Dia da prova rainha dos Campeonatos do Mundo de Glasgow, com os elites masculinos a lutarem pela camisola arco-íris no dia de hoje. 271 quilómetros de extensão, uma longa prova, que viu João Almeida cair bem cedo mas sem consequências aparentes. Uma numerosa fuga marcou a corrida, composta por Patrick Gamper, Rory Townsend, Owain Doull, Matthew Dinham, Harold Tejada, Kevin Vermaerke, Ryan Christensen, Krists Neilands e Petr Kelemen. Eric Fagundez, Rien Schuurhuis e George Bennett ainda tentaram fazer a ponte mas sem sucesso.

A 191 quilómetros do fim a corrida era obrigada a parar devido a diversos protestantes que se colocaram na estrada, impedindo a passagem dos ciclistas. Praticamente uma hora depois, o pelotão retomou a sua marcha, com Eslovénia, França e Bélgica a serem as seleções mais ativas na frente de corrida. A grande velocidade, o pelotão dirigiu-se rapidamente para o circuito final de Glasgow, com a Dinamarca a aparecer no comando do grupo. A 133 quilómetros do fim, Julian Alaphilippe mexia na corrida, um ataque sem nexo, já que pouco depois era apanhado pelo pelotão.




Este ataque foi a única ação que se viu de Alaphilippe já que 25 quilómetros passavam e ficava para trás, na companhia de muitos outros ciclistas, incluindo Kasper Asgreen, Jasper Philipsen, João Almeida e Tobias Halland Johannessen e Christophe Laporte (este devido a um furo na pior altura possível). Tudo isto fazia diminuir a diferença da fuga, chegou a ser de 9 minutos e a 95 quilómetros do fim era de apenas 1 minuto.

Os ataques não paravam e foi o inevitável Mathieu van der Poel o primeiro grande favorito a mexer. Faltavam 90 quilómetros e o neerlandês selecionava, pela primeira vez, a corrida, com a grande vítima a ser Remco Evenepoel. O ainda campeão do Mundo não conseguia estar na frente e, na subida que se seguiu surgiu a mexida de Tadej Pogacar e, nesse mesmo grupo, Matteo Trentin caía após embater nas barreiras. A velocidade acalmou um pouco em nova passagem pela meta e o grupo de Evenepoel encostava no grupo dos favoritos. À falta de 6 voltas, e ainda com a fuga na frente, estavam na luta pelo Mundial cerca de 30 ciclistas.

Mads Pedersen voltou a acelerar, Mathieu van der Poel aumentou o ritmo ainda mais e o pelotão partiu por completo, apenas Pogacar, van Aert e Bettiol conseguiam seguir. O grupo de 7 elementos, com Dinham e Vermaerke sobreviventes da fuga, chegou a ter 20 segundos sobre o grupo perseguidor, onde a França era uma das mais interessadas numa recolagem e sacrificou Cosnefroy para isso, ficando ainda Madouas entre os melhores. A cerca de 65 kms do final começou uma série de fortes ofensivas de Remco Evenepoel, que até este ponto tinha feito recuperação atrás de recuperação, sendo que a 4 voltas do fim o grupo dianteiro já só tinha 18 elementos.




Foi preciso uma pequena distracção na zona de abastecimento para a corrida mudar e alguém se destacar, Alberto Bettiol ganhou alguns metros que rapidamente se tornaram 20/30 segundos, com a Bélgica a “queimar” Tiesj Benoot na perseguição. A faltar 3 passagens pela meta a diferença era de 42 segundos para os perseguidores num grupo já sem Madouas devido a incapacidade física, Skjelmose devido a avaria e Narvaez devido a queda. Foi a queda de Narvaez que também deixou um grupo perseguidor de elite a perseguir Bettiol, composto por Pedersen, van der Poel, Pogacar e van Aert.

O italiano estava a fazer um excelente trabalho principalmente nas curvas, bem perigosas por sinal, também que à entrada da penúltima volta ainda tinha 24 segundos para o quarteto maravilha e 40 segundos para Schmid, Powless e Skujins. Os perseguidores aproximaram-se de Bettiol e quando estavam quase a apanhar o transalpino, a 22 kms da meta, houve o forte ataque de Mathieu van der Poel, que deixou toda a gente sufocada e para trás, passando todos directos por Bettiol.

Nesta fase o holandês estava simplesmente um patamar acima dos restantes, em 3 kms abriu um espaço de mais de 20 segundos, deixando Pogacar, Van Aert e Pedersen a disputar o resto das medalhas. O drama adensou-se quando Mathieu van der Poel caiu a 17 kms da meta, perdendo alguns segundos preciosos, mantendo ainda 31 segundos à entrada da última volta. Independentemente da queda o holandês continuou a voar e a estender a liderança face aos rivais, celebrando assim o primeiro título mundial da carreira, voltando a provar que é um corredor de grandes momentos.

Na luta pelo pódio Wout van Aert destacou-se dos rivais antes do sprint e Pogacar ultrapassou Mads Pedersen mesmo em cima do risco de meta para ficar com o lugar mais baixo do pódio. Na luta pelo 5º posto o mais forte foi Stefan Kung. Nelson Oliveira foi o único português que concluiu a prova, fazendo-o na 46ª posição.




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