Voltamos a Itália para falar de uma equipa emblemática, a Bardiani, uma estrutura já bem antiga e que supostamente tem a sua continuidade garantida por alguns anos. A temporada foi razoável sem ser excepcional, sendo que um dos pontos positivos é a manutenção de uma identidade bem clara e visível.
Os dados
Vitórias: 6 triunfos, 3 deles em competições 2.Pro
Pódios: 31 lugares de pódio, não estão aqui contabilizados os alcançados em corridas sub-23
Dias de competição do plantel: Têm diversificado cada vez mais o calendário à procura de pontos, terminaram com 198 dias de competição
Idade média da equipa: 25,5 anos, um elenco muito jovem, este número também subiu porque entrou o super veterano Pozzovivo em Fevereiro
Mais kms: Enrico Zanoncello e Manuele Tarozzi superaram os 12 000 kms, Zanoncello acabou com 12 467 kms
Melhor vitória: Tem de ser a de Alessandro Tonelli logo a abrir a época na Volta à Comunidade Valenciana, com uma fuga.
O mais
Um sub-23 excepcional, Giulio Pellizzari deu o tal salto que se esperava, mesmo numa estrutura que não tem o poderio das do World Tour. 8º no Tour of the Alps, 2º numa etapa da Volta a Itália em que só foi batido por Tadej Pogacar, 3º na Volta a Eslovénia, 7º na Volta a Áustria, é um clássico puro trepador italiano e é um bom sinal não se ter apagado depois do Giro.
Surreal o nível que Domenico Pozzovivo ainda demonstrou aos 41 anos, ao ser 20º no Giro e 4º na Volta a Eslovénia, estamos a falar de alguém que esteve sem equipa vários meses e que “voltou” para ainda contribuir com mais de 300 pontos UCI para a causa da Bardiani. Muita atenção ao final de época de Filippo Magli, 13º na Volta a Dinamarca, 3º no Tour of Hainan e 4º no Gran Piemonte, poderá ganhar mais protagonismo em 2025. Alessandro Tonelli voltou a deixar uma boa imagem.
Manuele Tarozzi foi dos que mais impressionou, é um digno sucessor de Tonelli, ajudou o seu veterano colega a ganhar logo em Fevereiro e depois fez mais 2 fugas vitoriosas na Ásia, é um corredor muito completo que dá gosto ver com esta mentalidade.
O menos
Não considero que tenha havido propriamente grandes desilusões, simplesmente os sprinters da equipa não estiveram tão eficazes como em 2023, Enrico Zanoncello não brilhou tanto nas provas chinesas como tinha acontecido no ano passado quando obteve 3 triunfos. Este ano apenas picou o ponto no Giro d’Abruzzo e é preciso considerar que a concorrência nessas corridas asiáticas é cada vez maior e melhor devido à procura por pontos UCI.
No entanto quem caiu um bocadinho mais de nível até foi Filippo Fiorelli, um sprinter que passa bem as subidas e que em 2023 fez alguns pódios importantes, sai de 2024 sem qualquer top 3 e com um desempenho bem abaixo do esperado, apenas somou 195 pontos UCI, menos de metade face ao ano transacto.
O mercado
Obviamente a perda de Giulio Pellizzari é um rude golpe, mas é algo natural neste tipo de equipas, o jovem transalpino vai para uma das melhores equipas do Mundo e não havia capacidade financeira sequer para o segurar, para além de ser uma grande oportunidade a nível pessoal. Pozzovivo já se sabe que vai acabar a carreira e para já não há notícia oficial de renovação para Zoccarato, Tonelli, Gabburo e Lucca.
As contratações são um clássico da Bardiani, 6 jovens de tenra idade e que mostraram potencial nos escalões mais jovens, este ano com a novidade de recrutarem 2 colombianos, eles são Edward Cruz e Martin Herreno, ambos de 18 anos e ambos já corriam em Itália enquanto juniores, são projectos de longo prazo. No mesmo patamar está Filippo Cettolin, que fez 9 pódios este ano, Santiago Ferraro é um sprinter, dos melhores em Itália no escalão de juniores, Andrea Montagner é outro bom finalizador que inclusivamente teve 2 vitórias internacionais pela Itália e Mattia Stenico fez pódio no Giro di Lombardia para juniores, também estes 4 italianos têm 18 anos.
O que esperar em 2025?
Com a saída de Pellizzari e Pozzovivo abre-se uma nova janela de oportunidade para jovens trepadores mostrarem todo o seu talento e potencial. Tanto pode aparecer um novo Pellizzari, como não aparecer ninguém, é sempre um jogo perigoso este da Bardiani. Um desses nomes pode ser Vicente Rojas, que fez alguns top 10 no escalão sub-23, incluindo no Giro Valle D’Aosta, é um puro trepador muito pequeno que vai tentar ser de certa forma o sucessor de Pozzovivo, tem características semelhantes.
Olho em Alessandro Pinarello, ele começou muito bem o ano na Turquia, depois apagou-se um pouco e fez 9º no Baby Giro, os resultados entre os elites mostram também que está numa fase de maturação um pouco mais avançada. Mattia Pinazzi e Lorenzo Conforti são os nomes a surgir para os sprints, Pinazzi um pouco mais velho e mais regular, dá a ideia que o potencial de Conforti tem um tecto um pouco mais alto, veremos até que ponto não vamos ter Zanoncello mais num papel de lançador e mentor.