Um projeto ímpar no ciclismo, no que toca a talentos nórdicos, a Uno-X Pro Cycling Team tem feito um trabalho notável no desenvolvimento de grandes corredores nos últimos anos. Os dois últimos vencedores do Tour de ´Avenir corriam na equipa de desenvolvimento da Uno-X, e este ano viram um corredor seu ser campeão do Mundo e Europeu de contrarrelógio, na categoria de sub-23.

 



Os dados

Vitórias: 12 triunfos, divididos por 9 ciclistas, ficando bem visível que é uma equipa que pode ganhar com vários corredores, sem ter um líder que vença muito.

Pódios: 55 pódios, com os meses de maio, agosto e outubro a trazerem a maioria dos bons resultados

Dias de competição da equipa: 141 dias competitivos, num calendário interessante e com algumas corridas WorldTour

Idade média do plantel: 24,4 anos, com Daniel Hoelgaard a ser o elemento mais velho, com 28 anos, demonstrando que é uma equipa bem jovem.

Mais km: Kristoffer Halvorsen com 8593 km percorridos.

Melhor vitória: Triunfo de Rasmus Tiller na Dwars door het Hageland, clássica belga, após destacar-se da restante concorrência nos metros finais.



 

O mais

No cômputo geral andaram todos bem. Um ciclista que esteve em destaque, principalmente nas clássicas, foi Rasmus Tiller. O norueguês venceu a Dwars door het Hageland (Pro), esteve perto de ganhar na Le Samyn, perdendo apenas para Tim Merlier, fez 5.º na Tro-Bro León, 3.º no Tour do Finistère, 5.º na Antwerp Port Classic, 6.º no Gran Prix de Wallonie e 2.º na Binche – Chimay – Binche. Também esteve bem na Volta à Alemanha e acabaria no top dez do Tour da Dinamarca, não fosse o seu péssimo contrarrelógio.

Markus Hoelgaard foi outro nome em evidência na equipa. Conseguiu um triunfo na primeira etapa da Volta ao Árctico, esteve muito bem na Volta à Noruega, onde fez top dez em todas as etapas, acabou no 4.º lugar e terminou no segundo posto da geral na Volta à Croácia. Em provas de um dia, fez 8.º na E3 Saxo Bank, fez 7.º na prova de estrada do Campeonato da Europa e 12.º no Campeonato do Mundo. Em termos de resultados individuais, esta foi a sua melhor época como corredor.

Kristoffer Halvorsen foi o ciclista com mais top dez da equipa, foram 15 no total, com um triunfo na 3.ª etapa da Volta à Eslováquia. É um ciclista pouco constante para ser a principal aposta de uma equipa, mas mesmo assim conseguiu alguns resultados positivos: um 8.º lugar na Danilith Nokere Koerse, quatro top dez na Volta à Turquia, quatro top dez na Boucles de la Mayenne (terminou em 3.º da geral) e um 10.º posto na Dwars door het Hageland. Já se começa a perceber que será difícil dar o salto qualitativo que se esperava dele, pois parece que há sempre alguém melhor que ele nos sprints finais.

Depois, vimos um jovem a despontar em grande em 2021, fixem este nome: Johan Price-Pejtersen. É verdade que não foi ao serviço da sua equipa que fez as melhores exibições, mas sim ao serviço da seleção na NationsCup e nas provas de contrarrelógio do Campeonato do Mundo e do Campeonato da Europa da categoria sub-23, onde venceu ambas! O dinamarquês tem um talento nato para o contrarrelógio, sendo também campeão da especialidade do seu país (sub-23).

Mencionar ainda as boas temporadas/exibições de Torstein Træen, Idar Andersen, Morten Hulgaard, do reforço Søren Wærenskjold e do ex-campeão europeu de estrada da categoria sub-23 Jonas Hvideberg.



O menos

Não houve ninguém que se destacasse neste campo. Esperávamos ver um pouco mais de Martin Urianstad, ex-campeão nacional norueguês de estrada, da categoria sub-23. Mas ainda é muito jovem, tem um longo caminho para poder desenvolver-se. Daniel Hoelgaard também esteve “ausente” no que toca a bons resultados e poderia ter aparecido mais se tivesse boas sensações.

 

O mercado

Muitas equipas WorldTour interessadas nos corredores da Uno-X, o que é normal, com tanto talento bruto presente. A pérola dinamarquesa Johan Price-Pejtersen irá rumar à Bahrain-Victorious, Julius Johansen, de 22 anos, vai para a Intermarché-Wanty-Gobert, Jonas Hvideberg e Frederik Rodenberg ingressam na Team DSM e Markus Hoelgaard transfere-se para a Trek-Segafredo. Daniel Hoelgaard irá retirar-se no final do ano.

Quanto a entradas, estão confirmados dez ciclistas. Da equipa de desenvolvimento saltam 3 jovens corredores: os gémeos Johannessen ( Tobias e Andersen) e Anthon Charmig.  Anders Johannessen venceu uma etapa na Volta à França do Futuro e ajudou o irmão Tobias a conquistar a classificação geral e duas etapas. Tobias terminou em segundo lugar no Baby Giro, atrás do espanhol Juan Ayuso, e ainda obteve os seus primeiros triunfos como profissional no Sazka Tour (Volta à República Checa), prova que terminou em segundo. Caso para dizer que os gémeos sobem bem! Charmig é outro nome que despontou em 2021, após um 6.º lugar na Volta à Turquia, 7.º posto no Tour da Dinamarca e a conquista da camisola da montanha no Tour da Noruega.

Foram buscar ainda três dinamarqueses conhecidos do WorldTour: Niklas Eg (ex-Trek), Lasse Norman Hansen (ex-Qhubeka) e Jonas Gregaard (ex-Astana), o que é bom, pois poderão passar o conhecimento aos mais novos, de modo a estes conseguirem desenvolver-se num contexto mais competitivo. Tord Gudmestad, Frederik Dversnes, William Levy e Ådne Holter completam a lista de reforços.

 

O que esperar de 2022?

O projeto exclusivo de talentos oriundos da Noruega e da Dinamarca continua, com ataque e combatividade a serem a “ordem da casa”, visto que os elementos da equipa nórdica não parecem ter medo de atacar e de surpreender os adversários. As corridas caseiras e as clássicas serão o ponto forte da equipa. Será interessante acompanhar o desenvolvimento dos jovens, especialmente dos gémeos Johannessen, e da restante fornada de talento que já estava na equipa. Expetativa para ver Charmig na montanha. Rasmus Tiller e Kristoffer Halvorsen têm um estatuto a manter dentro da formação e serão apostas principais em muitas corridas. Vamos ver como se encaixam Niklas Eg e Norman Hansen.

Será mais uma época de desenvolvimento e à procura de resultados com o jovem plantel viking, isto faz da equipa norueguesa um dos projetos mais fascinantes no ciclismo.



 

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