Uma época razoável, mas sem deslumbrar. Jesus Herrada salvou a “honra do convento” nas Grandes Voltas. Este mercado foi um virar de página para uma equipa que em 2020 vai correr no World Tour já sem Nacer Bouhanni, mas com Elia Viviani.
Os dados
Vitórias: 20 triunfos, mas somente 1 deles no World Tour. Christophe Laporte contribuiu com 9, praticamente metade.
Pódios: 47 pódios, 17 deles em Junho, foi um mês particularmente profícuo para a equipa gaulesa.
Dias de competição da equipa: 253 dias de corrida, um calendário que já é quase de uma equipa World Tour.
Idade média do plantel: 28,7 anos, uma média relativamente elevada.
Mais kms: O maratonista foi Julien Simon, com 13 122 kms.
Melhor vitória: Jesus Herrada na 6ª etapa da Vuelta, num final durinho bateu Dylan Teuns, que estava mais focado na liderança da prova.
O mais
Grande temporada de Jesus Herrada, de longe a melhor da carreira, aos 29 anos e ainda com mais 2 anos de contrato pela frente. Iniciou a época a ganhar no Trofeo Mallorca, foi 3º no Tour of Oman, 2º no G.P. Plumelec e levou de vencida a Volta ao Luxemburgo e o Mont Ventoux Challenge, diante de Romain Bardet. O Tour não lhe correu bem, mas depois foi à Vuelta ganhar 1 etapa, o maior triunfo da carreira.
Não se pode dizer que Christophe Laporte tenha estado mal, é impossível dizer isso sobre quem ganha 9 corridas num ano. A única coisa que faltou a Laporte foi dar o derradeiro salto, aparecer nas grandes clássicas, aparecer nas Grandes Voltas. De resto esteve impecável e até mostrou grande aptidão para o contra-relógio, uma nova façanha. Hugo Hofstetter voltou a mostrar consistência e Julien Simon é sempre uma mais-valia enorme para as provas internas.
O menos
Depois de uma temporada para esquecer, a Cofidis apostou em Darwin Atapuma, um ciclista que já tinha feito top 10 numa Grande Volta. O colombiano de 31 anos voltou a não render, só fez 1 top 10 durante a época e a travessia do deserto parece continuar, o contrato não foi renovado e tinha tudo acertado com a E-Powers, que afinal não irá para a estrada.
Outro trepador que recrutado foi o dinamarquês Jesper Hansen, que só deu um ar da sua graça na Volta a Califórnia, onde terminou em 7º. De resto esteve sempre muito escondido. Última nota para Nacer Bouhanni, é verdade que estava de relações cortadas com os responsáveis e que foi afastado das principais provas, ainda assim não ganhou durante o ano todo, o que para um ciclista como ele não deixa de ser uma desilusão.
O mercado
É claramente um virar de página para a Cofidis, a saída de Bouhanni era inevitável e só pecou por tardia, Atapuma não rendeu o que se esperava e dos ciclistas que deixam a equipa somente Julien Simon e Hugo Hofstetter estavam bem lá em cima na hierarquia interna. De resto a maioria dos corredores que saem são ciclistas rápidos/lançadores: Zico Waeytens, Bert van Lerberghe, Geoffrey Soupe, Filippo Fortin, Rayane Bouhanni e Loic Chetout.
A entrada mais sonante é a de Elia Viviani, um dos melhores sprinters do Mundo que procura uma estrutura focada nele e onde possa escolher o calendário. Com ele vêm 3 italianos escolhidos a dedo para o comboio: Attilio Viviani, Simone Consonni e Fábio Sabatini. O próprio Piet Allegaert pode-se inserir nessas funções, sendo acompanhado pelo seu compatriota Julien Vermote. Nathan Haas é um grande tiro no escuro, tal como foi Atapuma no ano passado e o resultado foi mau. O outro eixo de reforços é na montanha, Guillaume Martin será o líder da equipa para as provas por etapas com alta montanha, onde Fernando Barceló será uma ajuda, vindo da extinta Euskadi-Murias. Eddy Fine é um jovem neo-profissional de 22 anos, com bons resultados enquanto sub-23.
O que esperar em 2020?
Será uma Cofidis completamente diferente, até pelo estatuto, subirá ao World Tour e irá à maioria das provas deste escalão. Como sempre será uma equipa com alguns “jokers” nas clássicas: Vermote, Claeys, Allegaert e o próprio Laporte. Depois é provável que Viviani e os seus lançadores sejam escolhidos para o Tour, o que deixa Laporte numa posição um pouco desconfortável nas Grandes Voltas, pode ser forçado a ir ao Giro. Guillaume Martin deve ir ao Tour, acompanho por mais alguns trepadores como Nicolas Edet. Para a Vuelta deve ficar a armada espanhola composta por Luis Mate, José e Jesus Herrada e ainda Fernando Barceló.
Quanto a ciclistas para darem o salto qualitativo, estejam atentos a Damien Touze, um jovem de 23 anos que gosta muito de clássicas e que tem uma boa ponta final. Provavelmente teria sido campeão nacional se a Cofidis não decide que teria de trabalhar para Julien Simon. Em sub-23 fez top 10 em Mundiais e ganhou etapas nas maiores provas internacionais.