A equipa belga entrou em 2022 com a corda ao pescoço, a luta pela manutenção no World Tour era uma realidade mais que evidente e nem uma temporada muito positiva salvou a Lotto Soudal da descida de divisão. Nem tudo são más notícias, apareceu uma nova super estrela do ciclismo belga e, em 2023, a equipa terá acesso a todas as provas do World Tour.



 

Os dados

Vitórias: 25 triunfos, a melhor temporada desde 2018, sendo que só Arnaud de Lie deu 9 vitórias.

Pódios: 52 pódios, ou seja, conseguiu vencer praticamente metade das vezes em que terminou nos 3 primeiros, um registo bastante bom.

Dias de competição da equipa: Com a luta pela manutenção no pensamento, a equipa belga fez um calendário alargado, com 278 dias de competição.

Idade média do plantel: 28,1 anos, uma média “estragada” pelos 40 anos de Philippe Gilbert pois também existe muita juventude.

Mais kms: Thomas de Gendt quase chegou aos 100 dias de competição e ultrapassou os 15 000 kms.

Melhor vitória: A fuga épica de Thomas de Gendt na etapa 8 do Giro, a fazer lembrar os seus velhos tempos, numa jornada muito atacada.

 

O mais

Quem mais senão o inevitável Arnaud de Lie? Aos 20 anos, o jovem belga carregou a Lotto Soudal às costas e não foi por sua causa que a equipa desceu de divisão. Fez um calendário à base de clássicas, na tentativa de maximizar o número de pontos e somou 9 triunfos, para além de outros 19 top-10. Mais que um sprinter, De Lie pode ser um caso sério em 2023. Continuando a sua transformação para classicómano, Victor Campenaerts obteve alguns resultados interessantes (4º na Dwars door Vlaanderen e 5º na Omloop), é um corredor atacando e por isso nem sempre os resultados correspondem.




Na última época da carreira, Philippe Gilbert não esteve nada mal. Com 40 anos, conseguiu vencer os 4 Dias de Dunquerque e finalizar algumas clássicas no top-10. Andreas Kron apareceu em alguns momentos da temporada, mostrando ser um excelente puncheur, a pressão dos pontos também não ajudou para arriscar tanto. Jasper de Buyst era, essencialmente, lançador mas quando tinha as suas oportunidades lá estava o nome do belga no top-10, onde apareceu por 9 ocasiões.

 

O menos

Tim Wellens voltou a ser … Tim Wellens. O belga aparece a todo o gás no primeiro mês da temporada, consegue vários triunfos, mas depois desaparece em combate. Do início de março até ao final do ano foram mais 6 top-10, num misto de fraca forma e azares com lesões. Quando a equipa mais precisava, não esteve no seu melhor.

É certo que Caleb Ewan conseguiu 7 vitórias (só uma foi no WT), não é um mau pecúlio, só que o Pocket Rocket tinha como objetivo vencer no Giro e no Tour e acabou de mãos a abanar. Com um calendário muito peculiar e sem se focar nos pontos, não é só culpa sua mas também dos responsáveis da equipa, a temporada do pequeno australiano acabou por deixar a desejar.

Após o pódio no Paris-Roubaix, esperava-se mais de Florian Vermeersch, até venceu, no entanto esteve bastante apagado, talvez ainda acusando a sua tenra idade. Os trepadores Harm Vanhoucke e Steff Cras não são super homens da montanha mas temos noção que têm qualidade para apresentar mais e melhor.

 

O mercado

Ano de muitas mexidas na formação belga, com 12 saídas e 9 entradas, o plantel sofreu uma enorme revolução. Algumas primeiras linhas saíram, no entanto as contratações são figuras de segundo plano. Tim Wellens, Philippe Gilbert, Roger Kluge, Reinardt van Rensburg, Harm Vanhoucke e Steff Cras são os principais nomes que abandonam o projeto.



Olhando para as contratações, Jacopo Guarnieri deixa o comboio de Arnaud Demare para reforçar o comboio de Caleb Ewan, pode ser um ciclista muito importante. Só da Bingoal WB chegam 3 nomes, o sprinter Milan Menten e os puncheurs Arjen Livyns e Mathijs Paasschens, e da equipa de desenvolvimento chegam Lennard van Eetvelt e Liam Slock. Pascal Eenkhorn pode ser um nome importante para as clássicas e para o apoio aos líderes nas provas por etapas. O bloco de montanha é reforçado com o experiente Eduardo Sepulveda e com o jovem Johannes Adamietz.

 

O que esperar em 2023?

A descida de divisão não se vai fazer notar muito em 2023, o facto de ter sido a melhor ProTeam do ranking irá colocar a Lotto-Dstny com convites automáticos para todas as provas World Tour. Inicia-se um novo triénio e é importante começar a pontuar, pois se guardarem tudo para a última pode voltar a não correr bem. O mercado de transferências voltou a não ser famoso, saíram ciclistas importantes e não entram reforços de peso.



Arnaud de Lie voltará a ser peça fundamental nas clássicas e nos sprints deverá começar a ser lançado contra os grandes tubarões, onde Caleb Ewan continuará a ser o número um da equipa, num comboio que conta com Guarnieri, De Buyst, Schwarzmann e Selig. Victor Campenaerts focou-se nas clássicas e provas de uma semana com algumas dificuldades e, com alguma sorte, pode conseguir bons resultados. Florian Veermersch também será peça importante nesta fase da temporada.

Para as provas por etapas o cenário é outro, as figuras principais não são de grande nível, não se pode exigir grandes resultados a Sepulveda, Van Gils e Moniquet. Classificações entre os 10 primeiros já será interessante. Andreas Kron tem que ser mais regular, o dinamarquês é um enorme talento mas aparece apenas a espaços, se tiver um 2023 regular será um perigo à solta.

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