A entrada da gigante Red Bull na estrutura da Bora na tentativa de aproximar a estrutura alemã do topo do ciclismo mundial parece estar a resultar. O objectivo a curto prazo é aproximar-se do poderio da Visma-Lease a Bike e depois chegar-se à UAE Team Emirates.

 

Os dados

Vitórias: 24 triunfos, um terço deles vieram por parte de Primoz Roglic.

Pódios: 89 pódios, não faltou muito para chegar à centena, algo que também mostra bem a capacidade global da Red Bull-Bora.

Dias de competição da equipa: 269 dias de competição, está dentro da média deste tipo de equipas.

Idade média do plantel: 28,6 anos, não é um elenco propriamente jovem.

Mais kms: Danny van Poppel, com 13 851 quilómetros, mostrou também a sua importância a nível interno.

Melhor vitória: Diria a etapa 19 da Vuelta, onde Primoz Roglic venceu por 46 segundos numa chegada ao alto e graças a isso recuperou a camisola vermelha, foi um sinal de que realmente era o ciclista mais forte da Volta a Espanha.

 

O mais

Não foi uma temporada fenomenal na globalidade por parte de Primoz Roglic, ainda assim foi claramente grande figura desta Red Bull-Bora, mesmo ficando envolvido na grande queda da Volta ao País Basco. Regressou para ganhar o Dauphine e abandonar o Tour quando estava em 4º, para depois averbar 3 etapas no caminho de conquistar a 4ª Vuelta da carreira, onde foi nitidamente o ciclista mais forte. Aleksandr Vlasov voltou a ser um pêndulo de consistência, é um corredor fiável e que parece manter este nível ao longo dos próximos anos, uma estrutura destas, que pretende ser dominadora, não pode ter só super estrelas. Dani Martinez começou bem a época e depois fez o que lhe competia no Giro, fazer 2º numa Grande Volta é um feito que poucos conseguem, precisa de melhorar o seu rendimento em termos de consistência.




Florian Lipowitz e Roger Adriá foi 2 belíssimas confirmações, ambos a rondar 25 anos, fizeram excelentes épocas não só pelos resultados, mas por todo o apoio prestado aos seus líderes e certamente subiram vários pontos na hierarquia interna da Red Bull-Bora. De referir também que Jordi Meeus não andou nada mal este ano, faz 3º na Gent-Wevelgem, 4º em Hamburgo, 10º no Paris-Roubaix, sai de 2024 com 2 vitórias e mais de 10 pódios.

 

O menos

Creio que este ano mostrou sinais preocupantes por parte de Jai Hindley, o vencedor do Giro 2022 não se mostrou minimamente competitivo entre os melhores tirando uma boa exibição no Tirreno-Adriatico e claramente ou anda bem melhor em 2025 ou arrisca-se a cair um bocado no esquecimento e a ficar com os “restos” no calendário para 2026, ano em que o seu contrato termina. Sam Welsford arrancou em grande no Tour Down Under com 3 triunfos em etapa, esperava-se que fosse apenas o início de uma grande temporada e depois o australiano nunca mais se viu, nunca mais mostrou aquele nível e terá aqui aos 28 anos uma época decisiva na sua carreira, é que já basta ele ser um sprinter bastante limitado no que toca à montanha.

Sergio Higuita estava claramente de saída e isso viu-se logo pelo calendário que fez, não esteve em nenhuma Grande Volta e nas 3 provas por etapas World Tour que fez não aproveitou a oportunidade, foi um fim de ciclo triste para um corredor com muito potencial e que nunca chegou ao nível que se esperava. Emanuel Buchmann, em clara divergência com a equipa, voltou a estar em subrendimento e outro trepador, Ben Zwiehoff, teve dificuldade em mostrar o rendimento de anos anteriores. Bob Jungels e Lennard Kamna não foram a ajuda que se esperava na montanha e também por isso saem da estrutura alemã.

 

O mercado

Esta janela de transferências era muito importante para a formação germânica, de 2023 para 2024 adicionou Roglic, Martinez e Welsford, agora era preciso mais soluções para os vários terrenos e consolidar o núcleo duro em volta destes líderes. A maior aposta recaiu no terreno plano e em opções para as clássicas, que também servem para proteger os chefes de fila nas partes mais acessíveis das Grandes Voltas. Gianni Moscon, Jan Tratnik, Mick van Dijke, Tim van Dijke e Laurence Pithie cumprem isso tudo, sendo que Tratnik tem mais polivalência na montanha, Pellizzari e Fisher-Black são 2 talentos para trabalhar e explorar limites, Oier Lazkano é um dos melhores reforços deste mercado porque o espanhol tem um motor interminável e Maxim van Gils aporta mais uma alternativa nas clássicas das Ardenas. No entanto, pessoalmente esperava bem mais deste mercado, não creio que seja desta forma que há uma aproximação do topo do ciclismo mundial.




Creio que essencialmente ocorreu aqui um fim de ciclo, visto que saíram alguns ciclistas que estavam claramente em subrendimento e que já não correspondiam às expectativas, falamos de Kamna, Higuita, Schachmann, Jungels e até Buchmann, portanto é possível que 2025 seja um ano de transição.

 

O que esperar de 2025?

A Red Bull-Bora fez aqui, como foi referido um render de guarda, baixou para cerca de 27 anos a idade média do plantel com estas operações de mercado. Não creio que tenha fortalecido propriamente dito, pelo menos a curto prazo, o plantel. Também porque há um período de adaptação normal nestas situações, numa perspectiva diferenciadora acho que serão Oier Lazkano, Jan Tratnik, Laurence Pithie e Maxim van Gils os ciclistas mais importantes, principalmente o belga nas clássicas das Ardenas. Isto para dizer que não creio que vá ser um ano de aproximação às 2 potências da frente, espero um desempenho entre o 3º e o 5º lugar.

Hoje foi divulgado o planeamento dos líderes para as Grandes Voltas, Primoz Roglic vai tentar manter o ritmo de ganhar 1 Grande Volta por ano ao ir ao Giro, para depois participar no Tour sem grande pressão e responsabilidade. Dani Martinez faz o mesmo planeamento, Vlasov irá ao Tour e à Vuelta, enquanto Hindley será outra alternativa para o Giro e depois fará companhia a Vlasov na Vuelta, obviamente que isto tudo pode sofrer alterações. A grande aposta realmente será no Giro, provavelmente com bloco composto por Roglic, Martinez, Hindley, Pellizzari e Tratnik, caso ganhem essa corrida será novamente uma boa temporada, também se mantiverem o nível de vitórias e pódios. Outro ponto importante também é saber o programa de Lipowitz, que se apresenta aqui como um “joker” depois de fazer 7º na Vuelta. A equipa de clássicas do empedrado é multifacetada e tem várias opções, mas não interessa, Meeus e Welsford são 2 bons sprinters, sem serem de elite mundial.

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