Temporada razoável da Ag2r La Mondiale, boas prestações nas clássicas e nas Grandes Voltas, as competições internas e as provas de 1 semana foram o calcanhar de aquiles. Fica a sensação que a Ag2r La Mondiale tem melhorado, mas que ainda falta uma segunda linha sólida e consistente
A equipa francesa finalizou a temporada com 15 vitórias, bem distribuídas entre 9 ciclistas, e os seus 2 grandes líderes estiveram em bom plano se analisarmos o ano todo, mas falharam em alguns momentos decisivos . Romain Bardet teve um excelente 2018 em termos de clássicas, com pódios na Strade Bianche, na Liege-Bastogne-Liege e nos Mundiais. As provas de 1 semana, tirando o Criterium du Dauphine, foram para esquecer e o Tour não passou de razoável, foi 6º e nunca pareceu ter realmente capacidade de discutir a vitória. Já Oliver Naesen nem sequer esteve especialmente bem nas clássicas da Primavera, falhando mesmo o top 10 nos Monumentos. Depois viria a acabar muito bem a temporada, com vitória na Bretagne Classic e top 5 no G.P. Montreal e no Paris-Tours.
Pierre Latour deu um grande salto qualitativo. Foi um dos destaques do Tour ao averbar a classificação da juventude, foi campeão nacional de contra-relógio, ficou em 3º na Volta a Catalunha e ainda fez top 10 no Tour de Romandie e no Criterium du Dauphine. Alexandre Geniez foi o ciclista mais vitorioso da equipa, com uma época muito estranha, até meio de Fevereiro ganhou o Grand Prix la Marsellaise, 1 etapa e a geral do Tour La Provence, fez um Giro abaixo do esperado e depois voltou a festejar na Vuelta. Outro ciclista que progrediu muito foi o alemão Nico Denz, um corredor muito possante que ganhou o Tour de Vendée, impressionou no Giro e nas clássicas por ser combativo e completo.
Tony Gallopin também abriu a época em grande levando a Etoile de Besseges, mas depois eclipsou-se por completo, ninguém esperava nada dele na Vuelta. Só que de repente apareceu muito bem, ganhou 1 etapa e acabou em 11º. Salvou-se a Vuelta. Claramente os 38 anos de Samuel Dumoulin já pesam e o experiente gaulês não festejou este ano, nem nas provas da Taça de França. Mas não foi só Dumoulin, também Clement Venturini e Rudy Barbier baixaram o nível face a 2017, a secção dos sprinters esteve em sub-rendimento. Por fim, Alexis Vuillermoz também não esteve particularmente bem, muito discreto, não teve nenhum grande ponto alto, o francês parece um pouco perdido em relação à grande opção de carreira, e agora nem rende nas clássicas, nem nas provas por etapas.
Em termos de mercado, a Ag2r La Mondiale, não foi um dos “big players”. Somente fez uma ligeira renovação, saindo Jan Bakelants, Cyril Gautier, Matteo Montaguti e Rudy Barbier. Nenhum grande líder, nenhum ciclista no topo da hierarquia e que quiseram mais algumas oportunidades. Entram os jovens Geoffrey Bouchard e Dorian Godon já, o sensacional Jaakko Hanninen em Agosto e a contratação mais sonante é mesmo Larry Warbasse, um trepador de 28 anos que foi apanhado desprevenido com o súbito fecho da Aqua Blue Sport.
O facto da Ag2r La Mondiale ter tido esta atitude no mercado leva a crer que os responsáveis da equipa estão confiantes na subida de nível dos seus jovens, para assim ter ainda mais rendimento, e de uma forma consistente. Há um lote muito grande de ciclistas entre os 23 e os 25 anos que se encaixa bem no que dissemos anteriormente. Quentin Jauregui, Nans Peters, Alexis Gougeard, Benoit Cosnefroy, Clement Venturini, Nico Denz e, principalmente, Pierre Latour, são candidatos a confirmações do ano. Caso estes ciclistas não consigam dar o salto, o mais provável é vermos outra época “somente” razoável da Ag2r.