Uma equipa que tem caído a olhos vistos no ranking, há 2 anos estava no 17º posto, este ano nem 5000 pontos UCI fez. Um projecto que perdeu Peter Sagan e que parece ainda não ter encontrado propriamente um rumo, os jovens que estão a aparecer deram bons sinais este ano.

 

Os dados

Vitórias: Terminam a temporada com 13 triunfos, impulsionados pelas digressões na Turquia e no Japão, a sequência arrancou em força após a épica vitória de Turgis no Tour.

Pódios: 33 lugares de pódio, onde se destacam está claro os 2 obtidos durante a Volta a França.

Dias de competição do plantel: 197 dias de corrida, o périplo pela China, Japão e Turquia à procura de pontos aumenta naturalmente este número.

Idade média da equipa: 28,7 anos, o facto de terem 3 veteranos acima dos 35 anos inflacciona este valor.

Mais kms: 7 ciclistas superaram a marca dos 10 000 quilómetros de competição, Jordan Jegat chegou aos 12 407 kms.

Melhor vitória: Um sucesso quase caído do céu numa temporada que estava a ser cinzenta por parte de Anthony Turgis, o talentoso francês arrancou para um fuga interessante da etapa da gravilha que acabaria por ter sucesso.



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O mais

Nenhum dos ciclistas mais conceituados brilhou propriamente visto que o triunfo de Anthony Turgis não coincidiu com o seu rendimento ao longo do ano, apesar de significar bastante. O corredor que mais se destacou foi Emilien Jeanniere, francês de 26 anos que apenas subiu a profissional no ano passado. Sim, somou 4 das 13 vitórias e muitos pontos em provas com um pelotão mais desfalcado como o Tour of Istambul e o Tour de Kyushu, mas mostrou-se altamente competitivo em corridas de maior gabarito. Foi 4º na Super 8 Classic, 7º no G.P. Fourmies, fez 2 pódios em etapa no Tour de Wallonie, foi 5º na Boucles de la Mayenne, 2º na Antwerp Port Epic, top 10 na clássica De Panne, é um ciclista com uma boa ponta final e que passa bem as colinas, talhado para as clássicas do empedrado e com um perfil semelhante a Anthony Turgis.

Por algum motivo, Jordan Jegat foi o ciclista que mais quilómetros fez este ano. Associou a quantidade de competição ao rendimento, um ciclista de 25 anos que passou precisamente este ano a profissional, neste departamento a TotalEnergies fez um recrutamento impecável. 8º na Volta ao Luxemburgo, 3º no Giro della Toscana, 2º no Tour de Jura e até 14º na Fleche Wallonne, é alguém mais leve, mais talhado para as provas com colinas bem inclinadas. Matteo Vercher deu bons sinais aos 23 anos, Thomas Gachignard esteve muito bem nas provas internas e Mathieu Burgaudeau também somou pontos importantes.

 

O menos

Eu diria que não existiram grandes, grandes desilusões, até porque não haviam propriamente grandes líderes e não haviam expectativas enormes. Dries van Gestel esteve uns furos abaixo do que tinha demonstrado nas clássicas do empedrado comparativamente a outros anos e agora deve ter outro papel na Soudal-Quick Step. Valentin Ferron não esteve, nem de perto nem de longe, ao nível que andou em 2023, terminou 2024 sem qualquer pódio quando se esperava que assumisse um pouco mais o papel de líder.



Sandy Dujardin somou cerca de 270 pontos UCI, um pouco longe dos 400/500 somados em 2022 e 2023 e sem particular concorrência extra no departamento dos sprints, significa simplesmente que não aproveitou tão bem as oportunidade que teve ao longo do ano. No entanto diria que a grande desilusão da formação gaulesa foi mesmo Pierre Latour, que aos 31 anos continua a ser extremamente inconsistente e teve uma época carregada de DNF’s, alguém que já esteve 2 anos no top 100 do ranking mundial. Ao todo foram 12 DNF’s num total de 52 dias de competição, mais de 20%, o problema é que quando acabou as corridas também não obteve resultados por aí além tirando o Tour of Rwanda.

 

O mercado

A estrutura liderada por Jean Rene Bernardeau apostou numa estratégia semelhante aos anos anteriores, recrutamento interno e de divisões inferiores, sendo que perdeu históricos como Julien Simon e Alexis Vuillermoz, que acabaram as carreiras, e ciclistas que em princípio eram garantia de alguns resultados ao longo do ano como Dries van Gestel, Paul Ourselin e Valentin Ferron.

Dos reforços apenas Valentin Retailleau veio do World Tour, da Decathlon-Ag2r, e tem um perfil combativo, que combina com a TotalEnergies. Alexys Brunel tem uma segunda oportunidade a nível profissional depois de ter saído da UAE Team Emirates a meio de 2022, passou grande parte de 2024 a competir em provas de Gravel. Rayan Boulahoite e Nicola Marcerou são provenientes da Vendee U, equipa amadora/sub 23 da Total Energies, Florian Dauphin foi recrutado à equipa Continental da Arkea, tem 25 anos e vem com algum histórico em corridas 2.2.

Joris Delbove ganhou o Tour Alsace e da mesma equipa foi Alexandre Delettre, depois de um 2023 incrível ao serviço da St.Michel, fez vários pódios em corridas internas importantes, finalmente teve mais oportunidade depois de ter mostrado sinais de algum talento enquanto representava a Delko em 2021. Samuel Leroux também fez a sua melhor temporada de sempre e como prémio saiu da Roubaix-Lille e deu o salto para uma ProTeam, depois de 7 temporadas ao serviço da estrutura Continental.



O que esperar de 2025?

Para a próxima época, espero uma temporada semelhante por parte da TotalEnergies. Não há reforços sonantes e as saídas ainda foram relevantes, por muito que haja jovens a aparecer e a assumir a liderança da equipa isso ainda é manifestamente pouco para competir de igual para igual no World Tour e mesmo a nível interno Groupama-FDJ e Decathlon-Ag2r neste momento apresentam outras armas, mesmo muitas vezes competindo sem os seus principais ciclistas. Esta estrutura precisa desesperadamente de um Anthony Turgis ao melhor nível e com outra regularidade, é o único com pergaminhos e aparentemente capacidade para andar nas principais clássicas com os melhores.

A quantidade de pontos da equipa vai estar muito dependente da manutenção de nível de ciclistas como Jeanniere, Burgaudeau ou Dujardin e da quantidade de incursões que façam a países onde as provas não têm a mesma qualidade no pelotão e daí também as vitórias e os pódios que em corridas europeias não são assim tantos. Seria uma surpresa se em 2025 a Total Energies estivesse no top 20 deste ranking.

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