Mais uma temporada e mais um ano com a Deceuninck-QuickStep a acabar no topo do mundo do ciclismo. Os comandados de Patrick Lefevere voltaram a dominar em todos os terrenos, conquistando triunfos de diversas formas.

 

Os dados

Vitórias: 68 triunfos, 35 conseguidos no World Tour.

Pódios: Uns impressionantes 94 pódios, que podiam ser mais mas a equipa só começou a carburar em Abril.

Dias de competição da equipa: 247 dias de competição.



Idade média do plantel: 28.7 anos, um misto de juventude (com os 19 anos de Remco Evenepoel) e de veterania (com os 37 de Philippe Gilbert).

Mais kms: Maximiliano Richeze com 13 789 quilómetros.

Melhor vitória: Muitos dos triunfos de Julian Alaphilippe podiam estar aqui mas destacamos a vitória de Philippe Gilbert no Paris-Roubaix, uma prova que o belga já procurava há anos e finalmente conseguiu.

 

O mais

Indubitavelmente, Julian Alaphilippe é o homem em destaque na equipa. Venceu em todos os terrenos e das mais variadas formas, desde chegadas ao sprint a etapas de montanha. Ao todo, foram 12 triunfos, incluindo Strade Bianche, Milano-Sanremo, La Fleche Wallone, etapas no Tirreno-Adriatico, Dauphine e duas no Tour de France, onde foi um dos heróis. Andou 14 dias de amarelo e foi 5º na geral. Nem nos seus melhores sonhos. Um puncheur incrível, cada vez com uma ponta final mais rápida mas que subiu melhor que nunca em 2019.

Elia Viviani continuou igual a si próprio. 11 triunfos, diversos no World Tour, contra os melhores sprinters do Mundo, incluindo uma vitória no Tour e o título de campeão europeu. Mais um ano impressionante, sempre rodeado dos melhores lançadores como Michael Morkov, Fabio Sabatini e Maximiliano Richeze.



O que dizer da temporada de estreia de Remco Evenepoel entre a elite? 4º na Volta a Turquia, vencedor da Volta a Bélgica e de uma etapa, campeão europeu de contra-relógio e vice-campeão do Mundo na mesma especialidade e uma vitória impressionante na Classica San Sebastian. Tudo isto aos 19 anos! Um fenómeno!

Philippe Gilbert focou-se no Paris-Roubaix e venceu de forma categórica, conseguindo, ainda, dois triunfos na Vuelta. Kasper Asgreen teve uma evolução tremenda. Desde ser 2º no Tour de Flandres, a ganhar uma etapa de alta montanha na Califórnia, a vencer contra-relógios. Um todo-o-terreno. Por fim, destaque para o sempre fiel Yves Lampaert que aproveita bem as oportunidades que lhe são dadas. Boas temporadas também de Zdenek Stybar e Fabio Jakobsen.

 

O menos

Bob Jungels tentou focar-se não só nas Grandes Voltas mas também nas clássicas em 2019. Se a temporada de clássicas correu francamente bem, venceu Kuurne-Brussels-Kuurne e foi 3º na Dwars door Vlaanderen e 5º em Harelbeke, a partir daí desapareceu. 6 provas por etapas ao longo da temporada e apenas um top-10. Muito pouco para aquilo que já fez noutros anos.

Entre os restantes, pouco ou nada há a apontar mas mesmo assim, esperávamos mais de Enric Mas. É verdade que fechou a temporada a ganhar em Guangxi no entanto o Tour de France foi um desastre. Nas restantes provas por etapas defendeu-se mas também devia ter feito mais.



 

O mercado

Um mercado recheado de mexidas. Grandes nomes como Elia Viviani, Philippe Gilbert e Enric Mas estão de saída, deixando, à partida, mais fraca a equipa em todos os terrenos. Os lançadores de luxo Maximiliano Richeze, Fabio Sabatini e Davide Martinelli também deixam a equipa. De realçar as saídas de Petr Vakoc e Eros Capecchi, dois corredores de muito trabalho.

Dissemos que, à partida, a equipa poderia ficar mais fraca mas na área do sprint isso não vai acontecer. Sam Bennett era um namoro antigo e irá ingressar na equipa de Patrick Lefevere. Se 2019 já foi muito bom, recheado de triunfos, 2020 tem tudo para ser ainda melhor, ainda para mais na companhia do seu fiel lançador Shane Archbold. Jannik Steimle é um jovem sprinter, que se adapta também às clássicas e agarrou o lugar após um estágio bem sucedido.

Bert van Lerberghe, Stijn Steels e Davide Ballerini são três bons ciclistas para as clássicas, três jovens valores, sendo que deverão ser chamados ao trabalho para a preparação das chegadas ao sprint. Mattia Cattaneo é o reforço mais sonante para a montanha, ele que nas últimas temporada na Androni foi dos maiores destaques nas corridas italianas.



Preparando já o futuro, Andrea Bagioli é mais um especialista de clássicas (vencedor da Piccolo Lombardia), Mauri Vansevenant é um bom trepador (6º no Tour de l’Avenir, 5º na Corrida da Paz e vencedor do Giro Valle d’Aosta), Ian Garrison é um excelente contra-relogista (já campeão norte-americano entre os elites) e João Almeida é um todo-o-terreno, andando não só bem no contra-relógio mas também na montanha. Quem não se lembra da fantástica exibição no Tour of Utah onde foi 4º.

 

O que esperar em 2020?

Julian Alaphilippe vai continuar a ser a figura de proa. Vai ser o líder nas clássicas (desde Milano-Sanremo até às Ardenas) e nas provas de uma semana com alguma montanha. Não acreditamos que se irá focar na geral do Tour, pois é muito montanhoso, mas sim em vencer etapas. Remco Evenepoel estará cada vez mais alto na hierarquia e poderá começar a liderar nas provas por etapas do World Tour. É um fenómeno e as grandes vitórias vão continuar a acontecer. Mattia Cattaneo pode ser uma bela surpresa.

Zdenek Stybar continua na estrutura e será, finalmente, líder nas clássicas do empedrado, a par de Yves Lampaert, um corredor muito regular. Atenção à evolução de Kasper Asgreen que poderá aparecer em qualquer tipo de prova devido à sua versatilidade.



Sam Bennett vai ser a grande aposta para o sprint, apontamos para pelo menos 1o vitórias do campeão irlandês, sempre escudado por Shane Archbold. Fabio Jakobsen e Alvaro Hodeg continuarão a sua evolução sustentada. Evolução que também esperamos por parte de João Almeida, que em 2020 deve ter um calendário mais à base das provas europeias e algumas World Tour para se ambientar ao novo panorama.

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