De uma temporada de sonho para uma temporada muito fraca. Queda abrupta no ranking, de 5º para 15º, num ano em que as grandes figuras tiveram épocas para esquecer. Rui Costa foi o grande destaque da temporada, somando 5 triunfos, de janeiro a outubro.

 

Os dados

Vitórias: 20 triunfos, apenas 4 no World Tour e menos que na temporada passada.

Pódios: 49 pódios, o que demonstra que até é uma equipa certeira, venceu 41% das vezes que esteve nos 3 primeiros lugares.

Dias de competição da equipa: 290 dias de competição, dos calendários mais alargados do pelotão.



Idade média do plantel: 28,5 anos, uma formação que mistura a irreverência com a experiência.

Mais kms: Georg Zimmermann com 13 376 kms.

Melhor vitória: a vitória da sabedoria de Rui Costa na etapa 15 da Vuelta a Espanha.

 

O mais

Rui Costa teve em 2023 o seu renascimento! Vindo da UAE Team Emirates, o antigo campeão do Mundo teve uma temporada onde ganhou do início ao fim. Venceu a abrir, no Trofeo Calvia, e a fechar, na Japan Cup. No entanto não foi “só” isto. O português recuperou o seu killer instinct e venceu uma etapa e a geral da Vuelta a Comunitat Valenciana e uma etapa na Vuelta. Ainda foi 2º na Faun Drome Classic, 4º na Strade Bianche e na Figueira Champions Classic, 5º no Gran Piemonte e 8º na Classica San Sebastian. Uma época vintage Rui Costa!

Gerben Thijssen subiu o nível nos sprints. É certo que não consegue ombrear contra a armada pesada, mas somou 4 vitórias em semi-clássicas belgas e mais 15 top-10. A regularidade está a aparecer, aspeto esse que foi importante para as boas temporadas dos outros sprinters da equipa, Hugo Page e Arne Marit.

O combativo Georg Zimmermann continua a evoluir de forma sustentada, venceu no Dauphine, tentou muitas vezes no Tour e nas clássicas de final de ano somou 5 top-10. Lorenzo Rota continua a ser um ciclista muito fiável nas semi-clássicas e provas por etapas de uma semana, o italiano é um poço de regularidade. Kobe Goossens parecia disparar para uma enorme época, venceu duas provas do Challenge Mallorca e conseguiu alguns top-10 no entanto foi obrigado a parar 4 meses na Primavera e a uma cirurgia depois de queda na Vuelta.

 

O menos

Quem viu Biniam Girmay em 2022 e quem o viu em 2023. O eritreu parecia destinado a discutir as clássicas e os sprints,no entanto teve uma temporada para esquecer. Nem começou o ano mal com uma vitória em Valência e alguns pódios, no entanto as clássicas chegaram e foi o completo apagão. Afetado por lesões, Girmay regressou com um triunfo moralizador na Volta a Suíça mas depois o Tour de France e as clássicas do Outono foram um desastre.



Louis Meintjes foi outra grande figura da Intermarcé-Circus-Wanty a falhar redondamente. 2º no Giro di Sicilia, 7º no Dauphin e … nada mais. Sinónimo de muita regularidade, o sul-africano esteve muito apagado em 2023 e isso foi fatal para as aspirações da equipa. Também teve azar no Tour quando foi forçado a abandonar, no entanto são as circunstâncias de corrida. Nota, também, para a temporada menos conseguida do super-combativo Taco van der Hoorn, afetado por uma queda ainda em Fevereiro.

 

O mercado

A diminuição do orçamento não permitiu um grande mercado de transferências. Rui Costa é o principal nome de saída, a grande figura de 2023 irá para a EF Education-EasyPost. Também saem os experientes Loic Vliegen, Aimé de Gendt, Sven Erik Bystrom e Laurens Huys, ciclistas importantes na manobra da equipa. Niccolo Bonifazio e Julius Johansen são as últimas baixas.

As entradas foram apenas 5 e 3 delas chegam da Circus – ReUz – Technord, a equipa de desenvolvimento. Apesar de tudo, são nome interessantes. Francesco Busatto, 21 anos, é um ciclista bastante explosivo, boa ponta final, e foi campeão italiano sub-23 e vencedor da Liege-Bastogne-Liege do escalão. Alexey Faure Prost tem 19 anos mas já é um enorme talento. Trepador por natureza foi campeão francês sub-23, 2º no Giro Ciclistico della Valle d’Aosta e 5º no Giro Next Gen. Roel van Sintmaartensdijk é um sprinter e o mais “veterano”, 22 anos.



Outro sprinter é Vito Braet, provém da Team Flanders – Baloise, uma equipa habituada a formar bons talentos. Por fim, o único reforço do World Tour é Kevin Colleoni, o italiano teve uma passagem muito discreta pela Jayco AlUla, longe de confirmar o seu potencial nos escalões jovens. Somente com 24 anos ainda pode evoluir bastante na montanha.

 

O que esperar em 2024?

Jean-François Bourlart espera que a sua equipa renda muito mais e tem razões para isso. Biniam Girmay e Louis Meintjes estão pressionados a voltar às boas exibições, serão fundamentais para a Intermarché-Circus ter sucesso nas clássicas/sprints e nas provas por etapas, respetivamente, uma vez que são ciclistas de grande qualidade e, apesar de tudo, a profundidade do plantel não é a maior.

Gerben Thijssen vai continuar a sua afirmação na elite do sprint mundial, tem evoluído de forma sustentada. Lorenzo Rota, Georg Zimmermann e Kobe Goossens serão importantes ao longo do ano nas provas acidentadas. Entre os jovens, Madis Mihkels pode evoluir ainda mais e Francesco Busatto pode ser uma agradável surpresa no seu primeiro ano como profissional.



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