LOUDENVIELLE, FRANCE - SEPTEMBER 05: Arrival / Nans Peters of France and Team Ag2R La Mondiale / Celebration / during the 107th Tour de France 2020, Stage 8 a 141km stage from Cazères-Sur-Garonne to Loudenvielle / #TDF2020 / @LeTour / on September 05, 2020 in Loudenvielle, France. (Photo by Stephane Mahe - Pool/Getty Images)

A AG2R La Mondiale foi mais uma equipa a sentir falta do seu calendário caseiro. Sem as provas francesas, as vitórias foram ainda menos e, numa formação que já não costuma vencer muito, notou-se ainda mais. Viu-se o despontar de uma nova figura do ciclismo gaulês e o desiludir de outra.



 

Os dados

Vitórias: 5 triunfos, todos eles em solo francês e um deles no World Tour

Pódios: 16 pódios, somente 3 no World Tour

Dias de competição: 174 dias de competição, um calendário longo para a curta temporada que existiu

Idade média do plantel: 28,4 anos, muito devido aos 13 “trintões” que teve nas suas fileiras

Mais kms: Nans Peters com um total de 10 419 kms

Melhor vitória: o triunfo de Nans Peters, em solitário, na etapa 8 da Volta a França, numa jogada de mestre fantástica

 

O mais

2020 será recordado por com boas memórias por parte de Benoit Cosnefroy. O gaulês sempre foi um nome a destacar na sua equipa mas este ano deu um enorme salto qualitativo. Venceu o GP La Marseillaise, a Etoile de Besseges, uma etapa na Route d’Occitanie e foi 2º na Fleche Wallone e no Paris-Tours, sempre contra nomes importantes do panorama internacional. Puncheur incrível, deu-se, ainda mais a conhecer, no Tour, quando lutou com tudo o que tinha pela montanha.



Andrea Vendrame foi um reforço no verdadeiro significado da palavra. O italiano é um clássico corredor transalpino, passa bem as dificuldades e sprinta bem, 14 top-10, incluindo 4 no Giro d’Italia. Clement Venturini também marcou posição em relação aos sprints, não venceu, é certo, mas a sua regularidade valeu-lhe 15 top-10. Aurelien Paret-Peintre e Clement Champoussin começaram a aparecer entre os elites, com resultados interessantes. Nans Peters é um homem de grandes triunfos, e ao vencer no Tour, merece o destaque.

 

O menos

Romain Bardet e Oliver Naesen eram as figuras de proa da equipa francesa e tiveram temporadas fracas. Bardet até conseguiu ser 6º no Dauphine e 2º no Tour des Alpes Maritimes mas é bastante pouco para aquilo que já apresentou noutras temporadas. Já Naesen esteve ainda mais discreto. É certo que somou alguns top-10 aqui e ali, mas nas clássicas, a sua principal arma, teve como melhores resultados o 7º lugar (Tour de Flandres e Kuurne-Brussels-Kuurne).

Tony Gallopin, Mathias Frank, Alexis Gougeard, Alexis Vuillermoz e Silvan Dillier passaram muito ao lado desta temporada, com resultados dececionantes, talvez ressentindo-se com a falta de provas do calendário europeu.



 

O mercado

Normalmente, a AG2R La Mondiale costuma ser uma equipa com poucas movimentações no mercado no entanto, a chegada da Citroen, como novo patrocinador principal, veio dar outro poder financeiro. De saída estão 10 ciclistas, muitos deles em fim de ciclo.

Romain Bardet já não rendia há algum tempo e vê a sua estadia chegar ao fim. Alexis Vuillermoz, Alexandre Geniez e Pierre Latour apareciam a espaços mas era, também, muito curto. Os gauleses Quentin Jauregui, Axel Domont e Clement Chevrier são os restantes ciclistas da casa que saem, num claro virar de página. Harry Tanfield, Stijn Vandenbergh e Silvan Dillier são as restantes saídas.



Greg van Avermaet é a grande contratação, apesar dos seus 35 anos é, ainda, um corredor muito fiável nas clássicas e nas provas por etapas com alguma dificuldade. Bob Jungels é o outro nome forte, um ciclista muito completo, capaz de preencher várias lacunas, desde montanha, clássicas e contra-relógio. Com tantos ciclistas franceses de saída, entram Lilian Calmejane (um pequeno tiro no escuro, veremos qual a sua versão), os sprinters Marc Sarreau e Damien Touzé e os neo-pros Anthony Julien e Nicolas Prodhomme, puncheur e trepador, respetivamente. Para o bloco de clássicas, chegam Michael Schar, Gijs van Hoecke e Stan Dewulf, com Ben O’Conor a reforçar o bloco de montanha.

 

O que esperar de 2021?

A pressão é muita para a nova temporada. O forte investimento terá que trazer retorno e acreditamos que esse cenário vai acontecer. Greg van Avermaet e Oliver Naesen são grandes amigos e, agora, na mesma equipa, podem fazer uma dupla temível. A superioridade numérica poderá ser uma arma a favor, eles que têm um bom conjunto de gregários para o seu apoio.

Benoit Cosnefroy já ganhou outro estatuto na equipa e fará mais que o calendário francês, cuidado com ele para as clássicas das Ardenas e provas por etapas com alguma dificuldade. Veremos qual será o destino de Bob Jungels, se se vai focar nas clássicas ou nas classificações gerais. Em nossa opinião seria um erro o luxemburguês tentar focar nas gerais das Grandes Voltas, tem imensa qualidade para as clássicas, quer empedrado, quer asfalto, bem como para as provas por etapas que tenham um contra-relógio pelo meio. Andrea Vendrame será uma peça importante neste xadrez, poderá liderar em algumas provas e trabalhar para os nomes já referidos, é muito fiável.



Sem grandes trepadores, Ben O’Connor pode continuar a evoluir e se apresentar o nível do recente Giro conseguirá resultados interessantes. Clement Champoussin e Aurelien Paret-Peintre vão continuar a crescer e esperamos temporadas muito positivas. Um calendário francês completo será importante para os sprinters Clement Venturini, Marc Sarreau e Damien Touze conseguirem vitórias.

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