Foi uma temporada sofrível por parte da ProTeam gaulesa, comandada por Jean Rene Bernardeau, uma estrutura que vira a página com a saída de Peter Sagan. Essa transição será feita depois de uma época em que as vitórias diminuíram quase para metade e também graças a isso caíram de 17º para 22º neste ranking.

 

Os dados

Vitórias: 8 triunfos somente, apenas 1 no World Tour e numa Grande Volta, desde Fevereiro somente 3 vitórias.

Pódios: 41 lugares de pódio, foi uma equipa que bateu muitas vezes na trave, obteve 53% das vitórias, mas ainda logrou 82% dos pódios do ano passado.



Dias de competição da equipa: 222 dias, o que é imenso, é uma estrutura ainda embrenhada na luta pelos pontos para o UCI World Ranking.

Idade média do plantel: 30,5 anos, o que é um número altíssimo tendo em conta que muitas das outras ProTeams têm 26/27.

Mais kms: Em 2023 coube a Paul Ourselin, com 12 609 kms de competição.

Melhor vitória: Tem de ser o surpreendente sprint de Geoffrey Soupe na Volta a Espanha, não só o melhor triunfo do ano, mas também da carreira do experiente gaulês.

 

O mais

Esta é daquelas equipas onde esta secção será mais curta do que a próxima. Obviamente tenho de referir Geoffrey Soupe pelo feito que alcançou, ganhar na Vuelta, quebrando assim uma longa seca desta estrutura em Grandes Voltas, o veterano francês, mais do que habituado a lançar outros sprinters venceu pela perseverança e perspicácia.

Valentin Ferron deu mais um pequeno passo na sua evolução aos 25 anos, o seu saldo ficou em 1 vitória e mais 4 pódios, falta-lhe consistência, é um perigo nas provas francesas do circuito secundário. Mathieu Burgaudeau até estava a fazer uma temporada desapontante, depois quase do nada fez um belíssimo Tour e entre isso e o 2º posto na clássica de Plouay ainda safou praticamente 600 pontos UCI.



Como nem sempre os resultados dão uma imagem fidedigna do que aconteceu, fiquei com uma excelente impressão de Steff Cras, estava na luta pelo top 10/15 no Tour quando caiu e teve de se retirar, reergueu-se para fazer 11º na Vuelta, isto tudo numa estrutura longe de estar preparada para estas andanças.

 

O menos

Podemos começar por Peter Sagan. Apesar de já não se poder dizer que foi uma desilusão porque os sinais estavam lá, o eslovaco deixou uma imagem muito, muito débil. Nunca conseguiu estar sequer na discussão nos principais objetivos da temporada, o que tornou esta despedida muito penosa, principalmente pelo grande campeão que é.

Anthony Turgis esteve completamente perdido em combate durante metade do ano, especialmente no empedrado esperava-se bem mais. Apareceu do nada na Milano-SanRemo e nos últimos meses para alguns resultados de destaque, não aproveitou o apagão de Sagan. O seu parceiro de clássicas Dries van Gestel não esteve tão bem quanto em 2023, mesmo assim encheu um pouco mais as medidas.

Foi uma clássica época de Pierre Latour, começar bem o ano, subir as expectativas, desaparecer uns meses, aparecer numa etapa aleatória do Tour e depois voltar a “hibernar”, um dos ciclistas mais enigmáticos e inconsistentes do pelotão. Um dos grandes défices de pontos World Ranking face a 2022 foi o super veterano Julien Simon, que passou de 880 para 132, irá para 2024 com 38 anos numa tarefa de ajudar os mais jovens. Alexis Vuillermoz teve vários problemas ao longo do ano, competiu relativamente pouco, ainda assim, sair de uma época sem qualquer top 10 é muito desapontante.

 

O mercado

Depois de um ano destes não se esperava esta reacção, ou neste caso, a falta dela. Uma equipa que tanto apostou, também financeiramente, em Peter Sagan, que vê o eslovaco e parte da sua “entourage” sair e que se reforça com 4 franceses relativamente desconhecidos. Como mencionado, Peter Sagan vai embora e não se pode dizer que tenha sido particularmente feliz nesta última fase da carreira, e ao mesmo tempo também saem Maciej Bodnar, Edvald Boasson Hagen e Daniel Oss. Bodnar e Oss fizeram boa parte da carreira ao lado de Sagan. Victor de la Parte e Jeremy Cabot são as outras 2 saídas, elementos que não eram propriamente impactantes na estrutura.



Entram 2 produtos da formação, Lucas Boniface e Baptiste Vadic e 2 elementos de equipas Continentais, Jordan Jegat e Thomas Gachignard, são 2 ciclistas de montanha, que terminaram bem o ano, não se espera que tenham resultados de uma enorme valia.

Este comportamento da TotalEnergies, na minha opinião, só se justifica se a equipa francesa estiver para fazer o mesmo que a BORA-Hansgrohe fez quando Sagan saiu, poupar algum orçamento para no próximo defeso tentar partir a loiça toda, talvez pensando num Julian Alaphilippe, ou noutra oportunidade de mercado que possa surgir para mudar o panorama.

 

O que esperar em 2024?

Seria uma enorme surpresa se entrassem no top 20, o foco da equipa continua a ser muito interno, nas provas da Taça de França e afins. Burgaudeau, Ferron e Ourselin parecem ser bons nomes para isso, mas daí a pegarem de estaca no World Tour vai uma distância muito grande. Anthony Turgis é sempre um nome a ter em conta para fazer uma gracinha nas clássicas, mas com que bloco de apoio? O mesmo se aplica a Steff Cras, tirando Vuillermoz quem é que terá capacidade para o ajudar em 2024 na montanha?

Para os sprints a equipa conta com Sandy Dujardin e Jason Tesson. Espero que o último se afirme de uma forma mais definitiva, fez alguns excelentes resultados no final de época que indicam capacidade para almejar algo mais.



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