Após experiências em equipas do World Tour, José Neves e Nuno Bico vão correr no escalão Profissional Continental em 2019, mantendo-se no estrangeiro. A equipa escolhida é a Burgos-BH, uma formação espanhola que decidiu fazer uma revolução no plantel para a próxima temporada e que procurava ciclistas de qualidade.
José Fernandes ou José Neves tem 22 anos e estava na sua primeira temporada como profissional. Enquanto sub-23 representou Anicolor, Goldwin-José Maria Nicolau e Liberty Seguros – Carglass, esta última em 2017. É um talento enorme, tendo ganho a Volta a Portugal do Futuro e o título de campeão nacional de contrarrelógio para sub-23, para além de ter sido 5º no Troféu Joaquim Agostinho no ano passado. Este ano, na W52-FC Porto, foi 4º nos Nacionais de contra-relógio e depois apareceu em grande no Troféu Joaquim Agostinho, onde foi o grande vencedor da classificação geral, após ter sido 3º no Alto do Montejunto.
As boas exibições valeram-lhe uma estágio com a EF Education First nesta parte final de 2018. A equipa comandada por Jonathan Vaughters optou por não ficar com o ciclista português, apesar de muito trabalho e alguns bons resultados e começou a especulação. Falou-se num possível regresso a Portugal, e de facto José Neves, em declarações ao jornal “A Bola” confirma que existiram contactos da W52-FC Porto e do Sporting-Tavira, mas José Neves optou por continuar a carreira no país vizinho, numa equipa onde até provavelmente terá mais liberdade e mais hipóteses de liderar a equipa.
Quanto a Nuno Bico, teve uma carreira algo diferente, tem 24 anos mas pode-se dizer que já tem uma longa carreira. Começou em 2012 na Rádio Popular-Boavista, formação onde permaneceu até 2015. Os dois primeiros anos foram de adaptação ao ciclismo profissional, sendo que na última temporada ao serviço da equipa do Professor José Santos sagrou-se campeão nacional de estrada na categoria sub-23 e foi, ainda, 8º na Volta ao Alto Tâmega e 9º na Volta a Albergaria. Nestes 3 anos, fez sempre a Volta a Portugal.
Em 2016, surgiu a oportunidade de correr no estrangeiro, e Nuno Bico não desiludiu. Na Klein Constantia, equipa que forma muitos e bons ciclistas, foi 7º na Liege-Bastogne-Liege sub-23 e na Volta ao Alentejo, 3º classificado nos campeonatos nacionais de estrada para sub-23 e 11º na Druivenkoers – Overijse. A consistência começou a aparecer, tanto nas provas com montanha, quer nas mais acidentadas, mesmo tendo que trabalhar para os seus líderes e a Movistar decidiu contratar o visiense.
Foram duas temporadas de muito trabalho para os seus líderes, principalmente Alejandro Valverde e Nairo Quintana, participando em 6 Monumentos do ciclismo, onde foi adquirindo ainda mais experiência. No entanto, para Nuno Bico, chegou a hora de procurar mais a sua sorte, já que na Movistar era quase sempre um dos primeiros homens de trabalho. Está numa fase decisiva da sua carreira e esta escolha acaba por ser lógica depois da saída da Movistar.
Tendo em conta o calendário composto que a Burgos-BH fez no ano passado e a revolução do plantel que ocorreu de 2018 para 2019, a formação espanhola acaba por ser um palco privilegiado para corredores que José Neves e Nuno Bico, que querem o seu espaço e procuram afirmar-se. Para além deles, também Ricardo Vilela fará parte do plantel, o que irá de certo facilitar a adaptação a esta nova realidade. De recordar que a Burgos-BH passa por um período algo conturbado, os controlos positivos de David Belda e Ibai Salas levaram a U.C.I. a propor uma sanção de suspensão 15 a 45 dias à equipa espanhola, que pode levar a que a Burgos-BH falhe algumas provas no início do ano, dependendo da data de decisão final.