Cycling - Tour de France - Stage 17 - Saint-Gervais Mont Blanc to Courchevel - France - July 19, 2023 Team Jumbo–Visma's Jonas Vingegaard wearing the yellow jersey acknowledges spectators ahead of stage 17 REUTERS/Benoit Tessier

Fechamos a nossa rubrica com aquela que consideramos a melhor equipa do ano, a Jumbo-Visma! A equipa neerlandesa dominou o panorama das provas por etapas, conquistou 3 Grandes Voltas no mesmo ano, um feito inédito. Terminam o ano como a equipa mais vitoriosa, com triunfos espetaculares, fruto de muita qualidade no plantel e nas decisões tomadas. A fasquia está muito alta para 2024, será muito complicado de repetir.

Os dados

Vitórias: 69 triunfos, mais 21 que na temporada passada. Recorde da equipa desde que existe, incluindo os tempos da Rabobank.

Pódios: 130 pódios, uma eficácia tremenda, já que mais de metade foram triunfos.

Dias de competição da equipa: 237 dias de competição, um calendário seletivo, não vemos a Jumbo-Visma a fazer muitas competições ao mesmo tempo.



Idade média do plantel: 29,3 anos, alguma juventude aliada com a veterania de nomes como Jos van Emden e Robert Gesink.

Mais kms: o incansável Sepp Kuss com um total de 12 119 kms.

Melhor vitória: o leque de triunfos é elevado, difícil de escolher, mas temos que ir pela vitória autoritária de Jonas Vingegaard no Tour de France.

 

O mais

Jonas Vingegaard voltou a focar a preparação no Tour de France e não falhou. O dinamarquês dizimou a concorrência na prova francesa, vencendo uma etapa. Foi à Vuelta ser 2º e vencer no Tourmalet e, para trás, triunfos no País Basco e no Dauphine. Primoz Roglic deixou, finalmente, os azares para trás e venceu quase tudo onde participou: Tirreno-Adriático, Volta a Catalunha, Giro d’Itália, Vuelta a Burgos e Giro dell’Emilia. Ainda foi 3º na Vuelta e na Lombardia, o que revela tremenda eficácia.

Sepp Kuss venceu a Vuelta, juntando uma etapa e uma caminhada épica com 3 Grandes Voltas no mesmo ano, o triunfo de uma carreira. Olav Kooij assumiu-se como um grande sprinter, triunfou por 13 vezes, incluindo 4 no Word Tour. Christophe Laporte assume-se, cada vez mais, como um ciclista importante. O campeão da Europa venceu duas clássicas do empedrado World Tour, no Dauphine e andou perto no Tour, isto com muito trabalho pelo meio.



Falando em gregários, Dylan van Baarle, Attila Valter e Wilco Kelderman foram essenciais para as muitas vitórias alcançadas nas provas por etapas, sempre dando tudo pelos seus líderes. Tiesj Benoot está incluído neste lote mas, para além disso, conseguiu alguns resultados interessantes quando teve oportunidades.

 

O menos

Wout van Aert continua a bater na trave nos grandes momentos e isso paga-se caro. Qualquer outro ciclista 5º classificado do ranking UCI seria um enorme resultado, mas não com o belga. que termina o ano com apenas 4 vitórias, nenhuma no Tour de France e nenhum Monumento. Voltou a bater na trave nos Europeus e Mundiais, 2º em ambos, no Paris-Roubaix e Milano-Sanremo 3º e no Tour de Flandres 4º. Só 2º e 3º lugares foram dezasseis!

Rohan Dennis despede-se do ciclismo com uma temporada modesta. O australiano não foi tão influente para os seus líderes e nos contra-relógios não voltou a aparecer em destaque. Tobias Foss até era o campeão do Mundo de contra-relógio mas não passou da teoria, já que teve um ano para esquecer, 4º na Volta ao Algarve e nada mais.

 

O mercado

Em teoria, seria um mercado de transferências calmo por parte da Jumbo-Visma, algo que não se veio a verificar. Primoz Roglic pediu para sair antes do seu contrato terminar e tudo se resolveu pacificamente. Tobias Foss não rendeu o esperado e segue um novo rumo, tal como Gijs Leemreize, Sam Oomen e Timo Roosen, em busca de novas oportunidades noutras equipas World Tour. Rohan Dennis, Jos van Emden e Nathan van Hooydonck terminam a carreira.



As contratações da equipa neerlandesa costumam ser poucas mas muito certeiras e nao voltou a ser exceção. Da equipa de desenvolvimento chegam o vencedor do Giro Next Gen 2023 e 2º no Tour de l’Avenir 2022 Johannes Staune-Mittet, o campeão mundial júnior 2021 e já vencedor de várias provas entre os profissionais Per Strand Hagenes e o trepador neerlandês Loe van Belle.

Ainda apostando na juventude, Matteo Jorgenson chega da Movistar, o norte-americano pode fazer um pouco de tudo, e Ben Tulett da INEOS Grenadiers. O antigo militar Bart Lemmen era suposto ser a última contratação, antes de ter sido anunciado Cian Uijtdebroeks, caso esse que ainda tem muita tinta para correr.

 

O que esperar em 2024?

Será muito difícil, para não dizer impossível, repetir a temporada de 2023 no que diz respeito a Grandes Voltas. Primeiro porque Roglic saiu e depois por Kuss não terá a mesma “sorte” duas vezes. Vingegaard vai voltar a focar-se no Tour, o dinamarquês é perfeito a ter o seu pico de forma e, para trás, deve conquistar algumas provas de uma semana.

Em ano olímpico, Wout van Aert vai mudar o seu calendário e focar-se nas clássicas do empedrado e no Giro d’Itália. A ambição do belga é testar-se em novos terrenos e virar a página de um ano menos positivo. Tem que vencer Monumentos, numa equipa que também tem Dylan van Baarle, Tiesj Benoot, Matteo Jorgenson e Christophe Laporte para este terreno.





Olav Kooij vai continuar a sua evolução sustentada, será interessante ver o neerlandês numa Grande Volta. Veremos onde encaixa Cian Uijtdebroeks, se a transferência do belga se efetivar será de certeza um candidato às Grandes Voltas. Johannes Staune-Mittet e Per Strand Hagenes já têm feito algumas provas com a equipa principal, agora com um calendário full-time nos elites a história será outra, mas com tanto talento, resultados de relevo não seriam de estranhar.

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