Os nossos leitores decidiram e elegeram Remco Evenepoel como o melhor ciclista de 2022. Num total de 222 votos (obrigado pela participação), o belga recebeu 91 votos, o que equivaleu a 41% dos votos. Numa votação bastante renhida, Tadej Pogacar foi 2º, com 72 votos e Wout van Aert completou o pódio com 40 votos. Ainda hoje, sairá a 2ª sondagem, onde vamos eleger o sprinter do ano.

Após os nossos leitores terem dado a sua opinião, este ano decidimos que as 3 pessoas que colaboram neste projeto também irão deixar o seu ponto de vista fundamentado em relação à sua escolha. Depois das previsões realizadas no início do ano por de André Antunes, André Esteves e João Crespo, é hora das conclusões finais.

André Antunes – Remco Evenepoel

O belga realizou a sua melhor temporada de sempre até ao momento. Venceu a sua primeira grande volta, a Vuelta, e ainda se sagrou campeão do Mundo de estrada. Triunfou em clássicas importantes como a Liege-Bastogne-Liege e a San Sebastian e juntou ainda as vitórias em classificações gerais na Volta ao Algarve e Volta a Noruega.

Como se não bastasse, coroou-se pela primeira vez campeão nacional belga de contra-relógio. Aos 22 anos, o corredor belga assumiu e cumpriu os objectivos a que se propôs e isso revela uma maturidade e capacidade de leitura de corrida cada vez mais notável e letal.



André Esteves – Remco Evenepoel

Dos 4 nomes que destacamos, Jonas Vingegaard foi aquele que deixei logo de fora. Apesar de ter ganho o Tour de France, o dinamarquês apenas venceu mais uma prova, uma semi-clássica em França. Nas provas por etapas que fez foi sempre batido, inclusive por Tadej Pogacar. Sobravam 3 nomes e Wout van Aert é um verdadeiro faz tudo, só que a consistência nas grandes provas não lhe tem dado vitórias, esta foi mais uma temporada sem Monumentos … Foi mais uma época de quases, com pódios na Flandres e na Liege-Bastogne-Liege.

Remco Evenepoel foi muito cirúrgico, preparou a época ao milímetro e não falhou nos grandes objetivos que tinha definidos, ao contrário de Tadej Pogacar. O primeiro grande apontamento do ano era a Liege-Bastogne-Liege e o jovem belga não falhou! Para trás, venceu a Volta ao Algarve e foi 4º no País Basco. Iniciou a segunda metade do ano com uma exibição monstruosa na Volta a Noruega, na Volta a Suíça voltaram as dúvidas sobre a sua capacidade a subir mas deu a melhor resposta possível com mais uma vitória épica na Classica San Sebastian. Os dados para a Vuelta estavam lançados e Evenepoel não falhou. Grande Volta preparada ao pormenor e vitória sem espinhas, com duas etapas no bolso!

Se a temporada já era muito boa, a exibição em Wollongong coroou um grande ano, com a camisola do arco-íris a viajar para a Bélgica, onde Evenepoel foi recebido como um herói. Tudo isto aos 22 anos!



João Crespo – Remco Evenepoel

Reconheço que a escolha não é fácil entre Evenepoel, Pogacar e Van Aert. Excluí Van Aert porque, apesar de mais uma temporada excepcional, pecou em alguns momentos decisivos, particularmente em provas de 1 dia saiu sem qualquer Monumento. Já tinha ponderado esta escolha depois da Vuelta e achava que se Evenepoel fosse campeão do Mundo merecia ser escolhido como melhor ciclista do ano.

Ganhou a Vuelta quando poucos esperavam, quase sem falhas ao longo de 3 semanas e inserido numa estrutura que não é propriamente uma toda poderosa nas Grandes Voltas, apesar de se ter dedicado bastante à causa do prodígio belga. Venceu a Liege-Bastogne-Liege e ainda foi campeão do Mundo numa exibição limpinha. É verdade que no Ranking UCI é apenas 3º, com 4402 pontos contra 4525 de Van Aert e 5131 de Pogacar, mas foi o mais eficaz nos grandes objectivos.

O que mais me impressionou é que ganha uma Vuelta com os adversários a saberem que teria debilidades nas etapas de maior desnível e ganha grandes clássicas com os adversários a saberem que teria de atacar de longe porque tem um sprint final bastante débil. Foi aquele que melhor maximizou os seus recursos.

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