Com o apoio do Intermarché, a Wanty cumpriu em 2021 a sua primeira temporada no World Tour, e com resultados que até superaram as expectativas face ao plantel relativamente limitado que tinha. Uma equipa bem organizada e com objectivos bem definidos que ganhou no Giro e na Vuelta, surpreendendo muita gente. A primeira vitória demorou a surgir, mas claramente aliviou a pressão sobre o colectivo.

Os dados

Vitórias: 9 triunfos, 2 em Grandes Voltas 3 ao todo no World Tour

Pódios: 34 pódios, a larga maioria deles no circuito Continental europeu.

Dias de competição da equipa: Uma equipa que compete muito, como demonstram os 248 dias de competição.

Idade média do plantel: Uma média relativamente elevada, na ordem dos 28,3 anos

Mais kms: O maratonista da equipa foi Danny van Poppel, essencial para a Wanty, com mais de 13 500 kms

Melhor vitória: Pelo palco (o Giro), pela forma como foi obtida (uma longa fuga e a segurar um pelotão sedento) e pelo significado (1ª vitória do ano em Maio), elegemos a de Taco van der Hoorn.

O mais

2021 foi o ano em que Taco van der Hoorn se tornou um ciclista de culto, um sofredor nato cuja passagem pela Jumbo-Visma não correu de feição e que encontrou na Wanty um espaço onde pode colocar à vista de todos a sua combatividade. Foi também o ano em que foi mais impactante, ganhou no Giro numa fuga logo nos primeiros dias, no Benelux Tour num grupo reduzido também em fuga e em mais uma escapada numa clássica belga. A partir de agora já terá outra liberdade, para menos, porque se tornou visível a sua capacidade no terreno plano.

Danny van Poppel teve uma grande época, a melhor da carreira até agora, que o levou a regressar a uma equipa de topo. Atenção, só ganhou por 2 vezes, mas somou um total de 12 pódios, ganhou uma consistência não antes demonstrada e foi quase sempre uma ameaça aos primeiros lugares mesmo em provas do World Tour. Lorenzo Rota foi uma das surpresas de final de ano, começando por assinar um incrível 4º lugar na Clássica San Sebastian, a partir daí fez 12º na Volta a Polónia e 5 top 10 em clássicas italianas, ganhando também outro estatuto interno.

Há mais alguns nomes que temos de referir, Odd Christian Eiking voltou depois de um ano muito fraco e foi uma das figuras da Vuelta, andou com a camisola de líder e foi 11º no final. Rein Taaramae apareceu quase do nada para relembrar velhos tempos e ganhar logo no início da Vuelta, não fez uma boa época, mas fica uma vitória marcante. Nota ainda para o regresso aos bons momentos de Baptiste Planckaert e para a afirmação de Georg Zimmermann.



O menos

Nesta categoria há uma mão cheia de nomes que salta à vista por razões diferentes. Num calendário tão alargado quase só Danny van Poppel era considerado um grande líder nos sprints, Riccardo Minali passou completamente ao lado de uma excelente oportunidade na carreira e o melhor resultado que conseguiu foi um 5º posto numa clássica belga.

A equipa belga contava com alguns corredores com muitos pergaminhos no passado, mas nem sempre a experiência é um posto. Não vimos o habitual Jan Hirt na 3ª semana das Grandes Voltas nem o combativo Jan Bakelants, que já ganhou etapas no Tour. Aimé de Gendt já tinha alguma responsabilidade interna e não logrou estar ao nível de 2019 e 2020, completamente desaparecido no início da época, fez 2 boas clássicas em Agosto e depois voltou a eclipsar-se. Por fim, Loic Vliegen teve a sua pior época talvez dos últimos 5 anos, só esteve dentro no top 10 por 1 ocasião, para alguém que já ganhou o Tour de Wallonie, que já fez top 10 em clássicas do World Tour, foi um autêntico descalabro, também pensando que até teve chances em corridas do seu jeito.

O mercado

Este é um projecto que não tem um poderio financeiro assim tão grande e que perdeu a sua grande figura, Danny van Poppel. Para o seu lugar entra um peso pesado, já vencedor de Monumentos, o norueguês Alexander Kristoff, acompanhado por um conjunto de bons especialistas em clássicas, nomeadamente Dimitri Claeys, Adrien Petit e Sven Erik Bystrom.

Dos corredores que estiveram em destaque este ano só saíram Poppel e Eiking, e mesmo Eiking obtinha bons resultados, mas era muito intermitente no seu rendimento. As outras saídas foram de corredores sem um peso enorme na estrutura. Uma grande aposta para 2022 é Gerben Thijssen, que se espera, faça o papel de Riccardo Minali, só que com melhores resultados. As restantes entradas são de jovens polivalentes, que procuram espaço para crescer.



O que esperar de 2022?

Será uma equipa muito dependente do que Alexander Kristoff e o seu bloco para os sprints/clássicas façam, é essa a grande aposta para 2022 na construção do plantel, sendo que as alternativas para os sprints são agora Andrea Pasqualon para as corridas de média montanha e Gerben Thijssen para sprints mais puros. O jovem belga deslumbrou na Vuelta em 2020 e mostrou todo o seu potencial, a Wanty pode ter acertado em cheio nesta contratação.

Vai continuar a ser uma equipa muito combativa, mas como já dissemos, Taco van der Hoorn já não vai ter o efeito surpresa com ele e Louis Meintjes mostrou na Vuelta ser ainda capaz de fazer um top 10 numa Grande Volta, não tivesse abandonado já perto do final. Não cremos que Lorenzo Rota consiga mais do que já fez e há potencial para surgir um grande líder no corpo do promissor e apaixonante Biniyam Ghirmay, um puncheur muito explosivo que já conseguiu 2 pódios este ano em clássicas de média montanha. Se mantiveram a organização deste ano podem obter uma posição aproximada em relação a 2021, mas com este plantel será muito complicado fazer melhor.

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