Manuel Correia encontrou nos últimos anos uma receita vencedora e decidiu repeti-la em 2022, em mais uma temporada da estrutura do Bike Clube de Portugal no escalão Continental. Muitos anos no escalão sub-23, a equipa tem conseguido equilibrar as ambições desportivas com potenciar jovens talentos e procura continuar a fazer o mesmo.
Um aspecto chave nesta combinação tem sido a estabilidade e produtividade dos ciclistas mais experientes. No lote composto por Henrique Casimiro, Luís Gomes e César Fonte, só saiu Henrique Casimiro, uma grande perda para as classificações gerais, mas que também liberta a equipa dessas responsabilidades. O ingresso de Luís Gomes na Kelly-Simoldes-UDO em 2020 viria a ser uma das transferências da época a nível interno. Com outra liberdade e responsabilidade viria a ganhar a Clássica da Primavera, a fazer 2º no Troféu Joaquim Agostinho e a ganhar a classificação por pontos na Volta a Portugal, com 1 etapa à mistura. Em 2021 não fez uma época tão vistosa, mas foi sempre um perigo e somou 1 vitória e 1 pódio.
Tal como Luís Gomes, também César Fonte renovou, ele que é claramente o mais veterano do grupo, o capitão de estrada, continuando a ser um perigo em corridas de média montanha, em 2021 fez 11 top 10. Ficam também na estrutura José Sousa e Hélder Gonçalves, 2 jovens já bastante experientes e que deram claramente um salto qualitativo em 2021. O primeiro foi 4º no G.P. Abimota e Hélder Gonçalves esteve constantemente entre os melhores da juventude nas provas por etapas, acabando muito bem a Volta a Portugal.
Curiosamente esta equipa terá muitos jovens, mas a maioria já com muito andamento e alguns anos em equipas Continentais. Um bom exemplo disso é Tiago Leal, que é profissional desde 2018, quando foi para a Miranda-Mortágua, até sendo 3º na Volta a Portugal do Futuro em 2019. Voltou para uma equipa sub-23 em 2020, na Sicasal, e uma época consistente e com boas exibições na Volta a Portugal do Futuro, Troféu Joaquim Agostinho e Volta a São Miguel, convenceu os responsáveis da formação oliveirense.
António Ferreira conta também com passagens por equipas Continentais, neste caso a Antarte-Feirense, desde 2019, depois de ter representado a selecção nacional nos juniores. Outro ciclista que tem na montanha o seu habitat natural, ganhou nos Açores em 2019 e este ano foi o melhor jovem na Prova de Abertura, o 2º melhor jovem da Volta ao Alentejo e o vencedor da classificação da montanha no G.P.J.N. O mesmo se aplica a Francisco Moreira, integrante da Rádio Popular Boavista em 2018 e que passou pela ACDC Trofa e JV Perfis Gondomar, tendo lutado muito para voltar a uma formação Continental, fez alguns top 10 em provas sub-23, mesmo não pertencendo a uma estrutura com muito poderio no pelotão.
Daniel Dias chega já com alguma bagagem de carreira aos 20 anos. Uma excelente temporada como júnior na Seissa-KTM-Bikeseven antecedeu uma subida para a Sicasal e uma saída para a U.C.Monaco, que teve o mesmo desfecho de Gonçalo Carvalho, um regresso a Portugal. Um corredor bastante explosivo e poderoso, que já no final de 2021 correu em Portugal e mostrou o que era capaz de fazer nas provas sub-23. Afonso Silva é outro dos reforços, com 21 anos de idade e proveniente da Radio Popular Boavista, onde subiu a profissional em 2019. Como júnior e sub-23 foi chamado à selecção nacional por diversas vezes, é um ciclista bastante completo e que procura mais espaço para brilhar. O benjamim da equipa será Carlos Petiz, um muito jovem ciclista de 18 anos que representava a Escola de Ciclismo Bruno Neves, será mais uma aposta a longo prazo.
Obviamente que as saídas de Pedro Miguel Lopes e Henrique Casimiro vão deixar mossa, mas grande parte da base manteve-se a segunda metade de 2021 mostrou que José Sousa e Hélder Gonçalves se estavam a afirmar, sendo expectável que assim continue. Para compensar as saídas Manuel Correia teve o cuidado de contratar jovens mais experientes, também para poderem estar ao lado de César Fonte e Luís Gomes em alturas mais críticas.