Uma enorme subida de rendimento de uma equipa que muito sofreu entre 2021 e 2023, assente em “prata da casa” e na confirmação de que Arnaud de Lie é mesmo um talento geracional.

 

Os dados

Vitórias: 21 triunfos, quase metade deles assinados por Arnaud de Lie, o que diz belga da importância do jovem belga.

Pódios: Venceram menos, mas subiram muito mais vezes ao pódio do que em 2022, 52 vs 77, o que mostra que foram altamente competitivos.

Dias de competição da equipa: Um calendário 15 dias mais pequeno relativamente ao ano passado, com 263 dias.

Idade média do plantel: Mesmo com alguns veteranos diminuíram para 27,5 anos.

Mais kms: Sylvain Moniquet fez quase 13 000 kms.

Melhor vitória: Sim, Andreas Kron ganhou na Vuelta, numa etapa que foi neutralizada para a geral, portanto escolho o triunfo de Arnaud de Lie no G.P. Quebec, quando sobe imensos lugares no pelotão durante o sprint final.

 

O mais

É inevitável mencionar Arnaud de Lie. Acabou como um dos corredores mais vencedores de 2023, chegando mesmo aos 2 dígitos e muitas das vitórias contra concorrência de peso. Já se sabia que o jovem belga tinha uma explosão como poucos têm, especialmente quando o terreno inclina um pouco, em sprints a subir creio que neste momento andará perto de ser o melhor do Mundo. O que esta época mostrou é que também pode a lutar por clássicas do empedrado, fez inclusivamente 2º na Omloop e mostrou também que não se importa de se sacrificar para os outros como fez nos Europeus para Wout van Aert. Venceu imensas clássicas e como disse acima, não me lembro que tenha perdido um sprint a subir, bateu Groves, Gregoire, Strong, Tiller e sempre com uma facilidade aparente.





Florian Vermeesch fez finalmente uma belíssima temporada ao mais alto nível, anteriormente apenas tinha mostrado laivos de brilhantismo como o 2º posto no Paris-Roubaix. Fechou o Tour des Flandres e o Paris-Roubaix em 12º e depois não acalmou, foi 5º na Volta a Dinamarca, 2º no Renewei Tour e 3º na Super 8 Classic antes de se dedicar um pouco, com sucesso, à Gravel. Maxim van Gils também subiu imenso o nível, fechou as 3 clássicas das Ardenas no top 11, foi uma das boas surpresas dessa fase do ano e até no Tour foi 2º numa etapa.

Andreas Kron deu sempre a sensação de que poderia ter conseguido mais com as pernas que tinha, ainda assim pode sair contente de 2023 com a estreia a ganhar em Grandes Voltas. Milan Menten fez a sua melhor temporada de sempre, fazendo um pouco as vezes de Caleb Ewan, ali entre Março e Maio somou alguns pódios e imensos pontos UCI. Por fim, foi muito interessante ver Lennert van Eetvelt a aparecer, pódios em corridas menores, 2 top 5 na Vuelta, 15º na Volta a Catalunha e na Volta a Polónia, um dos nomes a ter em conta em 2024.

 

O menos

Caleb Ewan fez uma época à…Caleb Ewan. Andou desaparecido longos períodos de tempo, até fez de uma forma inesperada 2 pódios no Tour, só que acabar o ano apenas com 1 vitória para um sprinter desta dimensão é muito pouco. Já não é considerado um favorito num sprint contra a elite também devido aos seus problemas de colocação.

Victor Campenaerts continua sem saber muito bem que caminho seguir. Muito bom contra-relogista no início da carreira decidiu virar-se para as clássicas sem grande sucesso não obstante algumas exibições impressionantes, creio que lhe falta algumas noções táticas que são cruciais para estas corridas. De resto não estou a ver grandes nomes a destacar, talvez também mencionar Thomas de Gendt, que esteve muito discreto em 2023.

 

O mercado

Chegou ao final o ciclo de Caleb Ewan na Lotto-Dstny e com eles saem Michael Schwartzmann e Rudiger Selig, algo que é natural. O australiano foi perdendo espaço e a confiança dos responsáveis e não fazia muito sentido ficar, precisa de apoio e atenção e a formação belga tem nas suas fileiras um ciclista da casa com características semelhantes. Harry Sweeny e Frederik Frison deixam a equipa à procura de melhores oportunidades, ambos acreditam que com liberdade conseguem fazer bem melhor e não querem estar “amarrados” a Arnaud de Lie.




Não entram ciclistas que vão propriamente mudar a equipa, Jonas Gregaard terá as suas chances na montanha, Taminiaux é um lançador decente e bom nas clássicas, Currie, Berckmoes e Vandenabeele talentos para desenvolver.

 

O que esperar em 2024?

Arnaud de Lie sabe que não consegue fazer uma carreira gloriosa apostando só nos sprints em subida, e 2023 deu-lhe motivação e confiança para atacar as clássicas. Acredito que será uma grande aposta e um grande foco no treino, precisa de ter capacidade no final de provas longas. A equipa belga tem um bloco interessante, seria ainda melhor com Frederik Frison, mas conta com Victor Campenaerts, Jasper de Buyst, Pascal Eenkhoorn, Milan Menten e, principalmente, Florian Vermeesch. Não tendo as armas de outros blocos, vão ter de trabalhar muito bem a vertente táctica para não deixar Arnaud de Lie muito exposto, mas acho que o belga vai ganhar uma grande clássica em 2024.

Nos sprints para além de Arnaud de Lie há Milan Menten e a equipa está a tentar desenvolver outro talento interessante, Jarne van de Paar. O líder nas Ardenas será certamente Maxim van Gils, o top 5 é perfeitamente possível com a ajuda de Moniquet, Vanhoucke, Kron e até mesmo Gregaard. O foco nas Grandes Voltas estará em ganhar etapas, mas creio que Lennert van Eetvelt pode perfeitamente começar a fazer top 10 em corridas World Tour, enquanto aposto em Alec Segaert para nome a explodir em 2024.

Com as armas que têm e o plantel relativamente jovem creio que têm tudo para manter o lugar no top 10.

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