A Arkea-B&B Hotels é uma equipa que chegou ao World Tour com mérito, mas que claramente não tem uma estrutura dessa dimensão montada a longo prazo, a menos que uma temporada corra muito, muito bem, dificilmente fica nas 15 melhores equipas. Pode alcançar esse resultado, mas precisa de um Arnaud Demare perto dos seus tempos áureos, ainda assim foi mais uma temporada agradável tendo em conta o plantel que tem e com alguns resultados de relevo.

 

Os dados

Vitórias: Esta época não chegaram às 10 vitórias, sendo que Demare só picou o ponto por 2 vezes e a única vitória World Tour foi a de Vauquelin conquistada no Tour.

Pódios: Um total de 48 pódios, ou seja, 39 lugares de segundo e terceiro posto, as vitórias estavam caras de aparecer.

Dias de competição do plantel: 297 dias de corrida, um número impressionante, é uma equipa consciente que precisa de marcar constantemente pontos para o ranking UCI e tenta aproveitar todas as chances para isso.

Idade média da equipa: 27,9 anos, a formação gaulesa tem 9 corredores acima dos 30 anos.

Mais kms: Já falámos de equipas nesta rubrica em que tinham poucos ciclistas acima dos 10 000 kms, a Arkea teve 8 acima dos 11 000 kms e Mathis Le Berre cumpriu 12 917 kms.




Melhor vitória: Obviamente, o triunfo de Kevin Vauquelin na 2ª etapa da Volta a França e que fez imediatamente a competição para a Arkea, aproveitaram uma das poucas oportunidades da melhor maneira. De notar ainda o pódio conquistado por Luca Mozzato no Tour des Flandres.

 

O mais

Acho que temos de realçar vários nomes aqui, foram mais os ciclistas em sobrerendimento do que em subrendimento. Não foi a primeira boa época de Luca Mozzato, o italiano mostrou este ano que nas clássicas melhorou muito, descurando até um pouco os sprints e teve capacidade de discutir o top 5 em corridas importantes, ganhou a Koksijde Classic e fez 2º no Tour des Flandres, no entanto eclipsou-se por completo depois de Maio. Kevin Vauquelin tem tudo para se assumir como o grande líder da equipa em 2025, depois disso vai ser difícil segurá-lo, teve um início de época fulgurante, foi 2º na Etoile de Besseges, 10º no Tirreno-Adriatico, 8º na Volta ao País Basco e 2º na Fleche Wallonne, para além daquela grande conquista no Tour. Diria que o caminho é este, clássicas e provas de 1 semana, tem tudo para ser extremamente perigoso aí.

Vincenzo Albanese foi uma contratação mais do que acertada, o italiano de 28 anos contribuiu com 935 pontos UCI fruto de uma temporada tremendamente consistente onde somou 5 pódios e 18 top 10’s. Clement Champoussin fez essencialmente uma segunda metade do ano de boa qualidade, 2º na Arctic Race e Circuito de Getxo, venceu o Giro della Toscana e ainda fez pódio no G.P. Wallonie, também está de saída. Ewen Costiou é um jovem em franca ascensão, bons resultados em corridas World Tour como o Paris-Nice (17º) ou o Tour of Guangxi (9º) e melhores posicionamentos ainda fora do World Tour. Amaury Capiot regressou ao seu nível habitual.

 

O menos

O grande nome aqui tem de ser Arnaud Demare, uma aposta enorme da equipa e fazer somente 511 pontos UCI com apenas 2 vitórias, nenhuma delas no World Tour não é aceitável para um corredor do gabarito e capacidade de Demare. No Tour não se mostrou nada competitivo face aos “tubarões” e só somou 3 pódios em 2024. O grande líder para as clássicas era Florian Senechal e o gaulês de 31 anos fez … talvez a pior temporada da carreira, e já não é a primeira vez que ciclistas saem da Quick Step e o seu desempenho cai drasticamente. Estamos a falar de alguém que em tempos se falava ser o próximo vencedor francês do Paris-Roubaix e que em 2024 fez 1 top 10.




Matis Louvel falhou a parte inicial da época devido a problemas físicos, precisamente o período coincidente com as clássicas e a partir daí nunca mais recuperou o seu real nível, que mostrou em 2022, agora com 25 anos não é propriamente uma promessa. Também já vimos um Elie Gesbert muito melhor, no entanto é preciso lembrar que o francês caiu na Volta ao País Basco e só regressou em Agosto, falhar o miolo da temporada tem um custo muito grande.

 

O mercado

No deve e haver das transferências, talvez a Arkea seja daquelas que tenha o saldo mais negativo, visto que perde uma série de ciclistas importantes, inclusivamente para equipas que estão a lutar pelos mesmos objectivos no ranking. Para além disso, apenas 6 entradas e ninguém vindo do World Tour, 5 da equipa de formação. Lozouet tem 20 anos e foi 3º nos Europeus de estrada, Rouland tem 22 anos, é um trepador alto e muito leve, parece Paret-Peintre, foi 3º nos Nacionais. Epis é italiano, tem 22 anos e parece ser mais um puncheur, estilo Albanese e Tjotta tem 23 anos, é norueguês e mesmo no escalão sub-23 não tem muitos resultados relevantes. Por fim Svestad-Bardseng é o mais conhecido, também ele norueguês, com 22 anos, foi 4º no Giro di Lombardia sub-23, 11º na Volta a Eslováquia entre os elites.

 

O que esperar de 2025?

Ou Demare e Senechal melhoram muito ou antevejo um 2025 bem complicado para a Arkea-B&B Hotels, é que perderam imensos corredores que dentro da estrutura eram muito importantes, casos de Louvel, Champoussin e Albanese, ou mesmo McLay, Barré e Dekker, que na preparação dos sprints eram peças bastante relevantes. Isto é um grande tiro no escuro, o plantel reduziu para 26 corredores e quase parece que estão a fazer a transição ou a preparar uma eventual saída do World Tour. Venturini e Mozzato não são propriamente corredores de comboio e devem ficar mais focados nos seus resultados, Demare fica com Biermans e Capiot, o que não é mau, mas é curto e fica sujeito a lesões ou baixas de rendimento. Parece haver um descrédito em Senechal ou saíram vários ciclistas de clássicas e mesmo trepadores ficam Cristian Rodriguez, Ewen Costiou e pouco mais. Se ficarem no top 20 do ranking é graças a uma subida de rendimento de Demare, senão antevejo uma queda no ranking.



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