É incrível ver que uma equipa com um plantel relativamente curto, com base em ciclistas que só agora se estão a focar mais na estrada acabou a temporada a lutar por lugares que dão acesso às Grandes Voltas. Os objectivos foram todos alcançados, os fenomenais resultados redundaram no acesso às principais clássicas em 2020.
Os dados
Vitórias: 20 triunfos, mais de metade (11) foram do inevitável Mathieu van der Poel.
Pódios: 40 pódios, um registo incrível. Quase metade das provas em que participou a equipa fez pódio.
Dias de competição da equipa: 101 de competição, muito pouco para uma equipa PCT, o que ainda amplifica mais os resultados de 2019
Idade média do plantel: 27,4 anos, uma média inflacionada pelos 40 anos de Stijn Devolder.
Mais kms: Dries de Bondt, com 12443 kms
Melhor vitória: Indubitavelmente a recuperação épica de Mathieu van der Poel na Amstel Gold Race, na Holanda com a camisola de campeão holandês.
O mais
Como não podia deixar de ser, o fenómeno Mathieu van der Poel. Fenómeno na estrada e no ciclo-crosse. Só fez estrada a “part-time” e ganhou 11, sim, 11 corridas. 1º na Amstel Gold Race após uma remontada do outro Mundo, na Brabantse Plij frente a um pelotão de luxo, na Dwars door Vlaanderen e no G.P. Denain, ficou às portas do pódio na Gent-Wevelgem e no Tour des Flandres. Depois na aproximação aos Mundiais ganhou o Tour of Britain e 3 tiradas nessa prova, antes de uma quebra espectacular na prova de estrada de Yorkshire quando seguia no grupo da frente e depois de ter arriscado tudo como é seu apanágio.
Melhor temporada (de longe) até agora para Dries de Bondt. O belga de 28 anos ajudou Van der Poel nas clássicas no início do ano e depois teve resultados estupendos a partir de Junho. 4º na Heitse Pijl, 1º na Halle Ingooigem, 3º no Tour de Wallonie, 4º na Slag om Norg, 2º na Omloop Lichtervelde, 8º no Tour de l’Eurometropole e acabou a ganhar o Memorial Rik van Steenbergen. Também muito bem esteve Tim Merlier, mais uma vez. Só começou a época de estrada em Junho, mas foi a tempo de se sagrar campeão belga de estrada, pouco depois de ter ganho a Elfstedenronde. Foi ao Tour Alsace ganhar 3 etapas, à Volta a Dinamarca ganhar 1 tirada e depois fez 2 pódios e 5 top 10 em semi-clássicas no final do ano.
O menos
Havia muito expectativa sobre Jonas Rickaert, o possante belga de 25 anos foi um dos melhores no circuito continental em 2018 ao serviço da Sport Vlaanderen. Só que 2019 foi para esquecer, nenhum top 5 em provas da categoria .1 ou superior. Ainda foi afectado por uma lesão em Fevereiro, mas na parte final do ano esteve a 100% fisicamente.
Outro dos reforços para 2019 desiludiu, falamos de Lasse Norman Hansen, ele que encontrou na Corendon-Circus um lar depois do abandono da Aqua Blue Sport. Um verdadeiro “baroudeur” que rola muito bem e destaca-se no contra-relógio foi muito inconstante durante esta época. Brilhou na Volta a Dinamarca (4º lugar na geral e 1 etapa) e na Ronde van Limbrug (3º), esperava-se mais dele nas clássicas da Primavera.
O mercado
Será uma Corendon-Circus que não perderá peças fundamentais para 2020, talvez Stijn Devolder pela experiência e conhecimento e Joeri Stallaert pela sua boa ponta final sejam as maiores perdas. Quanto a reforços ainda somente Bem Tulett, Ryan Cortjens e Antoine Benoist estão confirmados, mas os rumores apontam muitos nomes à formação belga. Sacha Modolo parece estar certo, o italiano será sempre uma alternativa válida para finais em pelotão compacto. Depois há mais algumas movimentações em que apenas falta o anúncio oficial da equipa. Oscar Riesebeek e Senne Leysen vêm da extinta Roompot, Floris de Tier quer relançar a carreira depois da passagem pela Jumbo-Visma e Petr Vakoc pretende mostrar todo o seu potencial depois da lesão grave que sofreu.
O que esperar em 2020?
Um Mathieu van der Poel a voar, tal como aconteceu este ano, desta vez com a ambição nas grandes clássicas. O bloco em torno do holandês não parece bem, com Dries de Bondt à cabeça, é preciso que Rickaert e Norman Hansen rendam mais, veremos se Petr Vakoc arrisca uma presença nestas clássicas. Depois Sacha Modolo e Tim Merlier dividirão a liderança nos sprints em pelotão compacto, nas provas em que alinhem juntamente com van der Poel deixarão o holandês focar-se nos finais mais duros. Têm tudo para voltar a ser uma das melhores equipas Profissionais Continentais em 2020, mas nas corridas World Tour ainda estão muito dependentes do estado físico de Mathieu van der Poel.