A Bingoal Pauwels Sauces WB confirmou a subida de rendimento que teve em 2021 e realizou uma temporada muito semelhante em termos de resultados desportivos. Com um plantel ainda vasto e com um calendário preenchido tiveram uma época dentro das expectativas, sem deslumbrar nem desiludir por aí além, pautada por muita consistência, mas poucas vitórias.
Os dados
Vitórias: Somente 2 triunfos, 1 de Timothy Dupont e outro de Milan Menten.
Pódios: Teve 2 vitórias, somando um total de 12 pódios.
Dias de competição da equipa: 181 dias ao todo, é uma equipa que compete muito pela base que tem na Bélgica.
Idade média do plantel: 26,2 anos de idade, é uma formação com muitos corredores entre os 23 e 26 anos e depois um super veterano como Dupont.
Mais kms: O maratonista foi o sprinter polaco Stanislaw Aniolkowski, que completou mais de 12 000 kms.
Melhor vitória: Sem dúvida a de Timothy Dupont no ZLM Tour, quando o experiente sprinter belga bateu ao sprint Olav Kooij e Elia Viviani.
O mais
O que mais me impressionou dentro desta estrutura foi a resiliência de Timothy Dupont, é incrível como ainda consegue andar ocasionalmente entre os melhores mesmo aos 35 anos, principalmente sendo um sprinter, que com o passar da idade perdem alguma explosão.
Também é de notar a boa temporada de Luc Wirtgen, que aos 24 anos, teve muito mais destaque do que anteriormente, não só em termos de resultados, mas também em fugas em clássicas. Não é que Milan Menten e Stanislaw Aniolkowski tenham andado mal, mas até se esperava um pouco mais deles.
O menos
Num plantel que era relativamente modesto acaba por não haver grandes desilusões, talvez a equipa esperasse que Milan Menten e Stanislaw Aniolkowski, aos 26 e 25 anos, respectivamente, conseguissem dar o salto para um patamar superior. Menten teve 1 vitória e 18 top 10’s, Aniolkowski 2 pódios e 18 top 10’s, o número de top 10’s está bom para o calendário que fazem, o número de pódios está abaixo do esperado, e talvez por essa falta de salto qualitativo a equipa tenha optado por mudanças drásticas no plantel.
Ludovic Robeet não conseguiu repetir as façanhas de 2021 e Dimitri Peyskens voltou a estar bem abaixo do que mostrou entre 2017 e 2019, nesta mesma estrutura.
O mercado
Foi um defeso de autêntica revolução na Bingoal, talvez uma das equipas que mais movimentações tenha tido neste mercado. Mais do que confirmadas estão as saídas de Arjen Livyns, Tom Paquot, Laurenz Rex, Stanislaw Aniolkowski, Milan Menten, Mathijs Paasschens, Attilio Viviani ou Kenny Molly, isto é mais de metade do alinhamento que fez as principais competições. Para além disso fala-se nas saídas dos irmãos Wirtgen e ainda não é certa a continuidade de Timothy Dupont. Isto é algo muito arriscado de se fazer, principalmente para uma estrutura que conseguiu dar o salto no ano passado, os responsáveis podem ter pensado que era necessário uma mudança deste género para continuar a progredir.
Como as saídas são muitas, as entradas também são muitas. Guillaume van Keirsbulck vem para capitanear a equipa nas clássicas, Kenneth van Rooy chega após uma excelente época, onde foi tremendamente regular e no final ainda fez 4º na Primus Classic e 11º no Tour of Britain. Floris de Tier é um dos nomes mais sonantes, o belga tenta relançar a carreira depois de um período menos positivo na Alpecin-Fenix. Matteo Malucelli será um dos sprinters de serviço, é preciso ver que o italiano é bem menos regular e fiável que Dupont e Aniolkowski, mas é sempre capaz de sacar um grande resultado. O outro sprinter será Alexander Salby, um jovem dinamarquês que este ano despontou no ZLM Tour. Alexis Guerin finalmente tem nova oportunidade numa equipa do segundo escalão, após demonstrar na Voralberg que era um dos melhores trepadores do circuito continental europeu. Lennart Teugels também é um corredor de montanha, Julian Mertens um ciclista de clássicas e a lista de contratações é completa com alguns ciclistas sub-23. Luca van Boven tem uma boa ponta final, Aaron van der Beken tem características de trepador e Nathan Vandepitte vem da equipa de desenvolvimento.
O que esperar em 2023?
Com tantas mudanças no elenco esta equipa será uma das incógnitas de 2023. Fica a sensação que ou vai correr muito bem, ou muito mal. Acredito que Malucelli apareça de vez em quando e que o maior líder para os sprints seja Salby. Finalmente têm uma opção para as corridas com alta montanha com Guerin, alguém que estará motivado para provar que merece estar neste nível competitivo. O fiel da balança poderá ser Floris de Tier, se a Bingoal conseguir fazer com que o belga mostre a sua melhor versão, tem potencial para ter uma época ainda melhor.