Uma das novas ProTeams, com base helvética, e que está ainda a ser construída e a fazer esta transição que obriga sempre a muito esforço. Foi claramente um ano de habituação com um plantel ainda escasso e muito jovem.

 

Os dados

Vitórias: 11 triunfos, mais de metade deles obtidos por Arvid de Kleijn.

Pódios: 31 pódios, novamente com o neerlandês em destaque.

Dias de competição da equipa: 159 dias, o que é muito tendo em conta que foi o primeiro ano como ProTeam.

Idade média do plantel: 26,1 anos, um elenco repleto de juventude.

Mais kms: Não é uma surpresa, foi Simon Pellaud com mais de 11 000 kms.

Melhor vitória: Pela categoria da corrida, pela concorrência que bateu, elegemos a vitória de Arvid de Kleijn na Milano-Torino.

 

O mais

Diria mesmo que Arvid de Kleijn foi uma das contratações do ano. A formação suíça conseguiu explorar ao máximo o rendimento e potencial de um corredor de 29 anos que tinha estado um pouco perdido por equipas Continentais e ProTeams com calendários reduzidos. Não só o ano do neerlandês é incrível em termos de números (6 vitórias e 13 pódios ao todo), mas o que me impressionou mais foi a capacidade e a frequência com que se imiscuiu entre os melhores sprinters do Mundo. Falamos do UAE Tour, da Volta a Polónia, da Volta a Alemanha, do Tour of Guangxi ou mesmo do ZLM Tour. Creio que nem a Tudor estava à espera disto, mas tal também só foi possível porque a equipa helvética tem um comboio bem interessante.

Alexander Kamp finalmente teve liberdade para mostrar do que era capaz nas clássicas, resultado disso foi top 10 na Brabantse Pilj e na Amstel Gold Race, bem como no G.P. Quebec. A isso junta-se o triunfo na Region Pays de la Loire e lugares de honra na Volta a Noruega e Volta a Dinamarca. A equipa acredita muito em Yannis Voisard, trepador suiço de 25 anos que foi 3º na Volta a Hungria e testou-se no World Tour ao fazer top 20 na Volta a Polónia e Volta a Romândia. 




Nota ainda para Rick Pluimers, que por vezes fez parte do comboio de Arvid de Kleijn, e sempre que teve chances de glória pessoal andou muito bem, é um sprinter diferente, que passa melhor a montanha, caminho parecido ao de Maikel Zijlaard.

 

O menos

Esperava bem mais de Joel Suter, numa equipa onde teve imensas portas abertas para brilhar, foi tremendamente inconsistente, andou entre fazer bons contra-relógios e ganhar na Settimana Coppi e Bartali e passar completamente despercebido em corridas até boas para ele. Com a entrada de nomes mais sonantes pode ter perdido aqui uma grande chance para pegar de estaca.

Já não se pode propriamente chamar de desilusão, Tom Bohli voltou a andar muito mal este ano, já nem sequer é considerado quase um outsider para os contra-relógios, a sua especialidade, dos poucos que entrou este ano com experiência de World Tour. Luc Wirtgen, com um calendário bem mais exigente do que no ano passado, sentiu dificuldades e não conseguiu igualar o mesmo nível de resultados.

 

O mercado

É muito raro isto acontecer, mas a Tudor conseguiu não perder ninguém de uma temporada para a outra. Deve-se essencialmente a que de 2022 para 2023 a equipa fez imensas contratações e quase tudo com contratos plurianuais, que se arrastam para 2024. O plantel passa de 21 para 27 ciclistas com 6 contratações, e devemos dizer, a Tudor foi uma das grandes vencedoras do mercado.




A aposta foi feita e é transversal, 2 trepadores e 4 sprinters/ciclistas de clássicas, todos eles provenientes do World Tour e metade deles até já ganhou etapas em Grandes Voltas. Matteo Trentin é ainda um nome a ter em conta para as clássicas, Marius Mayrhofer e Alberto Dainese 2 sprinters em ascensão, Alexander Krieger um lançador de excelência, Michael Storer um puro trepador como há poucos neste momento e Florian Stork uma potencial boa ajuda na montanha.

 

O que esperar em 2024?

Seria uma surpresa se a Tudor não subir lugares no ranking na próxima temporada, diria mesmo que é possível que chegue aos calcanhares de algumas formações do World Tour. Em termos de futuro, não creio que a ambição seja chegar ao World Tour em 2026, para isso estão com um ano de atraso e não dá para recuperar estes pontos face à concorrência. A curto prazo, o objectivo deve ser marcar presença numa Grande Volta. Com Trentin e Dainese estão a namorar claramente o Giro, agora sem a Androni a porta está mais aberta para isso.

Há aqui blocos de grande qualidade, Trentin continua a ser garantia de pódios em sprints com grupos reduzidos e um nome a ter em conta nas clássicas, juntamente com Alexander Kamp podem fazer uma dupla perigosa, Trentin mais para o empedrado e Kamp nas Ardenas. Se já foram perigosos no sprint este ano, então o que dizer com a inclusão de Alberto Dainese na estrutura, potencialmente lançado por Marius Mayrhofer e Alexander Krieger (veremos qual a ideia que a equipa tem para o alemão Mayrhofer). Desta forma o comboio de Arvid de Kleijn ficaria quase intacto e o neerlandês merece a crença dos responsáveis depois do 2023 que fez.

A montanha era claramente uma lacuna, Michael Storer volta a ter porta aberta para fazer grandes exibições na montanha, enquanto Stork e Reichenbach ficarão num papel mais de escudeiros. Se tivéssemos que destacar um nome entre os mais jovens, a escolha recairia em Hannes Wilksch, 3º no último Baby Giro.

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