Já um pouco fora da luta pelos pontos UCI, a Arkea-Samsic caiu de 13ª para 20ª no nosso ranking, algo que se justifica pelos números, a equipa obteve menos de metade dos pódios face ao ano passado. O que fizeram para contrariar isso e para dar a volta em 2024?
Os dados
Vitórias: 10 triunfos, desta vez nenhum no World Tour e uma boa parte em estrada francesas.
Pódios: 29 pódios, um número muito abaixo face a 2022 quando obtiveram … 62 lugares de honra.
Dias de competição da equipa: 289, um aumento superior a 10% face ao ano passado.
Idade média do plantel: Uma equipa relativamente veterana, com 28,2 anos.
Mais kms: 13481 kms do luxemburguês Michel Ries, um número até bastante elevado tendo em conta o plantel vasto que têm
Melhor vitória: Sem triunfos World Tour houve 2 que se destacaram pela concorrência que bateram, Arnaud-Demare no Paris-Bourges e Kevin Vauquelin no Tour of Jura.
O mais
Cristian Rodriguez surpreendeu pela positiva e foi até mais líder do que Warren Barguil. O espanhol de 28 anos fez a sua melhor temporada de sempre e foi 13º na Vuelta, a juntar ao 8º no Tour of Oman, 14º na Volta ao País Basco, 2º na Route d’Occitanie ou 4º na clássica do Mont Ventoux, passou a ser visto com outros olhos até pelo pelotão.
Jenthe Biermans iniciou o ano a voar, abriu logo com 1 vitória e 1 pódio em 3 corridas e fez uma Primavera bem agradável, aproveitou as portas que outros deixaram abertas. Kevin Vauquelin borrou um pouco a pintura na segunda metade do ano depois de ter sido 4º na Etoile de Besseges, ganhou o Tour des Alpes Maritimes, 6º na Region Pays de Loire e ganhar o Tour du Jura, infelizmente não conseguiu manter esse nível.
Aos 21 anos Ewen Costiou deixou excelentes indicações para o futuro, um ciclista muito completo que foi 2º no Paris-Camembert. Louis Barré foi andando bem a espaços, o 6º lugar no Tour of Guangxi a fechar o ano deixou água na boca.
O menos
Uma equipa ressente-se sempre imenso quando os líderes não correspondem às expectativas, e depois de perder Nairo Quintana, os ciclistas que ficaram não se chegaram à frente para suprir essa necessidade. Warren Barguil arrancou mal a época e continuou uma pouco nessa nota até ao final do ano, fez Giro/Tour e em ambos ficou no top-25. Em ambos lutou muito sempre com várias fugas, mas exibições sofríveis, tanto que o veterano francês optou depois por regressar à DSM.
Na globalidade os sprinters da equipa estiveram muito mal e isso teve influência directa na falta de top-10 no final da temporada. Nacer Bouhanni pouco correu, pouco se viu e pouco pontuou, acabou o ano com 1 pódio e o 6º posto da Milano-Torino, Hugo Hofstetter idem, acaba o ano com 1 pódio na Le Samyn e fez uma Vuelta muito fraquinha, sem um grande pelotão de sprinters passou despercebido. Dan McLay também não deslumbrou.
Depois jovens que se tinham destacado um pouco em 2022 não conseguiram manter o nível. A começar por Matis Louvel, um ciclista claramente capacitado para as clássicas. Não é só os resultados (em 2022 faz diversos pódios), é também a falta de exposição, é que ele tinha feito top 20 nos Monumentos e com 24 anos seria legítimo pensar que daria mais um passo à frente, tal não foi assim. Atenção, não foi um ano horrível, alguns top 10 ainda à mistura, só que bem abaixo das expectativas criadas. Alessandro Verre tarda em confirmar o que mostrou como sub-23 em 2021.
O mercado
É um virar de página completo por parte da formação gaulesa, que perde históricos como Hugo Hofstetter, Nacer Bouhanni ou Warren Barguil. Para além disso Maxime Bouet e Laurent Pichon retiram-se, Nicolas Edet terminaram contrato e não renovam, Andrii Ponomar seguiu outro caminho.
Entram alguns pesos pesados, Florian Senechal será o novo líder para as clássicas e procura mais espaço de liderança do que na Quick-Step, Clement Venturini é alguém ainda forte em provas francesas de segunda linha e Vincenzo Albanese oferece soluções em vários terrenos. Miles Scotson é um bom rolador, Raul Garcia Pierna creio que seja um reforço na linha de Cristian Rodriguez e Lauren Huys também é um corredor muito completo.
O que esperar em 2024?
Plantel World Tour de 29 elementos e um nítido rejuvenescimento do elenco. Estou muito curioso para ver o que conseguem fazer nas clássicas, seria interessante se Arnaud Demare explorasse mais esta sua vertente, creio que tem capacidade para isso, um pouco como Kristoff, e daria outras armas à equipa. Senechal, Biermans, Capiot, Louvel e Huys é um bloco interessante e tem obrigação de lutar pelo top 10. Para a Volta a França o grande líder será obviamente Arnaud Demare e é normal que leve um grande comboio com ele, o próprio Senechal, Louvel, Capiot, Scotson, Dekker ou McLay deverão ser alguns dos elementos do comboio.
Na montanha, cabe aos jovens chegarem à frente. Clement Champoussin vai ter uma época que considero decisiva para a sua carreira aos 25 anos, Kevin Vauquelin quer mostrar que os primeiros 6 meses de 2023 não foram por acaso, mas para disputar pódios em corridas World Tour vai ter de continuar a evoluir na alta montanha. Ainda não creio que seja a explosão de Barré e Costiou, mas ambos precisam de fazer a Vuelta para ganhar resistência e talvez em 2025 aparecer em grande de vez. Globalmente acho que a Arkea-Samsic tem tudo para subir 1 ou 2 lugares no ranking face a 2023.