Depois de não conseguir a manutenção no World Tour, a Israel Premier Tech teve uma temporada na mesma linha da anterior. Nota-se um esforço para virar a página e apostar mais em jovens talentos, em vez dos reforços veteranos e experientes que sejam garantia de pontos.
Os dados
Vitórias: 12 triunfos, demoraram a carburar, mas obtiveram 11 vitórias a partir de Junho.
Pódios: 43 lugares de pódio, é normal a diminuição face a 2022 quando tiveram 50, também competiram muito menos.
Dias de competição da equipa: 250 dias de competição, um número bem mais baixo do que em 2022 (316) quando a luta pelo World Tour estava em rubro.
Idade média do plantel: 31 anos, com 8 corredores acima dos 36 anos não há milagres.
Mais kms: O maratonista foi o jovem Stephen Williams, um ciclista muito irregular
Melhor vitória: Tem de ser o sucesso de Michael Woods na Volta a França, quando superou toda a gente nas empinadas rampas de Puy de Dome.
O mais
Belíssima temporada de Michael Woods, que aos 37 anos continua a dar mostras de qualidade quando o terreno empina bastante. 6º na Volta ao País Basco, 4º na Fleche Wallonne, 2º no Mont Ventoux, vencedor da Route de Occitanie e por fim a vitória no Tour a culminar uma época onde ainda fez quase 1500 pontos UCI para a equipa. Não foi perfeito, só que não se pode pedir muito mais nesta fase da carreira.
Corbin Strong foi um dos ciclistas que deu um salto maior este ano, afirmou-se como um corredor muito perigoso em finais durinhos ou em grupos restritos, terminou a época pleno de confiança com o 2º lugar no G.P. Quebec e a vitória na Volta ao Luxemburgo, passou a ser claramente um dos líderes internamente. Derek Gee vai ter a tarefa de tentar confirmar em 2024 o inacreditável Giro que teve em 2023, com 4 pódios em etapa, 2º lugar por pontos e 2º lugar na montanha, isto porque não disse presente em mais nenhuma corrida.
O relógio continua a contar para Stephen Williams, um britânico também muito assolado por lesões. O que é certo é que fez a melhor época como profissional em 2023 e acabou muito bem o ano, se voltar a não ter problemas pode surpreender ocasionalmente em 2024. Há mais 2 nomes a destacar, Sebastian Berwick pelo final de ano que fez e Krists Neilands, pelo que lutou e ajudou.
O menos
Alguém se lembra de Jakob Fuglsang este ano? Eu não tenho uma única recordação de ver o dinamarquês a correr e estamos a falar de um dos nomes principais desta equipa. É verdade que uma queda no UAE Tour o fez perder as clássicas, mas mesmo a segunda metade do ano foi muito fraquinha e o melhor resultado surgiu numa clássica belga com empedrado, nunca mostrou pernas para seguir os melhores na montanha.
Uma das razões que levou a equipa a recrutar outros sprinters foi o ocaso de Giacomo Nizzolo em 2022 e 2023, o italiano só fez 3 pódios este ano, venceu a Tro Bro Leon praticamente do nada e fez 2 terceiros lugares na Vuelta a San Juan. De resto nunca se mostrou competitivo contra os melhores sprinters do Mundo e espera ainda mostrar do que é capaz na Q36.5.
Nick Schultz é um ciclista que já quase ganhou 1 etapa no Tour e nesta época nem um pódio tem para amostra, globalmente muito apagado e Hugo Houle não conseguiu repetir a incrível temporada de 2022. Dylan teuns também esteve muito longe do seu melhor nível, só apareceu a partir de Agosto e em corridas que nem eram do World Tour, falhou por completo nas Ardenas que é o seu habitat natural. De Chris Froome já não esperamos nada, por isso não me vou alongar muito sobre ele.
O mercado
São imensas as mudanças para 2024, a equipa perde uma série enorme de veteranos como Domenico Pozzovivo, Daryl Impey, Sep Vanmarcke, Ben Hermans, Giacomo Nizzolo ou Reto Hollenstein, para além de alguns israelitas, Taj Jones, Sebastian Berwick e Jens Reynders.
A aposta nos sprints continua a ser muito grande, entram Pascal Ackermann, Ethan Vernon, Hugo Hofstetter, Jake Stewart e Michael Schwarzmann, os 2 primeiros para sprinters, Hofstetter vamos ver com que função e os 2 últimos claramente mais para lançadores do que para sprinters. A equipa conservou Riley Sheehan depois da surpreendente vitória no Paris-Tours e para a montanha reforçou-se com George Bennett, sobem ainda 3 corredores da equipa de desenvolvimento.
O que esperar em 2024?
Creio que a expectativa é que no final de 2024 esteja num lugar parecido ao de 2023, vejo a Israel-Premier Tech como uma equipa com alguns nomes interessantes, mas sem um grande líder. A aposta nos sprints é mais do que evidente, é uma formação que vai entrar nas provas por etapas do World Tour sempre a pensar nas vitórias parciais.
Pascal Ackermann tem todas as condições para somar mais de uma mão cheia de vitórias, tem bons lançadores incluindo o seu compatriota Michael Schwarzmann e acredito que Rick Zabel também vá estar na base do seu comboio. Por outro lado, Ethan Vernon já demonstrou muito potencial, é alguém ainda ligado à pista e por isso talvez ainda esteja a pensar nos Jogos Olímpicos. Veremos se não fará parelha com Tom van Asbroeck e Jake Stewart.
Acredito que Hugo Hofstetter tenha um papel livre nas semi-clássicas belgas que o gaulês tanto gosta .Depois Corbin Strong ficará com as chegadas ao sprint, mas com mais dureza. Fuglsang, Teuns e Woods vão cheirar oportunidades, até nas clássicas, com a sua experiência e a eles junta-se George Bennett. Para as clássicas não há nomes sonantes, apenas ciclistas que podem surpreender no top 10, casos de Boivin, ou até Sheehan e Gee. Nome de que pouco se fala, mas que pode despontar: Marco Frigo.