A equipa belga foi novamente a formação com mais vitórias da temporada, sendo este o oitavo ano consecutivo em que isso acontece. Mesmo com tantos azares, com meses de paragem para vários corredores importantes, os comandados de Patrick Lefevere corresponderam da melhor forma.


Os dados

Vitórias: 39 triunfos, 11 deles no WorldTour

Pódios: 97 pódios, um número completamente avassalador

Dias de competição: 177 dias de competição, corridos sobretudo na Europa, com especial atenção para as provas belgas

Idade média do plantel: 27,7 anos, um misto de experiência e juventude, com 10 ciclistas acima dos 30 anos, e 9 abaixo dos 25 anos.

Mais kms: O dinamarquês Michael Morkov com 11282 km, em 69 dias de competição

Melhor vitória: Triunfo de Remco Evenepoel na etapa 4 da Volta a Polónia, etapa rainha, num ataque a mais de 50 quilómetros da meta, em solitário, em que mais ninguém o conseguiu agarrar. A vitória teve direito a dedicatória especial, ao seu colega de equipa Fabio Jakobsen, que tinha tido uma queda grave na primeira etapa.



O mais

O principal sprinter da equipa, o irlandês Sam Bennett, acabou por estar a grande nível nas chegadas para os mais rápidos, com sete vitórias esta época. Venceu a abrir a temporada no Santos Tour Down Under, a clássica Race Torquay, 4.ª etapa da Volta a Burgos, 3.ª etapa no Tour da Valónia, duas etapas na Volta a França (incluindo a chegada aos Campos Elísios) e a 4.ª etapa da La Vuelta. Um dos objetivos da temporada acabou por ser cumprido, com a conquista da camisola verde, dos pontos, na Volta a França.

O jovem prodígio belga Remco Evenepoel também esteve fenomenal. Em todas as provas por etapas em que participou, acabou por conseguir vencer a classificação geral, Vuelta a San Juan, Volta ao Algarve, Vuelta a Burgos, Tour da Polónia. Evenepoel obteve cinco triunfos em etapas, divididos pelas quatro provas. A última prova que fez foi em agosto, no Giro da Lombardia, mas não acabou bem, visto que uma queda de uma ponte acabou por retirá-lo da competição para o resto da temporada. Acabou por não conseguir a sua estreia numa Grande Volta, sendo que estava alinhado à partida para o Giro de Itália.

O ciclista português João Almeida teve uma estreia de sonho no WorldTour, fechando 24 vezes no top dez (etapas e gerais). Foi na Volta ao Algarve que se começou a evidenciar, com o trabalho em prol do seu líder Evenepoel, acabando em nono da geral. Terminou no pódio da geral da Volta a Burgos, novamente com excelente trabalho para Evenepoel, que acabou por vencer a prova. Arrebatou a camisola da juventude e 7.º lugar na geral do Tour de l´Ain, 2.º lugar no Giro dell´Emilia e 3.º lugar na Settimana Coppi e Bartali . Estreou-se ainda numa Grande Volta, no Giro de Itália, e viveu o sonho rosa durante 15 dias, envergando a camisola de líder. Terminou a prova na 4.ª posição, a 2m57s de Tao Hart, mas colocou um país a sonhar e a viver o ciclismo de uma forma mágica e inesquecível. O francês Julian Alaphilippe esteve longe dos números de 2019, ainda assim sagrou-se campeão do mundo de estrada, venceu uma etapa no Tour e a clássica belga La Flèche Brabançonne. Na Volta a França, conseguiu envergar a camisola amarela durante três dias.



O menos

O colombiano Alvaro Hodeg esteve muito longe dos níveis exibicionais do ano transato, acabando por não conhecer o sabor da vitória em 2020. Conseguiu vários segundos lugares, mas mesmo quando a concorrência era menos forte, em provas secundárias, acabou por nunca conseguir superiorizar-se. O luxemburguês Bob Jungels esteve a léguas do que já vimos em anos anteriores. O corredor sagrou-se campeão nacional de contrarrelógio do seu país, e pouco mais do que isso, sem nunca aparecer em ação nas clássicas belgas. Zdenek Stybar foi outro nome que esteve uns furos abaixo nas clássicas do empedrado.

O mercado

A equipa irá mexer pouco no mercado, visto que o plantel já oferece garantias nos diferentes tipos de terreno. Até ao momento, apenas dois nomes confirmados, o checo Josef Cerny e o britânico Mark Cavendish. Cerny viveu o seu melhor ano como ciclista profissional, alcançando três triunfos, com destaque para a vitória na etapa 19 do Giro de Itália. É um ciclista com bom “motor”, com grandes qualidades como contrarrelogista. O sprinter veterano Cavendish acabou por entrar na equipa de forma inesperada, quando muitos pensavam que iria abandonar a modalidade. Vamos ver o que “míssil britânico” consegue fazer, mesmo não estando no auge da sua carreira, e se há equipa que pode colocar um corredor a vencer é a Deceuninck-Quick Step. Apenas uma saída confirmada, a de Bob Jungels, que irá rumar à AG2R Citroen Team.



O que esperar de 2021?

Uma equipa que tem o seu ponto forte no coletivo, dada a profundidade e qualidade do seu plantel. Sempre que alguém falha, existe plano B e C muitas vezes, o que facilita o êxito nos resultados. Este ano a equipa conseguiu vencer com 15 atletas diferentes, o que espelha bem o sucesso. Para 2021, a equipa terá espaço para crescer em todos os sentidos. Os sprints estão a cargo de Sam Bennett, Fabio Jakobsen, Hodeg, Ballerini e talvez Cavendish venha a ter a sua oportunidade. Nas provas de uma semana, a equipa está bem servida com Remco Evenepoel e João Almeida, mas em Grandes Voltas será sempre complicado, visto que o plantel não oferece muitas opções para ajudar na alta montanha, para além de James Knox ou Fausto Masnada.

Alaphilippe continuará a ser um dos líderes da equipa, nas clássicas acidentadas e Ardenas, tal como nas chegadas com subidas curtas e explosivas. O bloco para as clássicas do pavé é sólido, com Yves Lampaert, Zdenek Stybar, Florian Sénéchal, e com Kasper Asgreen a evoluir a olhos vistos. No contrarrelógio, são vários os nomes que rodam com muita qualidade, como Evenepoel, Almeida, Rémi Cavagna, Cerny e Asgreen à cabeça.

Será interessante observar o desenvolvimento do jovem promissor Andrea Bagioli, que despontou este ano. Jannik Steimle e Mikkel Honoré também poderão ser nomes a aparecer mais em ação no próximo ano. Uma equipa que tem lançadores de topo, como Morkov e Shane Archbold, e ainda o eleito melhor domestique do mundo Tim Declercq, que tem um motor que nunca mais acaba, são várias peças que, juntas, se tornam imparáveis. O próximo ano deverá ser mais do que já estamos habituados, com uma contagem numerosa de vitórias.

 

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