Os comandados de Jean-Rene Bernardeau tiveram uma temporada muito positiva, o que lhes valeu um dos primeiros lugares no ranking ProTeam e, consequentemente, acesso a todos os convites das provas World Tour em 2023. A contratação de Peter Sagan não resultou na perfeição, mas a exigência, mediatismo e, principalmente, o novo material trazido pelo eslovaco, trouxeram uma melhoria de resultados.
Os dados
Vitórias: 15 triunfos ao todo, 4 deles conseguidos no World Tour, um número bastante positivo.
Pódios: 50 pódios, uma assertividade brutal e que mostra que a equipa maximizava todas as oportunidades para somar muitos pontos para o ranking World Tour.
Dias de competição da equipa: 209 dias, um número não muito elevado e à base do calendário francês e do centro da Europa.
Idade média do plantel: 30,4 anos, uma estrutura bastante envelhecida com 6 ciclistas acima dos 35 anos.
Mais kms: O classicómano Anthony Turgis foi o maratonista do ano, com mais de 12 000 kms.
Melhor vitória: Qualquer um dos triunfos no World Tour poderia ser alvo de destaque mas, pela espetacularidade e pela astúcia, a vitória de Mathieu Burgardeau no Dauphiné, com um ataque na parte final que conseguiu enganar as equipas dos sprinters.
O mais
Dries van Gestel assumiu-se como o grande homem das clássicas da TotalEnergies em 2022. O belga sempre primou pela regularidade, mas este ano decidiu subir o nível. Venceu a Ronde van Drenthe no entanto o que se destaca são os impressionantes 12 top-10 em clássicas, incluindo 3º na Gent-Wevelgem e 6º na Kuurne-Brussels-Kuurne. No calendário caseiro, Julien Simon mostrou que velhos são os trapos e, aos 37 anos somou 3 vitórias e venceu a Taça de França, fruto da sua regularidade tremenda.
Pierre Latour continua igual a si próprio, a sua combatividade é tremenda e, por vezes, é recompensado com bons resultados. Foi um ano sem triunfos mas com vários top-10 em gerais. Alexis Vuillermoz foi importante no início da temporada e, esta época, serviu para o aparecimento/confirmação dos jovens talentos Mathieu Burgardeau, Sandy Dujardin e Valentin Ferron. Anthony Turgis apareceu a espaços, foi 2º na Milano-Sanremo e vice-campeão nacional de estrada, é um ciclista de grandes momentos mas pede-se sempre mais.
O menos
A mudança de equipa não foi perfeita para Peter Sagan. O eslovaco continua a saber colocar-se como poucos e isso vale sempre muito nos sprints e a vitória na Suíça vem muito daí. No entanto nas clássicas já não rendeu ao mesmo nível e na luta pela camisola verde já esteve muito distante de ser um sério candidato. É certo que teve um ano marcado por lesões e COVID-19 mas esperava-se mais.
Niccolo Bonifazio é um sprinter muito irregular, todos temos noção disso, só que este ano levou isso ao extremo com apenas uma vitória e outros 5 top-10. Não correu muito e, tudo somado, leva à sua saída da equipa. Ainda mais desaparecido em combate esteve Chris Lawless, pode-se mesmo dizer que o britânico esteve longe do seu nível na estadia na formação francesa, o Lawless da INEOS Grenadiers apresentou muito mas muito mais. Por fim, enquanto teve liberdade Cristian Rodriguez esteve a um bom nível, mas quando se soube que iria sair da equipa os responsáveis “cortaram-lhe” as pernas e pouco pôde correr.
O mercado
Ano de poucas mexidas, com quase todas as saídas a terem a justificação do pouco rendimento desportivo que protagonizaram nas últimas épocas. Niki Terpstra, Alexandre Geniez e Juraj Sagan penduram a bicicleta, Chris Lawless regressa à Grã-Bretanha, Cristian Rodriguez vai procurar mais oportunidades de liderança, com Niccolo Bonifazio a ser a última saída confirmada.
A TotalEnergies é mais uma equipa que se fortalece todos os anos com a sua equipa de desenvolvimento e este ano não foi exceção, com as promoções de Thomas Bonnett, Mattéo Vercher e Emilien Jeannière, três ciclistas com resultados bastante interessantes no calendário francês. Uma das revelações da temporada, Jason Tesson terá a oportunidade da carreira, um sprinter que se bateu com os melhores este ano. Por fim, o bloco de montanha foi reforçado com Steff Cras.
O que esperar em 2023?
Como já referimos, a TotalEnergies será, em 2023, uma equipa World Tour “camuflada”, visto que ficou em 2º lugar no ranking das ProTeams. Desta forma, terá acesso a todas as provas WT e poderá escolher aquelas onde quer participar. Relativamente ao plantel, as mudanças não são muito profundas, para a montanha Steff Cras é a única adição, num bloco que ainda tem Victor de la Parte, Fabien Doubey e o super combativo Pierre Latour (principal arma da equipa).
Veremos qual será o nível que Peter Sagan irá apresentar, quer nas clássicas quer nos sprints, já não está no seu auge mas ainda pode ser um ciclista importante. Nas clássicas, Anthony Turgis e Dries van Gestel são as alternativas e, talvez, até melhores opções, como se viu este ano. Jason Tesson pode ser um caso sério, se continuar a evoluir como prevemos, numa equipa que ainda tem nos jovens Mathieu Burgardeau, Sandy Dujardin e Valentin Ferron três ciclistas capazes de conseguir vitórias parciais ou em clássicas.