Dia de falarmos de uma das melhores ProTeams da temporada, a formação da Arkéa-Samsic, que tem sido ao longo dos anos das que melhor se bate contra as equipas do WorldTour. O próximo ano marcará a subida da equipa francesa ao principal escalão do ciclismo.
Os dados
Vitórias: 12 triunfos, mas apenas um dele a ser em provas WT.
Pódios: 64, sendo que oito foram em provas WorldTour.
Dias de competição da equipa: 256 dias, um calendário bastante preenchido para amealhar pontos UCI.
Idade média do plantel: 28,6 anos, com muitos elementos acima dos 30 anos. Laurent Pichon é o ciclista mais velho com 36 anos.
Mais kms: 13297 km percorridos por Hugo Hofstetter.
Melhor vitória: Triunfo de Warren Barguil na etapa 5 do Tirreno Adriático.
O mais
Vou apontar a quatro nomes: Hugo Hofstetter, Warren Barguil, Amaury Capiot e Kévin Vauquelin. O primeiro foi quem conquistou mais pontos para a sua equipa. Teve uma sequência de resultados muito positiva entre fevereiro e março, com vários pódios. Fez muitos top dez ao longo da temporada, incluindo no Tour, e conquistou a clássica Tro-Bro León. Barguil gosta das clássicas acidentadas, obteve bons resultados tanto em Espanha, como nas clássicas belgas, francesas e mesmo nas provas do Canadá. Venceu uma tirada importante no Tirreno Adriático e o Gran Premio Miguel Indurain. É um bom sofredor, pode estar no limite mas chega-se à frente para ir buscar aquele lugarzinho no top dez.
Amaury Capiot é aquele nome que raramente falha à equipa. Este ano foi um ano de consistência da sua parte, com vários top dez. Nas clássicas que são mais talhadas para homens rápidos, mas onde os puros sprinters não passam bem, é onde Capiot pode brilhar mais. Obteve um triunfo logo no início do ano no Gran Prix Cycliste de Marseille e outro mais à frente, na etapa 3 da Boucles de la Mayenne. Um nome que está a começar a aparecer é o de Kévin Vauquelin. Mostrou-se muito bem este ano, com vários lampejos de qualidade. Sobe bem, com dias com pouco acumulado e a culminar com uma subida no final, mostrou isso mesmo no Tour de Omã e na Arctic Race of Norway. Sprinta bem também, chegou a ficar mesmo à frente de Mark Cavendish, do seu companheiro Hofstetter e de Olav Kooij no Circuit de Sarthe. Mas também anda muito bem no contrarrelógio. Foi sétimo classificado na prova de esforço individual do Campeonato da Europa, onde Stefan Bissegger se sagrou campeão europeu. Nos contrarrelógios do Tour Poitou e do Skoda Tour Luxembourg, o ciclista francês terminaria em segundo lugar, atrás de Stefan Kung e de Mattias Skjelmose, respetivamente. Tem apenas 21 anos, mas promete muito. É um ciclista muito versátil que se pode tornar num caso sério.
O menos
Não faz sentido mencionar Nairo Quintana, visto que estava a fazer uma temporada boa, mas depois houve a polémica no Tour de França, onde acabaria por ser desclassificado por uso de tramadol e acabou aí a sua época.
Connor Swift é um nome de quem se espera boas exibições, sobretudo nas clássicas, mas este ano pouco vimos do britânico. Já Élie Gesbert, rei do Malhão em 2021, não mostrou as suas qualidades de bom trepador. Esperava-se mais do francês, mas parece difícil manter a sua consistência nos resultados.
O mercado
Futuro incerto para Nairo Quintana, Miguel Eduardo Flórez e para Markus Pajur. Dayer Quintana irá rumar a casa, juntamente com Winner Anacona, para a Colombia Pacto por el Deporte, Romain Hardy sai para a UC Briochine-Bleu Mercure, Christophe Noppe ruma à Cofidis, enquanto que Connor Swift junta-se à Ineos Grenadiers.
Contratações muito interessantes. Clément Champoussin salta da AG2R Citroen Team para a Arkéa. Um francês que sobe bem, mas a sua especialidade são as clássicas mais acidentadas e a média montanha. Tem apenas uma vitória como profissional, conquistada em 2021, na Vuelta. Terá muita margem para progredir na equipa.
David Dekker chega da Jumbo-Visma. Teve uma temporada muito fraca, depois de ter tido alguns resultados interessantes em 2021, onde até venceu a classificação por pontos no UAE Tour, tendo ficado à frente de vários sprinters de renome. Tem 24 anos, tem aqui uma boa oportunidade de ser uma das principais figuras nos sprints.
Chegada de Cristián Rodríguez para reforçar a montanha. Ficou em segundo lugar da geral na Vuelta a Andalucia, perdendo apenas para Wout Poels, e venceu a classificação da montanha na Volta ao País Basco. É um corredor que pode fazer vários top dez em etapas mais duras.
Jenthe Bermans chega, vindo da Israel-Premier Tech, para ajudar no bloco das clássicas. Fez alguns top dez em clássicas na segunda metade do ano.
Juntam-se ainda, vindos da equipa de clube Côtes dÁrmor-Marie Morin-U, os franceses Mathis Le Berre e Ewen Costiou. O primeiro venceu a geral do Tour da Normandia (prova 2.2) e alcançou um segundo lugar no Paris-Tours de Esperanças, no final do ano. Já Costiou, venceu uma etapa no Le Tour de Bretagne (2.2), esteve perto de ganhar o Tour du Pays de Montbéliard (2.2) e ficou em segundo lugar na prova de estrada, na categoria de juniores, dos Jogos do Mediterrâneo.
O que esperar em 2023?
As provas francesas irão continuar a ser o forte desta equipa e onde irão atacar mais para mostrar os patrocinadores. Perdem peças importantes como Nairo Quintana e Connor Swift, mas contrataram alguns nomes capazes de dar resultados.
O capitão desta equipa para 2023 terá de ser Warren Barguil. Ciclista já bem conhecido pela sua valentia e conquista de resultados, para além de ser francês e de conhecer bem os cantos à casa.
Para a discussão de classificações gerais, a equipa perdeu a principal figura. Continuará a ter nomes que sobem bem como: Gesbert, Rodríguez, Edet. Mas não são nomes consistentes, no entanto, podem conseguir um bom resultado numa etapa de montanha e com isso entrar nas contas de uma geral.
Para o sprint, esperemos para ver, se Nacer Bouhanni voltará ao que era antes. Em 2022, o francês teve um acidente com um pedestre, durante a segunda etapa da Volta à Turquia e não voltou a competir desde então. Hugo Hofstetter é outra das caras desta equipa e garantia de bons resultados nos sprints. Daniel Mclay e David Dekker podem dar cartas quando tiverem oportunidades.
Nas clássicas do norte podem aparecer vários nomes, mas Amaury Capiot é aquele que sobressai, para além do óbvio Hugo Hofstetter. Para as clássicas acidentadas e média montanha a equipa terá Warren Barguil, Clément Champoussin e Kévin Vauquelin como figuras principais.
Estamos entusiasmados para ver o desenvolvimento de Vauquelin e como será o seu ano de 2023.
Por: André Antunes