Os dois últimos anos da Israel-Premier Tech já não tinham sido famosos, no entanto o pior ainda estava para vir em 2022. As grandes contratações não renderam, os líderes que já estavam na estrutura também não e tudo culminou na descida de divisão. Inicia-se um novo ciclo, praticamente sem alterações no plantel, ou seja, dando um voto de confiança à estrutura.
Os dados
Vitórias: 15, um número razoável para uma equipa World Tour, com 4 no escalão máximo do ciclismo.
Pódios: Um total de 50 pódios, um número muito elevado e que revela a luta intensa pelos pontos, caso contrário poderiam ter sido mais triunfos.
Dias de competição da equipa: 316 dias de competição, muitas provas na tentativa de salvação no World Tour.
Idade média do plantel: 31 anos, um plantel muito envelhecido, com 8 ciclistas acima dos 36 anos!
Mais kms: Alessandro de Marchi foi o maratonista da equipa, com 12 402 kms.
Melhor vitória: Qualquer um dos triunfos no Tour de France foi épico mas destacamos a vitória de Simon Clarke na etapa do empedrado da Volta a França, um dia onde a fuga tinha poucas hipóteses, com o australiano a não ser conhecido como um especialista neste terreno.
O mais
De desempregado no início de janeiro a uma das figuras da equipa. Simon Clarke chegou e convenceu! O veterano australiano somou muitos top-10 em clássicas e ainda foi a tempo de vencer no Tour de France. Quem também venceu na Grande Boucle e teve a melhor temporada da carreira foi Hugo Houle. Longe de ser um trepador, o canadiano defendeu-se com unhas e dentes em muitas provas, fazendo 2º na Arctic Race of Norway, 13º no Paris-Nice e 15º na Volta a Suíça.
Corbin Strong foi aparecendo a espaços, com grande destaque para a fase final da temporada, altura em que foi 6º no Tour of Britain (venceu uma etapa) e somou mais 3 top-10 em clássicas. Foi uma das razões para sorrir, está aqui um ciclista para o futuro. Patrick Bevin é capaz do melhor e do pior em poucas semanas, a vitória conseguida na Volta a Turquia frente a grandes trepadores como Nairo Quintana entre para os highlights, depois ainda venceu na Romandia mas não se viu mais. Longe do nível de outros anos, Chris Froome apresentou-se muito melhor em 2022.
O menos
Indiscutivelmente, os principais líderes não renderam o esperado. Michael Woods já conhecia os cantos à casa, partia com essa vantagem e até entrou o ano a vencer no Gran Camiño mas depois apenas apareceu na Route d’Occitanie. Falhou nas clássicas, mais uma vez devido a fracos posicionamentos. Jakob Fuglsang era a outra aposta para as clássicas e provas por etapas e até foi 3º na Volta a Suíça mas, para além disso, apenas venceu uma clássica 1.1 em França. Temporadas para esquecer.
Giacomo Nizzolo era o líder para os sprints e também para as clássicas mas não passou do papel. Somou alguns pódios e apenas um triunfo, na discreta Vuelta a Castilla y Leon. Na parte final da temporada, quando era preciso somar pontos, raramente apareceu. Dylan Teuns chegou a meio da temporada, vinha a fazer um ano muito positivo mas parece que os ares israelitas afetaram o belga, que apenas rendeu no Tour of Britain. Ben Hermans também teve um ano para esquecer e Krists Neilands parece ter estagnado na sua evolução.
O mercado
A descida do World Tour fará com que o plantel se reduza um pouco na sua extensão, com 10 saídas e apenas 5 entradas. Alex Dowsett, Guy Niv e Matthias Brandle retiram-se, Alessandro de Marchi, Patrick Bevin e Jenthe Biermans continuam no World Tour, ao passo que Rudy Barbier, Carl Frederik Hagen, James Piccoli e Alex Catarford irão procurar mais oportunidades individuais.
Aproveitando a equipa de desenvolvimento, dão o salto para a formação principal Marco Frigo, Derek Gee e Mason Hollyman, três bons trepadores com o mais conhecido para o público nacional a ser Hollyman que já venceu na Volta a Portugal, na chegada a Santo Tirso. As restantes contratações são Jens Reynders e Matthew Riccitello.
O que esperar em 2023?
A grande pergunta que se faz é: serão capaz os grandes líderes Jakob Fuglsang, Giacomo Nizzolo e Michael Woods voltar ao nível apresentado noutros anos? Esta é a questão para “um milhão de euros” porque 2022 foi um ano terrível e todos sabemos do nível dos 3 ciclistas já referidos. É certo que a idade pode começar a pesar mas já vimos que estes veteranos renderam bastante já com idade avançada.
Será um ano importante, todos os pontos World Tour serão fundamentais para começar a ganhar vantagem no triénio e, também, vencer o ranking das ProTeams significaria convites para todas as provas do escalão máximo. Corbin Strong e Dylan Teuns poderão ser outras peças importantes.