A temporada da Astana girou em torno de Mark Cavendish e o objetivo acabou concretizado. Apesar de tudo, mais um ano para esquecer e a despromoção do World Tour é, cada vez mais, uma certeza. 2025 trará um novo nome, investimento oriundo da China e mais uma revolução no plantel.

 

Os dados

Vitórias: 12 triunfos, um dos mais baixos desde a criação da equipa e deste ano no World Tour.

Pódios: 47 lugares no pódio, um registo inflacionado pelas provas de final de ano na Ásia.

Dias de competição do plantel: 281 dias de competição, um calendário muito extenso, com a equipa a viajar até destino antes menos procurados em busca dos pontos UCI.

Idade média da equipa: 28,1 anos, uma das equipas mais veteranas do pelotão, com 4 ciclistas acima dos 35 anos.

Mais kms: Harold Tejada foi o globetrotter, com praticamente 13500 kms em competição.

Melhor vitória: Pelo simbolismo, pela forma como foi conseguida e, também, por ter sido a única vitória do ano no World Tour, o triunfo de Mark Cavendish na Volta a França.

 

O mais

Lorenzo Fortunato foi um dos poucos ciclistas a evoluir de 2023 para 2024. Deixou de ser tão ofensivo, focando-se mais nas classificações gerais e nos respetivos pontos UCI, o que o tornou um ciclista mais regular, algo que raramente acontecia. 8º no Tour of Guangxi, 10º na Volta a Catalunha, 12º no Giro e 16º na Vuelta, resultados discretos mas dentro do desastre da Astana foi positivo. Dentro dos homens da montanha, a espaços, Harold Tejada e Harold Martin Lopez também mostraram o seu valor, só que a estes faltou mais consistência.

Mark Cavendish tem apenas um objetivo para 2024, vencer no Tour e cumpriu-o! Não se podia pedir muito mais ao britânico que, mesmo assim, ainda conseguiu mais duas vitórias ao longo do ano. Max Kanter foi o sprinter mais regular da equipa, finalmente conseguiu a primeira vitória da carreira e terminou a temporada com uns impressionantes 19 top-10. O gigante Gleb Syritsa também aproveitou as suas oportunidades. Numa Astana com poucas alternativas, Christian Scaroni foi aparecendo nas provas de média montanha e clássicas acidentadas, sempre um ciclista regular, com alguns top-10 em provas importantes.

 

O menos

Foi penoso ver a temporada de Alexey Lutsenko. Longe vão os tempos em que o cazaque conseguia estar entre os primeiros nas clássicas e nas provas por etapas, vencer o Giro d’Abruzzo e 8º na Liege-Bastogne-Liege é muito pouco para a temporada de uma das grandes figuras da equipa cazaque. Henok Mulubhran até somou muitos pontos UCI, é contraditório estar nesta categoria, no entanto sentimos que pode render mais em provas do calendário europeu, apenas rentabilizou os resultados quando foi até à China, onde a concorrência é mais fraca.

Simone Velasco é capaz de muito mais, o italiano foi peça de destaque durante algumas fases da temporada, a combatividade esteve sempre presente, mas um ciclista da sua qualidade e que sempre primou pela regularidade esteve uns furos abaixo. Ainda olhando para as clássicas, temporadas sofríveis para Ide Schelling e Samuele Batistella. O facto de terem sido peças fundamentais do comboio de Mark Cavendish retirou algum protagismo individual a Davide Ballerini e Cees Bol, ambos tiveram menos oportunidades e isso levou a que tivessem temporadas mais fracas.

 

O mercado

Pelo segundo ano consecutivo, a equipa de Alexandre Vinokourov faz uma revolução no plantel. 13 saídas estão confirmadas, com Mark Cavendish, Alexey Lutsenko e Samuele Batistella a serem os principais nomes a deixarem o projeto. Quase todos os ciclistas cazaques viram o seu contrato não ser renovado, um claro sinal de mudança fruto da entrada de novos patrocinadores. A tentativa de somar muitos pontos UCI também levou a uma grande aposta nas contratações.

Chegam os veteranos Diego Ulissi e Wout Poels, ciclistas com muita experiência no World Tour e que ainda conseguem liderar em muitas provas do calendário europeu. Ainda para a montanha e provas por etapas/clássicas mais acidentadas, foram contratados Sergio Higuita, Fausto Masnada, Clement Champoussin, Nicola Conci e 3 jovens talentos – Alessandro Romele (2º no Tour of Istambul), Darren van Bekkum (vencedor da Ronde de l’Isard)  e Florian Samuel Kajamini (5º no Tour de l’Avenir e 7º no Baby Giro). O sprint não foi esquecido, com Matteo Malucelli a ter a sua primeira oportunidade no World Tour, tal como o neozelandês Aaron Gate. Mike Teunissen deverá ser peça fundamental nas clássicas da Primavera e nos comboios de sprint.

 

O que esperar de 2025?

Chega o investimento chinês, por intermédio da XDS e, consequentemente, muito dinheiro! As primeiras mudanças já estão à vista, com uma reformulação enorme do plantel em busca dos pontos UCI que, caso não garantam a manutenção, pelo menos dê para os convites automáticos em 2026. Alberto Bettiol chegou a meio da temporada e será um dos principais líderes, o italiano é a grande figura para as clássicas da Primavera, terá a missão de conseguir grandes resultados. Lorenzo Fortunato continua a ser o principal trepador, com a chegada de Wout Poels e Fausto Masnada tem mais apoio, no entanto estes também deverão ter as suas oportunidades, tal como Sergio Higuita, alguém que precisa de revitalizar a sua carreira.

Max Kanter deverá assumir-se, ainda mais, como o principal sprinter da equipa asiática, com Cees Bol a ter um papel diferente em 2025, já sem estar ligado ao comboio de Mark Cavendish. Se este ano já vimos uma Astana a viajar para a Ásia, com o patrocínio da XDS será uma certeza em 2025. Matteo Malucelli, Aaron Gate, Gleb Syritsa e Henok Mulubhran podem ser figuras centrais nesse calendário. Simone Velasco, Christian Scaroni e Diego Ulissi são 3 corredores muito parecidos, passam bem a média montanha e boa ponta final, podem formar um trio muito perigoso durante a temporada de clássicas do asfalto na Primavera e no Outono.

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