A Team Visma|Lease a Bike teve um ano fatídico para os seus dois grandes líderes. Entre excelentes exibições, Jonas Vingegaard e Wout van Aert tiveram quedas e lesões que comprometeram importantes objetivos. Com estas ausências, surgiram outras figuras e, para 2025, o reforço dos principais blocos foi feito com grandes nomes.

 

Os dados

Vitórias: 32 triunfos, menos de metade que no ano passado, o nível baixou bastante neste capítulo estatístico.

Pódios: 82 pódios, um número considerável, faltou a eficácia do ano passado para transformar mais pódios em vitórias.

Dias de competição da equipa: 231 dias de corrida, uma das equipas que mais seleciona o seu calendário, pouco corre fora do World Tour e das principais corridas do ProSeries.

Idade média do plantel: 28,6 anos, uma média que está dentro da realidade do World Tour.

Mais kms: Attila Valter foi, de longe, o que mais kms percorreu na equipa, o único acima dos 12 000, terminando com 12 615.

Melhor vitória: a vitória épica de Jonas Vingegaard na etapa 11 do Tour de France, depois de ter sido deixado para trás por Tadej Pogacar, feito uma recuperação impressionante e derrotado o esloveno ao sprint.




O mais

Numa equipa de superestrelas, a figura que mais cresceu e se evidenciou foi o reforço Matteo Jorgenson. O norte-americano chegava sem papel de liderança mas aproveitou os azares dos seus colegas de equipa para ter a melhor época da sua carreira. Jorgenson tornou-se um trepador ainda mais forte e, também, um excelente ciclista de clássicas. Venceu o Paris-Nice e a Dwars door Vlaanderen e foi 2º no Dauphine, 5º na E3 Classic, 8º no Tour de France e 9º nos Jogos Olímpicos. Jonas Vingegaard não conseguiu repetir 2023, no entanto a queda no País Basco deitou por terra alguma preparação para o Tour onde viria a ser 2º. Para trás, tinha participado no Gran Camiño e Tirreno-Adriático, provas que viria a vencer, terminando a temporad a ganhar a Volta a Polónia.

Falando em azares, Wout van Aert ainda foi mais afetado. Caiu antes dos Monumentos do empedrado e, quando estava em grande forma, com 3 etapas no bolso e classificações por pontos e da montanha na Vuelta quase garantidas, voltava a cair e abandonar. Duas lesões graves numa temporada onde, ainda assim, conseguiu ser protagonista. Wilco Kelderman e Tiesj Benoot aproveitaram as oportunidades quando os seus líderes estavam indisponíveis, sempre muito regulares e fiáveis em diversos tipos de terreno. Edoardo Affini teve um final de época incrível, finalmente confirmou o seu potencial no contra-relógio. Olav Kooij continua a ter uma evolução sustentada, pode não ter ganho tanto mas estreou-se numa Grande Volta e ganhou, venceu na clássica de Hamburgo e no UAE Tour, Paris-Nice e Volta a Polónia.

 

O menos

Se Vingegaard e Van Aert tiveram quedas que arruinaram as suas temporadas, o mesmo não podemos dizer de Sepp Kuss. O norte-americano foi uma sombra de si próprio, talvez tenha acusado o desgaste de um 2023 muito preenchido e com muita competição. Ainda venceu a Vuelta a Burgos, chegou a dar sinais de esperança mas foi muito pouco para o vencedor da Vuelta 2023. Christophe Laporte entrou para a temporada com ambições renovadas, campeão da Europa, outro estatuto mas, tirando o fim-de-semana de abertura de clássicas apenas apareceu no final do ano, ganhando o Paris-Tours, 3º nos Jogos Olímpicos e 4º no Renewi Tour. Faltou a regularidade, uma das suas características.



Cian Uijtdebroeks fez correr muita tinta há cerca de um ano, devido à sua transferência e, um ano depois, não foi uma movimentação que tenha trazido frutos à Visma. O jovem belga foi 7º no Tirreno-Adriatico e … pouco mais. Colecionou abandonos na Volta a Catalunha, Giro e Vuelta e nas restantes provas que fez esteve longe dos primeiros. Dylan van Baarle foi uma nulidade na temporada de clássicas e na restante temporada, no entanto, várias quedas numa época com apenas 20 dias de competição servem como atenuante para a fraca prestação. A adaptação de Ben Tullett não correu como esperado, esperávamos mais do jovem britânico.

 

O mercado

Foi um mercado de transferências repleto de mudanças. Jan Tratnik é uma das saídas mais importantes, um ciclista não só importante nas clássicas mas nas provas por etapas. Os irmãos Mick e Tim van Dijke, dois jovens valores nas clássicas, acompanham o esloveno na ida para a Red Bull-BORA. Koen Bouwman, Robert Gesink, Milan Vader e Johannes Staune-Mittet desfalcam o bloco de trepadores, com Gesink a ser a grande perda, principalmente, devido à sua experiência e longo conhecimento da equipa.

A contratação mais sonante é Simon Yates, antigo vencedor da Vuelta, que será, não só líder em algumas provas por etapas mas, com grande destaque para o apoio que irá dar a Jonas Vingegaard, tal como o seu irmão Adam faz com Tadej Pogacar. Victor Campenaerts é alguém interessante para as clássicas e como gregário para as provas por etapas, Daniel McLay será o lançador principal de Olav Kooij e Axel Zingle chega com muitas expectativas, um ciclista muito completo que pode brilhar em diversos terrenos. A aposta na juventude é algo que a Visma não deixa de parte e decidiu promover 4 ciclistas da equipa de desenvolvimento: os trepadores Jorgen Nordhagen (19 anos e vencedor do Giro della Regione Friuli e já 7º na Volta a Alemanha), Tijmen Graat (21 anos e 3º no Tour de l’Avenir) e Menno Huising (20 anos e 3º na Ronde de l’Isard) e o sprinter Matthew Brennan (19 anos). A última contratação é o campeão do Mundo sub-23, o gigante e possante alemão Niklas Behrens.




O que esperar de 2025?

Mais azar que em 2024 será difícil de acontecer. Totalmente recuperado, Jonas Vingegaard é o único que pode fazer frente a Tadej Pogacar no Tour de France, veremos qual o calendário do dinamarquês, se irá fazer o Giro antes, como alguns rumores apontam. Ainda neste departamento das provas por etapas, é preciso mais de Cian Uijtdebroeks, senão começam a faltar desculpas para o defender. Simon Yates, Matteo Jorgenson, Sepp Kuss e Wilco Kelderman serão gregários importantes mas também irão ter as suas chances, que não pode desperdiçar.

Wout van Aert está a voltar aos poucos, também teve um ano complicado, o foco total está nas clássicas e na conquista do primeiro Monumento do empedrado. Um bloco com Dylan van Baarle, Christophe Laporte, Matteo Jorgenson e o reforço Victor Campenaerts é capaz de fazer estragos pela sua superiodade numérica. Olav Kooij continuará a ter um calendário importante, a equipa confia muito no neerlandês e deu-lhe Daniel McLay como lançador específico. Axel Zingle pode vir a ser um caso sério, conseguiu excelentes resultados na Cofidis, numa estrutura mais evoluída e com outros recursos, cuidado com o francês, pode voar! Por fim, e depois de alguma adaptação, Per Strand Hagenes pode conseguir excelentes resultados, algo que também não descoramos de Jorgen Nordhagen.

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