Desceram 4 lugares no rankings e mesmo assim foi uma belíssima temporada da Cofidis. Teve menos sucessos relativamente a 2022, mas vencer no Tour e na Vuelta não é para todo. Parece uma equipa muito bem sustentada e estável no World Tour.

 

Os dados

Vitórias: 14 triunfos, não foram muitos, só que ganhar no Tour e na Vuelta vale por muitas vitórias em provas menores.

Pódios: 42 pódios, menos 22 do que em 2022, impressiona a proporção destes lugares em provas World Tour

Dias de competição da equipa: 290 dias de competição, o que significa um decréscimo de 15 dias face a 2022, isto deve-se principalmente porque já não estavam sob a pressão da manutenção.

Idade média do plantel: 29,9 anos, uma equipa extremamente veterana, com mais de 1 dezena de trintões.

Mais kms: Axel Zingle andou muito bem e competiu muito, mais de 13 500 kms.

Melhor vitória: Pela competição em que foi, pela concorrência que bateu e pela surpresa que causou, o triunfo de Victor Lafay no Tour.

 

O mais

Tendo a noção de que este é o tecto qualitativo de Guillaume Martin, não se pode pedir muito mais ao gaulês. Fez 6º no Dauphine e na Liege-Bastogne-Liege, fechou top 10 na Volta a França, que era o grande objectivo do ano, é ciclista de andar a rondar o top 30 do ranking e creio que a Cofidis tem a noção disso, desde que ele continue sempre a fazer o seu trabalho a este nível a equipa não terá razões de queixa.




Victor Lafay continuou a mostrar que tem potencial para fazer coisas muito bonitas nas colinas, inclusivamente bater os melhores do Mundo, para além da surpreendente vitória no Tour há que ver que foi 6º na Fleche Wallonne. Axel Zingle é a grande esperança para o futuro e mostrou o porquê disso mesmo, alcançou outro nível de consistência, andou bem o ano todo e ficou evidenciado que até nas clássicas do empedrado pode andar com os melhores, fechou top 10 na Brabantse Pilj e no Renewi Tour.

Temporada bastante eficaz e pragmática de Ion Izagirre, é basco de 34 anos ganha no Tour, faz top 10 em 2 clássicas do World Tour e 3º na Volta ao País Basco, não se pode pedir muito mais.

 

O menos

A equipa perdeu muitos pontos face a 2022 pelos resultados, ou falta deles, dos seus sprinters, principalmente o italiano Simone Consonni, que para além disso fez um Giro completamente ao lado e só somou 1 vitória e mais 1 pódio, passou de 813 para 312 pontos. Para além dele também Max Walscheid e Piet Allegaert estiveram bem longe do seu melhor, nomeadamente nas clássicas, onde se joga grande parte do jogo da permanência, o belga ainda fica não obstante ter ficado sem qualquer top 10 a partir de Março.

Benjamin Thomas foi uma das agradáveis surpresas de 2022 e em 12 meses passou do céu para o Inferno, tirando os 4 dias de Dunkerque passou completamente ao lado e ficam poucas memórias dele na estrada este ano, diria mesmo que foi o corredor da equipa que mais desiludiu. Simon Geschke passou em definitivo para o papel de gregário, de referir que o 2022 dele ficou altamente inflaccionado pelo Tour de Romandie que fez.

 

O mercado

Imensas mudanças, quando há este número de entradas e saídas geralmente ou corre muito bem ou muito mal, a questão é que não saem assim tantos ciclistas chave. Não acho que tenha entrado qualquer ciclista verdadeiramente diferenciador no World Tour, Gorka Izagirre já está na fase descendente da carreira, Kenny Elissonde há muito que não anda com os melhores na montanha e Ben Hermans também já mostrou mais, mesmo Aimé de Gendt não é propriamente um ciclista vencedor.




Tenho mais expectativas sobre os sprinters, nomeadamente Milan Fretin e Stanislaw Aniolkowski. Alexis Gougeard regressa ao mais alto nível e Ludovic Robeet tem uma chance no World Tour.

A saída de Victor Lafay será a mais marcante, era um ciclista em ascensão e que ganhou corridas importantes este ano. Retiram-se imensos ciclistas, Francois Bidard, Wesley Kreder, José Herrada, Pierre Luc Perichon e Jelle Wallays. Veremos como se vão organizar os novos comboios, é que as saídas de Max Walscheid, Simone Consonni e Davide Cimolai podem deixar mossa nesse departamento.

 

O que esperar em 2024?

Tenho sérias dúvidas que em 2024 consigam subir lugares no ranking por vários motivos. Primeiro saíram alguns ciclistas importantes, nomeadamente Walscheid, Consonni e Lafay que eram garantia de consistência e muitos pontos UCI e para os substituir não entrou assim nenhum nome que se destaque muito. O factor que mais peso tem é que os líderes para 2024 serão os mesmos que em 2023 e é uma estrutura de liderança relativamente envelhecida e que já não mostra sinais de evolução, falamos de Guillaume Martin, os irmãos Izagirre, Bryan Coquard, os próprios Geschke, Hermans e Elissonde. Quem são os jovens que podem aparecer a grande nível no World Tour? Seria preciso um pequeno milagre de Aniolkowski (já tem 26 anos), Fretin (22) ou Zingle (24).

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