Patrick Lefevere continua a transformar a sua equipa em torno de Remco Evenepoel e o belga voltou a ser a grande figura da temporada. A próxima época poderá não ser fácil, com muitas saídas e aposta na juventude.

 

Os dados

Vitórias: 55 triunfos, mais 8 triunfos que na temporada passada, o Wolfpack voltou a carburar.

Pódios: uns impressionantes 134 pódios, sendo que conseguiram tantos segundos lugares quantas vitórias (55).

Dias de competição da equipa: 256 dias de competição, dentro do calendário que costumam fazer todas as temporadas.



Idade média do plantel: 29,3 anos, uma média influenciada pelos 40 anos de Dries Devenyns já que o plantel possui 8 ciclistas abaixo dos 25 anos.

Mais kms: Yves Lampaert com um total de 12 086 kms.

Melhor vitória: Remco Evenepoel teve várias vitórias impressionantes, no entanto destacamos a Liege-Bastogne-Liege, defesa do título e com a camisola de campeão do Mundo.

 

O mais

Remco Evenepoel é a grande figura da equipa e voltou a ser o grande destaque. Venceu o UAE Tour, revalidou o título na Liege-Bastogne-Liege, venceu o título belga de estrada, a Clássica San Sebastian e o título mundial de contra-relógio, foi 2º na Catalunha (venceu duas etapas) e 3º no Tour de Romandie. No Giro era líder quando foi forçado a abandonar devido ao COVID e já com 2 etapas e na Vuelta teve um dia mau mas salvou com 3 etapas e a camisola da montanha. Evenepoel é a irreverência no estado puro.

Ilan van Wilder correu muitas vezes no apoio a Evenepoel mas quando teve as suas oportunidades não falhou, vencendo a Volta a Alemanha, 3º no Algarve e 4º na Polónia. Andrea Bagioli apareceu nas Ardenas, 6º na Amstel Gold Race, venceu em provas do Europe Tour antes de um final de época fabuloso, ganhando Gran Piemonte e sendo 2º na Lombardia. Yves Lampaert também apareceu a espaços e, nas clássicas, foi Kasper Asgreen a dar a cara, 7º em Flandres e ainda foi a tempo de vencer no Tour.

Com um calendário alternativo, sem grandes voltas, Tim Merlier cumpriu, somando 10 vitórias, incluindo 4 no World Tour. Ethan Vernon ainda estava mais tapado mas venceu por 5 vezes, 1 delas no escalão máximo.

 

O menos

Fabio Jakobsen até venceu por 7 vezes no entanto falhou nos objetivos principais, como o Tour, onde a vitória não sorriu. Faltou sempre algo para o neerlandês conseguir vencer nas grandes provas. Longe vão os tempos em que Julian Alaphilippe era um dos candidatos a vitórias em Monumentos. Foi às provas do empedrado e falhou, nas Ardenas falhou e no Tour, muito tentou, e também falhou.



É um pouco injusto colocar aqui Mauri Vansevenant. O belga iniciou a época muito bem no Tour of Oman, as expectativas eram muitas, só que depois uma série de lesões colocaram em cheque a restante temporada. Florian Senechal e Davide Ballerini eram duas alternativas no bloco de clássicas e mal se viram, já tiveram temporadas muito melhores e com grandes êxitos. Jan Hirt vinha para ser um dos apoios de Evenepoel e mal se viu.

 

O mercado

A diminuição de orçamento da equipa belga levou a um desinvestimento geral no plantel e, consequente, saída de alguns ciclistas importantes da equipa. Fabio Jakobsen é uma das grandes figuras de saída e, também no sprint saem Michael Morkov, Ethan Vernon e Davide Ballerini. Do bloco de clássicas saem Florian Senechal, Jannik Steimle e Stan van Tricht, para além dos polivalentes Dries Devenyns, Remi Cavagna, Andrea Bagioli, Mauro Schmid e Tim Declercq.

Muitas saídas também significam muitas entrada,s no entanto, de nomes conhecidos, apenas a destacar Mikel Landa (reforço para o bloco de montanha de Remco Evenepoel) e Gianni Moscon (tentativa de relançar a carreira). Da equipa de desenvolvimento chegam 4 nomes: Jordi Warop, William Junior Lecerf, Gil Gelders e Warre Vangheluwe. Da Trinity, uma das boas equipas de formação, chegam o sprinter Luke Lamperti e o todo-o-terreno Paul Magnier e da Vendee U o trepador Antoine Huby. Ayco Bastiens vem fazer o papel de Tim Declercq.

 

O que esperar em 2024?

O foco em Remco Evenepoel é cada vez maior e isso foi notório neste mercado de transferências. A juntar a isso, a diminuição de orçamento não permitiu milagres a Patrick Lefevere e companhia. Posto isto, acredito numa ligeira descida no ranking por parte da QuickStep. O campeão belga é a grande figura da equipa e continuará a centrar todas as atenções, não só nas Ardenas mas agora também no Tour. Isto significa que Tim Merlier estará, quase de certeza, ausente da Grande Boucle mas poderá correr outra Grande Volta, algo que não fez este ano. Merlier estará motivado para mostrar que merece estar nos grandes palcos.



Kasper Asgreen em forma é um perigo nas clássicas, não se importa de atacar de longe, tem é que contar com Yves Lampaert bem. Casper Pedersen pode assumir um papel mais importante, o dinamarquês pode surpreender. Mikel Landa não será só gregário de Evenepoel, irá ter as suas oportunidades numa equipa com poucos líderes para a montanha. O mesmo podemos dizer de Ilan van Wilder.

Entre os jovens, todos muito talentosos, Luke Lamperti e Willian Junior Lecerf podem ser aqueles que mais depressa vão dar resultados.

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