Num ano em que algumas das principais figuras eclipsaram ou desiludiram, aparecem 2 ou 3 nomes de perfil mais baixo a, de certa forma, salvar a temporada da B&B Hotels, uma equipa que continua a meio da tabela das Profissionais Continentais. Globalmente a época até foi relativamente má para as aspirações da equipa, só que um calendário vasto e um plantel alargado fazem-na integrar o top 30.
Os dados
Vitórias: 6 ao todo, 4 no Tour du Rwanda, um posto seguro para a equipa francesa. Mas muito poucas para este nível.
Pódios: 23 pódios ao todo, o que mostra bem quantas vezes esta equipa bateu na trave, a mais famosa de todas no Paris-Tours, quando Franck Bonnamour faz 2º.
Dias de competição da equipa: 182 dias de corrida, o número mais elevado de todas as equipas que falámos, o que explica bem a quantidade de pontos obtida.
Idade média do plantel: 29,3 anos, uma das médias mais elevadas entre as equipas World Tour e Profissional Continental, por terem vários ciclistas em final de carreira.
Mais kms: Cyril Barthe fez 12 151 kms, um número bastante elevado, na temporada em que esteve mais regular.
Melhor vitória: A de Pierre Rolland na 6ª etapa em Ruanda, pela forma como foi obtida, uma longa cavalgada.
O mais
O grande abono de família desta equipa foi o relativamente desconhecido (até agora) Frannk Bonnamour. O francês de 26 anos saltou para a ribalta no Tour, logo no Tour, onde fez top 10 em etapas por 4 vezes e acabou em 22º. Depois foi 2º no Tour du Limousin, 7º no Tour du Poitou Charentes e 2º no Paris-Tours a acabar o ano.
Depois de um 2020 praticamente sem pódios, Luca Mozzato apresentou a um excelente nível e mostrou que pode ser alternativa a Bryan Coquard. Fez 3º na Nokere Koerse, 7º na Scheldeprijs e 2 pódios na segunda metade do ano, ao todo foram 16 top 10. Bryan Coquard não esteve propriamente mal, mas para líder de equipa não se pode dizer que esteve bem, era a grande aposta da formação gaulesa e terminou sem triunfos e com 6 pódios.
Alan Boileau conquistou a maior parte dos triunfos na equipa no Tour du Rwanda, passando anónimo o resto do ano, aos 22 anos pode ter sido um bom sinal para o futuro. Jeremy Lecroq, uma eterna promessa do escalão sub-23, finalmente mostrou ter capacidade nas clássicas e, com 26 anos, a próxima época será crucial para ele.
O menos
Muitos ciclistas bem longe do seu melhor, encabeçados por Pierre Rolland. Aos 35 anos parece já não ter muito para dar, alguma combatividade repleta de ataques de pólvora seca marcaram o ano de “Pierro”. Ganhou no Ruanda, fez top 5 numa etapa no Tour du Limousin, mas para líder de uma equipa Profissional Continental é muito, muito pouco. Jonathan Hivert veio de 3 excelentes anos na Direct Energie, principalmente a nível interno, sempre uma ameaça das provas gaulesas. Esta época limitou-se a 2 top 10, um corredor que tem quase 2 dezenas de vitórias na carreira.
Com a queda de performance de Pierre Rolland seria expectável que fosse Quentin Pacher a fazer de Franck Bonnamour, mas o francês de 29 anos não conseguiu assumir esse papel, apesar de bons resultados a espaços, como o top 10 na Bretagne Classic. Depois nenhum dos 5 belgas da equipa, de Lietaer a Backaert, deslumbrou, e nenhum fez propriamente qualquer resultado marcante.
O mercado
A equipa partia para 2021 com 3 líderes perfilados (Coquard, Rolland e Pacher), desses nomes 2 estão de saída, sendo que Coquard vai para a Cofidis e Pacher para a Groupama-FDJ. Sobra Rolland, que andou muito pouco em 2021. Conseguiram segurar Bonnamour depois da temporada fenomenal que fez, a grande questão é se o gaulês de 26 anos consegue manter o nível. Retiraram-se também 5 corredores, um número é elevado para o normal (Reza, van Genechten, Backaert, de Backer e Bagioli).
Em relação às entradas, nenhum deles é propriamente um nome forte, um nome que imponha bastante respeito, são alguns jovens com potencial para a rejuvenescer o plantel, sendo que os grandes reforços são Pierre Barbier e Alexis Gougeard, pelo menos os mais conhecidos dentro do relativo anonimato.
O que esperar de 2022?
Na nossa perspectiva será mais uma temporada relativamente fraca, com um plantel que apesar de grande, lhe falta um fio condutor. Há qualidade, mas faltam vencedores, a menos que Bonnamour, Mozzato, Barbier ou Boileau deêm um daqueles saltos exponenciais. Nas clássicas do empedrado não são ameaçadores, trata-se de sobrevivência, nos sprints Mozzato e Barbier são bons finalizadores e é de esperar muitos pódios, mas sem grande comboio é sempre complicado ambicionar algo mais. A grande incógnita passa também por Bonnamour e na sua capacidade de replicar 2021. Antevemos mais uma época com poucas vitórias e a terminar por volta da 25ª posição no ranking global.