional estando eles à volta dos 30 anos. Ciclistas de boa qualidade como Quentin Jauregui, Maxime Chevalier, Alan Boileau ou Adrien Lagree regressaram a uma equipa de clube, procurando dar nas vistas para eventualmente voltarem pelo menos ao escalão Continental em 2023.
Victor Koretzky, um nome relativamente desconhecido na estrada, mas que os seguidores do Mountain Bike conhecem, garantiu lugar na Bora-Hansgrohe e a Arkea-Samsic contratou à última hora o regular sprinter italiano Luca Mozzato. Já uma das sensações de 2022, Axel Laurance, está na prática também ele no World Tour, apesar de ter sido registado no escalão Continental. A Alpecin-Deceuninck não tinha mais vagas no World Tour, então teve de o inscrever na equipa de desenvolvimento, com passagem certa para a formação principal em 2024, ele que este ano foi 5º na Cro Race e 2º na Bretagne Classic.
Stevie Williams e Nick Schultz não estavam na B&B Hotels em 2022, mas tinham sido contratados por esta estrutura para 2023, ambos ficaram numa situação bastante precária e ambos encontraram lugar no pelotão internacional na Israel-Premier Tech. A equipa onde actualmente milita Chris Froome ainda tinha vagas no plantel, orçamento, e procurava corredores porque talvez sabia algo que nós ainda não sabíamos… É que hoje saiu um comunicado da UCI sobre a pontuação e os rankings para a temporada de 2023 e a Israel-Premier Tech será automaticamente convidada para todas as provas World Tour, excepto as Grandes Voltas, como compensação pela descida de divisão, e para isso precisará também de um plantel maior devido ao calendário alargado.
Stephen Williams é um inconsistente trepador britânico com 26 anos, apesar de já estar no World Tour desde 2019. Williams brilhou como sub-23 na Ronde de l’Isard em 2018 e isso convenceu a Bahrain a apostar nele. Passou por vários problemas de saúde e lesões graves, que também têm impedido o seu desenvolvimento natural como corredor. Aparece quase quando menos se espera dele, venceu a CRO Race em 2021 e 1 etapa na Volta a Suíça esta época, somou apenas 25 dias de competição e parece ser um bocadinho um tiro no escuro por parte da Israel-Premier Tech.
Já relativamente a Nick Schultz, é mais uma certeza, um ciclista que se defende bem na montanha, não tem uma ponta final nada má e este ano quase ganhou 1 etapa no Tour, sendo apenas batido por Magnus Cort num final com alguma inclinação. Sai após 4 épocas na BikeExchange, à procura de mais espaço, não cremos que o tenha propriamente aqui. Tem a vantagem de ser um ciclista bastante consistente, anda bem de Fevereiro a Setembro e pode ser encarado como uma boa ajuda a Jakob Fuglsang e Michael Woods nas clássicas das Ardenas e nas corridas de 1 semana, tem potencial para isso.