A equipa australiana fez uma temporada razoável, apesar de não ter sido das melhores, a formação ainda conseguiu alguns resultados interessantes. Um ano atípico, que ficou marcado por alguns casos anormais no ciclismo, como a desistência de toda a equipa do Giro de Itália, e com a suposta mudança de patrocinador principal e de nome, com a entrada da Manuela-Fundacion, que não avançou, passado uma semana de negociações.



Os dados

Vitórias: 16 triunfos, cinco deles em provas do WorldTour

Pódios: 45 pódios, 18 no WorldTour

Dias de competição: 132 dias de competição, corridos, maioritariamente, na Europa. No entanto, a equipa correu várias competições nos outros continentes, especialmente, na Oceânia.

Idade média do plantel:  29, 4 anos, um número inflacionado pelos 40 anos de Michael Albasini.

Mais kms: Esteban Chaves com 9473 km percorridos, em 58 dias de competição.

Melhor vitória: O triunfo de Simon Yates na etapa 5 do Tirreno Adriático, uma tirada decisiva para as contas da classificação geral, que acabou por ganhar.



O mais

Os irmãos Yates não tiveram um calendário tão preenchido, como vem sendo habitual, mas mesmo assim foram as figuras principais da equipa em 2020. Simon Yates esteve bem, no geral, nas provas em que participou, especialmente no Tour da Polónia, acabando em terceiro da geral, e no Tirreno Adriático, onde venceu uma etapa e conquistou a classificação geral. Simon Yates era a aposta da equipa para o Giro de Itália, mas acabou por abandonar a prova cedo demais, após ter testado positivo à Covid-19. Toda a equipa viria a abandonar o Giro, após vários casos positivos de covid no staff da equipa. O seu irmão, Adam Yates, teve apenas 32 dias de competição, mas foi suficiente para conquistar a geral do UAE Tour, somando uma etapa, e terminar no top dez do Tour, andando quatro dias de amarelo. Não foi a melhor época, mas ainda retirou alguns bons resultados.

O esloveno Luka Mezgec nunca foi um sprinter com muitas vitórias, era o principal nome da Mitchelton-Scott para as chegadas rápidas e, apesar de não ter vencido, conquistou 13 top dez ao longo do ano, e quatro pódios. Esteve perto da vitória, por duas ocasiões, no Tour de França. Foi uma das melhores épocas do corredor, em termos de pontos UCI, terminando com 545.

O jovem Kaden Groves venceu duas etapas no Jayco Herald Sun Tour, na Austrália, e realizou alguns sprints interessantes, no UAE Tour e no Tour da Hungria. Damien Howson venceu a geral do Tour da República Checa, conquistando uma etapa, e esteve a bom nível no Herald Sun Tour e no Tour da Hungria. Vimos ainda lampejos de qualidade dos australianos Robert Stannard e de Dion Smith, principalmente nas clássicas italianas e na Vuelta. Smith acabou por conquistar a sua primeira vitória como profissional, na Coppa Sabatini. Destaque também para a vitória de Lucas Hamilton numa das etapas mais duras do Tirreno Adriático.



 

O menos

Alguns nomes estiveram aquém do expectável, como o italiano Edoardo Affini, que teve como melhores resultados, um quinto lugar no campeonato europeu de contrarrelógio e um terceiro lugar no campeonato nacional de itália. De resto, pouco ou nada se viu. Jack Haig teve um início de época a todo o gás, estando perto de vencer a Volta à Comunidade Valenciana e a Vuelta a Andalucia, onde venceu uma etapa. Depois do período de confinamento, já não apareceu ao mesmo nível. Ainda assim, fechou no top dez do Tirreno.

Foi uma temporada em que se viu pouco do sul-africano Daryl Impey. Começou bem o ano, como é seu apanágio, nos campeonatos nacionais do seu país, e no Santos Tour Down Under. Fechou no pódio da Cadel Evans Great Ocean Road Race e numa etapa do Critérium du Dauphiné, mas para o que estamos habituados a ver, soube a pouco.

 

O mercado

Saídas já confirmadas de Adam Yates (Team Ineos), Daryl Impey (Israel Start-Up Nation), Jack Haig (Bahrain-Victorious) e de Edoardo Affini (Team Jumbo-Visma). O suiço Michael Albasini irá retirar-se no final da época, aos 40 anos, depois de 18 temporadas a competir.

Quanto a entradas, o destaque vai para Michael Matthews, regressa a casa, que será uma mais valia para os sprints e para as clássicas. O norueguês Amund Grondahl Jansen, ciclista vindo da Jumbo-Visma, assinou por dois anos, e será um corredor para tentar lutar pelas clássicas da primavera, e ajudar os colegas a atingirem os objetivos, principalmente nos sprints. O estónio Tanel Kangert vai reforçar a equipa, um corredor muito experiente, e que pode ajudar Simon Yates na montanha. Por fim, a adição do jovem italiano Kevin Colleoni, vindo da equipa continental Biesse Arvedi, que acabou no terceiro lugar da geral no Baby Giro. Um corredor que sobe bem, e capaz de se intrometer entre os primeiros nas clássicas acidentadas.



O que esperar de 2021?

Saíram nomes de peso, com Adam Yates a ser, provavelmente, a maior perda. A equipa perdeu poderio para a discussão das classificações gerais e para alta montanha, mas melhorou nos sprints. Será a primeira temporada em que os gémeos Yates irão competir em equipas diferentes, desde que chegaram ao WorldTour em 2014.

O conjunto australiano terá como principais cartas, para 2021, o britânico Simon Yates para lutar pelas classificações gerais nas provas de três semanas, e o australiano Michael Matthews para a discussão dos pontos e dos sprints. É um sprinter que passa dificuldades, que poucos homens rápidos passam, e que pode oferecer vitórias em diversas circunstâncias.

Esteban Chaves, Mikel Nieve e Tanel Kangert serão apostas para discutir algumas provas por etapas, e para ajudar Yates. Pode ser o ano de afirmação de Lucas Hamilton, ele que tem vindo a conquistar o seu espaço na equipa, e já foi confirmado que será uma aposta para discutir algumas provas por etapas no futuro. Luka Mezgec poderá perder espaço, mas continuará a ser uma peça importante para os sprints, tal como Dion Smith, nas chegadas mais seletivas. Será interessante observar o desenvolvimento dos jovens, Kevin Colleoni, Kaden Groves, Barnabás Peák e de Robert Stannard.

O ano de 2021, segundo o diretor desportivo Matthew White, poderá marcar a estreia da equipa australiana na Volta ao Algarve. A equipa vai estagiar em Espanha, no início do ano, e com o cancelamento do Santos Tour Down Under, as provas europeias serão as primeiras do calendário.

 

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