A temporada não correu de feição à formação francesa da AG2R La Mondiale. No panorama interno voltou a ser superada pela Groupama-FDJ, num ano em que o seu grande líder Romain Bardet não esteve à altura das expectativas.

 

Os dados

Vitórias: 14 vitórias, somente duas delas conseguidas no World Tour.

Pódios: 50 pódios, com Agosto a ser o mês mais produtivo com um total de 11.

Dias de competição da equipa: 273 dias de competição, um longo calendário muito devido ao extenso calendário francês.



Idade média do plantel: 28,6 anos, um plantel muito experiente.

Mais kms: Tony Gallopin com 14 266 quilómetros em 88 dias de competição.

Melhor vitória: Triunfo de Oliver Naesen na última etapa do BinckBank Tour, derrotando Greg van Avermaet e Laurens de Plus na mítica chegada ao Muur de Geraardsbergen.

 

O mais

Indubitavelmente, Oliver Naesen foi o grande destaque da equipa francesa. O belga está cada vez mais consistente, não só nas clássicas do empedrado mas também nas provas de final de temporada. Para além de cada vez melhor nas subidas, não só nas curtas mas também na montanha mais séria, o seu sprint está cada vez mais temível.

Na primeira metade da época foi 2º na Milano-SanRemo, 3º na Gent-Wevelgem, 7º no Tour de Flandres, 8º na E3 BinckBank Classic e no final do ano foi 2º na Binche-Chimay-Binche, 3º no Paris-Tours, 8º na RideLondon e 10º na Clássica de Hamburgo. Pelo meio, foi 13º no duro Paris-Nice, somou 4 top-10 no Tour e foi 2º no BinckBank Tour onde venceu uma etapa.



No panorama interno, Benoit Cosnefroy começou a destacar-se como uma grande figura, ficando perto de vencer a Taça de França e somando algumas vitórias pelo meio. O ex-campeão do mundo sub-23, um puncheur muito forte, ganhou o Paris-Camembert, o GP Plumelec, a La Poly Normande, a geral do Tour du Limousin, onde venceu uma etapa e, no final de época, foi 7º na Clássica de Plouay, 10º no GP Quebec e 4º no Tour de Vendeé.

Por fim, destacar Nans Peters, vencedor de etapa no Giro, e, apesar de já ter feito temporadas mais positivas, Tony Gallopin, pelo que fez nas provas gaulesas.

 

O menos

Romain Bardet até nem começou mal a temporada, como sempre  faz, nas provas francesas de uma semana e clássicas, mas depois do Paris-Nice, onde foi 5º, a sua época começou a desmoronar-se. Razoável nas clássicas das Ardenas, seguiram-se fracas prestações no Dauphine e um 2º lugar no Mount Ventoux Challenge, onde perdeu para Jesus Herrada.

O Tour confirmou tudo isso. Um Bardet sem explosão e capacidade para acompanhar os melhores nas subidas. Ganhou a camisola da montanha mesmo sem vencer uma única contagem de montanha, muito pouco! Uma temporada fraca, que terminou a 28 de julho … Mudanças virão em 2020.



2019 foi para esquecer para Pierre Latour. Uma época marcada por uma grave lesão onde só começou a render no início de Agosto. Apareceu na Volta a Polónia e nas clássicas de final de ano em Itália mas é muito pouco para o trepador gaulês.

O combativo Silvan Dillier mal se viu durante a temporada. Mostrou-se em algumas fugas mas os resultados não apareceram. Depois de um grande ano de 2018, 2019 foi o completo oposto, onde somou apenas um top-10.

 

O mercado

A AG2R La Mondiale é uma equipa que não se costuma mexer muito no mercado de transferências e 2019 não é excepção. Samuel Dumoulin e Hubert Dupont vão retirar-se, Nico Denz muda-se para a Team Sunweb e Gediminas Bagdonas ainda não tem destino definido.

Para equilibrar as contas e, se saem 4 ciclistas, entram também 4. Andrea Vendrame pode vir a ser um reforço interessante, um puncheur italiano, com uma boa ponta final, ainda com alguma margem de progressão que teve na Androni várias temporadas de alto nível, tendo-se destacado, também, em provas francesas. Lawrence Naesen vai reencontrar-se com o seu irmão Oliver, sendo mais um apoio para as clássicas, ele que também se desenrasca no sprint.



Harry Tanfield é o caso raro de um britânico na equipa francesa, foi o último ciclista a ser anunciado e chegada da Katusha-Alpecin. Jovem ainda, é um especialista de contra-relógio, algo que a formação francesa não costuma ter. Por fim, Clément Champoussin sobe da equipa sub-23, trepador por natureza, com apenas 21 anos, e que este ano ganhou o Giro della Regione, foi 2º na Piccolo Lombardia, 3º na Ronde de l’Isard e na Corrida da Paz e 4º no Tour de l’Avenir.

 

O que esperar em 2020?

Romain Bardet vai mudar o seu calendário. Começará no Tour Down Under para se focar, pela primeira vez na carreira, no Giro d’Itália, depois de fazer grande parte das corridas italianas. Irá, de seguida, focar-se nos Jogos Olímpicos. Uma mudança que pode fazer bem ao francês de 29 anos. A responsabilidade no Tour de France irá recair sobre Pierre Latour que precisa de voltar ao seu nível. A espaços, isso aconteceu, em 2019. Regressa à Grande Boucle, onde já venceu a juventude.



Nas clássicas, Oliver Naesen deverá ser igual a si próprio, sempre muito regular, entre os primeiros, como nos tem habituado. Uma grande vitória numa clássica é possível, ele que estará rodeado de um bloco forte e está cada vez mais forte no seu sprint. Clement Venturini será o principal homem rápido. Acreditamos que Benoit Cosnefroy continuará a sua evolução incrível, tornando-se, ainda mais, uma figura importante dentro da equipa.

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