A Burgos-BH decidiu tornar-se numa equipa mais internacional, apostando num calendário mais alargado, com viagens constantes até à Ásia. No final, siu recompensada com a melhor temporada desde a sua criação. Para 2025, a aposta neste tipo de filosofia é para manter, com novas contratações em mercados alternativos.
Os dados
Vitórias: 13 triunfos, a melhor época de sempre, sendo que 6 foram conseguidas no escalão Pro Serires, curiosamente todas na Ásia.
Pódios: 32 pódios, o que demonstra a grande eficácia da equipa, praticamente um terço foi transformado em triunfos.
Dias de competição da equipa: 147 dias de competição, mais que o habitual calendário espanhol e francês com as já referidas viagens à Ásia.
Idade média do plantel: 28,6 anos, uma equipa que mistura a experiência com os jovens provenientes da sua equipa de clube em Espanha.
Mais kms: o combativo Ander Okamika realizou mais de 9600 kms.
Melhor vitória: pela forma autoritária como foi conseguida, a vitória final no Tour of Hainan por parte de Aaron Gate, depois de ter ganho duas etapas perante equipas World Tour.
O mais
Aaron Gate foi uma aposta mais que ganha! O neozelandês realizou a melhor temporada da carreira na estrada, somando uns impressionantes 815 pontos UCI. Com um calendário alternativo, apenas fez uma prova em Espanha, Gate venceu a New Zealand Cycle Classic (mais 4 etapas), o Tour Trans-Himalaya e o Tour of Hainan (mais 2 etapas), foi campeão nacional de estrada e campeão da Oceânia em contra-relógio e 4º no Tour de Taiwan. José Manuez Diaz tornou-se um corredor mais regular, o trepador espanhol somou 13 top-10 ao longo do ano, incluindo 4º na Vuelta as Asturias e 6º no Tour of Langkawi, provas bastante duras.
Eric Fagundez pode não ter conseguido dar o salto qualitativo que se esperava, no entanto continuou a ser uma peça importante da equipa espanhola nas provas com alguma dificuldade: enceu por duas vezes no Tour of Qinghai Lake (9º na geral), 3º na Vuelta as Asturias e 4º no Tour du Doubs. Mario Aparicio e Sergio Chumil conseguiram algumas exibições de destaque, quando tiveram oportunidade para tal, mostrando que estão a evoluir positivamente.
O menos
Victor Langelotti apareceu em bom nível no mês de Abril, principalmente no Tour du Jura (2º) e na Classic Grand Besançon Doubs (6º). O monegasco era um dos principais líderes da Burgos-BH e não conseguiu corresponder às expectativas. É certo que nunca primou pela regularidade, apenas exibições exporádicas, só que com o calendário que fez devia ter-se destacado mais.
Nem todos os reforços fizeram valer esse estatuto. George Jackson chegava depois de muitas vitórias no circuito asiático e teve uma temporada para esquecer. O australiano termina a temporada com apenas 4 top-10 e com mais pressão nos ombros, tem de fazer mais e melhor. Foi a estreia de Jambaljamts Sainbayar a este nível e, é claro, que não se poderia exigir muito ao mongol. Apesar de tudo, a Burgos-BH teve o cuidado de fazer um calendário parecido ao que estava habituado, muitas provas asiáticas, e não fosse o 5º lugar na geral do Tour of Sharjah logo a abrir a temporada e tinha sido um ano ainda mais fraco.
O mercado
Um mercado de transferências bastante mexido, com 8 saídas compensadas com outras tantas entradas. Aaron Gate e Victor Langelotti são as principais saídas, duas das principais figuras da equipa conseguiram contratos no World Tour. Os veteranos Jetse Bol e Jesus Ezquerra penduram a bicicleta e passam a ser diretores desportivos da equipa burgalesa, com Óscar Pelegri a anunciar, também, o abandono. Alejandro Franco, Sebastián Mora e Karel Vacek ainda não têm destino desvendado.
Como já referimos, a Burgos-BH volta a apostar no mercado exótico e, para 2025, as duas principais contratações são o eritreu Merhawi Kudus e o australiano Josh Burnett. Ambos bons trepadores (Kudus mais puro trepador, Burnett mais explosivo), são dois corredores podem vir a somar muitos pontos UCI ao longo da temporada, principalmente no calendário asiático. David Martin e Carlos Garcia Pierna são um sprint e um corredor completo respetivamente. Da Club Ciclista Padronés – Cortizo, equipa satélite da Burgos, chegam 4 jovens com bastante talento e que deram nas vistas no calendário amador espanhol: Daniel Cavia, Hugo de la Calle, José Luis Faura e Vojtech Kminek.
O que esperar em 2025?
A fórmula funcionou em 2024, logo é para repetir na próxima temporada. Esperavamos ver uma Burgos-BH muita combativa nas provas europeias, como já vem sendo hábito, e à procura de ser protagonista no calendário asiático. Merhawi Kudus tem muita experiência de World Tour e poderá ser muito importante para somar pontos ao longo do ano, não só na Ásia mas também nas provas espanholas. Acreditamos que Eric Fagundez e Sergio Chumil continuem a evoluir, tornando-se ciclistas ainda mais importantes. Josh Burnett tem uma nova oportunidade como profissional, não quererá desperdiçar.
George Jackson tem de mostrar mais, o australiano é, agora, o grande sprinter da Burgos-BH. Entre os jovens que chegam da Club Ciclista Padronés – Cortizo estamos muito curiosos para ver o que fazem Hugo de la Calle e Daniel Cavia, não nos admirávamos que fossem presença assídua nas competições portuguesas e logo com resultados interessantes.