Alicerçada numa temporada fabulosa de Tadej Pogacar, a UAE Team Emirates realizou uma época de sonho! 81 triunfos, 2 Grandes Voltas, 2 Monumentos e muitas mais razões para sorrir, com os principais líderes a não desiludirem. A expectativa para 2025 é enorme, para saber se é possível fazer mais e melhor.
Os dados
Vitórias: 81 triunfos, a segunda melhor época da história de uma equipa de ciclismo!
Pódios: uns impressionantes 179 pódios, um número absurdo e que não seria de imaginar por qualquer equipa profissional.
Dias de competição da equipa: 289 dias de corrida, uma das equipas que mais corre em todo o pelotão internacional, o que foi fundamental para as estatísticas mencionadas anteriormente.
Idade média do plantel: 28 anos, muita aposta na juventude (7 ciclistas abaixo dos 25 anos) contrastada com a experiência de 6 ciclistas acima dos 32.
Mais kms: Pavel Sivakov foi o único ciclista a superar a barreira dos 13 000 kms.
Melhor vitória: com Tadej Pogacar a ter tantas vitórias impressionantes é difícil escolher uma. Tirando os Mundiais, que foram ao serviço da seleção da Eslovénia, escolhemos a Strade Bianche, pela forma como venceu, o tipo de percurso que era e o que conseguiu fazer.
O mais
Quem mais senão Tadej Pogacar? O esloveno teve uma das melhores temporadas que há memórias, venceu o Giro e o Tour, 6 etapas em cada, 2 Monumentos (Liege-Bastogne-Liege e Lombardia) e foi campeão do Mundo. Domínio total numa temporada onde apenas existiram altos e onde ninguém se conseguiu aproximar do nível extratosférica de Pogacar. 25 vitórias em 2024!
João Almeida foi de menos a mais na temporada. 9º na Volta a Catalunha, 2º na Volta a Suíça onde conquistou duas etapas, e 4º no Tour de France depois de muito trabalhar para Pogacar. Teve o azar de mais um teste positivo à COVID-19 na Vuelta. Adam Yates aproveitou as suas oportunidades, venceu o Tour of Oman e a Volta a Suíça, antes de ir ao Tour trabalhar e ainda fazer 6º. Na Vuelta ainda venceu uma etapa. Juan Ayuso continua a sua evolução, venceu, pela primeira vez, provas por etapas no World Tour e, polémicas à parte, abandonou o Tour devido a COVID-19. Ainda nas provas por etapas, Brandon McNulty e Isaac del Toro merecem a menção pelos resultados alcançados, com Tim Wellens, Marc Soler e Pavel Sivakov a serem gregários de luxo.
Marc Hirschi voltou a ter um calendário alternativo, liderou nas provas do circuito europeu, sempre com muito sucesso, recheado de vitórias nas clássicas e provas de uma semana, o que lhe valeu mais de 3500 pontos UCI. António Morgado foi brilhante nas clássicas do empedrado, perto de vencer Le Samyn e 5º na Flandres, Rui Oliveira teve um final de época impressionante, a vitória está perto de aparecer e Nils Politt também aproveitou as suas oportunidades.
O menos
É difícil falar mal da temporada da UAE Team Emirates. Talvez Juan Sebastian Molano tenha sido aquele ciclista que mais tenha desiludido. O colombiano é o principal sprinter da formação árabe e terminou a vitória apenas com 1 triunfo conseguido na última competição da época. Molano teve um calendário interessante, teve muitas oportunidades, muito apoio e, mesmo assim, não conseguiu corresponder às expectativas.
Felix Grosschartner também merece uma menção. É certo que o austríaco era mais gregário do que líder, só que mesmo assim não conseguiu aproveitar as poucas oportunidades que teve, normalmente conseguia tirar proveito disso e, em 2024 apenas 4º na Volta a Áustria e 7º na Volta a la Comunitat Valenciana. Num plantel com tantas estrelas, Alessandro Covi está transformado num gregário, longe vão as épocas em que conseguia brilhar nas clássicas italianas.
O mercado
Mercado de transferências muito cirurgico mas muito eficaz por parte da equipa comandada por Mauro Gianetti. Marc Hirschi vinha a ser um dos melhores mas não tinha a liderança nas principais competições, procurando-a na Tudor, Diego Ulissi ainda era garantia de resultados mas já bastante veterano. Finn Fisher-Black, Sjoerd Bax, Álvaro José Hodeg e Michael Vink são as restantes saídas do plantel.
Jhonatan Narvaez é, para nós, a principal contratação. O equatoriano deu um salto qualitativo esta época, está um todo-o-terreno cada vez mais completo, poderá fazer uma temporada de luxo. Florian Vermeersch será muito importante para as clássicas, se deixar as lesões para trás, terá um papel fundamental. Rune Herregots faz um pouco de tudo, bom contra-relogista, excelente na média montanha, e Julius Johansen será o homem para as longas perseguições na frente do pelotão. Por fim, da equipa de desenvolvimento chega o jovem Pablo Torres, 2º no Tour de l’Avenir e no Giro NextGen.
O que esperar de 2025?
A motivação está em alta, a equipa fez um grande ano mas quer mais, Jotxean Matxin até disse que a nota para esta temporada é B+, ainda dá para fazer melhor. Tadej Pogacar vai voltar a fazer as clássicas do empedrado, será um dos alvos a abater, ainda para mais uma equipa que está mais reforçada do que em 2022, quando o campeão do Mundo marcou presença na Flandres. O esloveno sabe o que fez e vai chegar fresco ao Tour de France, pois acreditamos que, apesar de todo o mistério, irá apontar à Vuelta na tentativa de fazer uma nova dobradinha de Grandes Voltas. Nunca esquecer as Ardenas, onde será, também, dos favoritos.
Pensando nos portugueses, João Almeida vai ter as suas oportunidades, tem um calendário interessante até ao Tour, possivelmente irá trabalhar para Pogacar nas duas Grandes Voltas do ano mas, tal como vimos este ano, ainda assim é capaz de um bom resultado. Adam Yates e Juan Ayuso apostam no Giro, é o grande objetivo deles na temporada, não podemos negar isso, têm que se mostrar aí se querem manter um lugar alto na hierarquia. António Morgado, Rui Oliveira e Ivo Oliveira serão, essencialmente, gregários, com Pogacar a estar presente nas grandes provas têm que aproveitar em competiçõs do circuito europeu. Nils Politt e Tim Wellens, dois gregários todo o terreno, também entram nesta categoria.
Depois temos os jovens Isaac del Toro e Jan Christen, ciclistas que continuam a sua evolução, tiveram uma estreia profissional de grande nível e devem ter um calendário mais preenchido em 2025 e com provas ainda mais importantes.