Os dados
Vitórias: 39 triunfos, 11 deles no WorldTour
Pódios: 97 pódios, um número completamente avassalador
Dias de competição: 177 dias de competição, corridos sobretudo na Europa, com especial atenção para as provas belgas
Idade média do plantel: 27,7 anos, um misto de experiência e juventude, com 10 ciclistas acima dos 30 anos, e 9 abaixo dos 25 anos.
Mais kms: O dinamarquês Michael Morkov com 11282 km, em 69 dias de competição
Melhor vitória: Triunfo de Remco Evenepoel na etapa 4 da Volta a Polónia, etapa rainha, num ataque a mais de 50 quilómetros da meta, em solitário, em que mais ninguém o conseguiu agarrar. A vitória teve direito a dedicatória especial, ao seu colega de equipa Fabio Jakobsen, que tinha tido uma queda grave na primeira etapa.
O mais
O principal sprinter da equipa, o irlandês Sam Bennett, acabou por estar a grande nível nas chegadas para os mais rápidos, com sete vitórias esta época. Venceu a abrir a temporada no Santos Tour Down Under, a clássica Race Torquay, 4.ª etapa da Volta a Burgos, 3.ª etapa no Tour da Valónia, duas etapas na Volta a França (incluindo a chegada aos Campos Elísios) e a 4.ª etapa da La Vuelta. Um dos objetivos da temporada acabou por ser cumprido, com a conquista da camisola verde, dos pontos, na Volta a França.
O jovem prodígio belga Remco Evenepoel também esteve fenomenal. Em todas as provas por etapas em que participou, acabou por conseguir vencer a classificação geral, Vuelta a San Juan, Volta ao Algarve, Vuelta a Burgos, Tour da Polónia. Evenepoel obteve cinco triunfos em etapas, divididos pelas quatro provas. A última prova que fez foi em agosto, no Giro da Lombardia, mas não acabou bem, visto que uma queda de uma ponte acabou por retirá-lo da competição para o resto da temporada. Acabou por não conseguir a sua estreia numa Grande Volta, sendo que estava alinhado à partida para o Giro de Itália.
O ciclista português João Almeida teve uma estreia de sonho no WorldTour, fechando 24 vezes no top dez (etapas e gerais). Foi na Volta ao Algarve que se começou a evidenciar, com o trabalho em prol do seu líder Evenepoel, acabando em nono da geral. Terminou no pódio da geral da Volta a Burgos, novamente com excelente trabalho para Evenepoel, que acabou por vencer a prova. Arrebatou a camisola da juventude e 7.º lugar na geral do Tour de l´Ain, 2.º lugar no Giro dell´Emilia e 3.º lugar na Settimana Coppi e Bartali . Estreou-se ainda numa Grande Volta, no Giro de Itália, e viveu o sonho rosa durante 15 dias, envergando a camisola de líder. Terminou a prova na 4.ª posição, a 2m57s de Tao Hart, mas colocou um país a sonhar e a viver o ciclismo de uma forma mágica e inesquecível. O francês Julian Alaphilippe esteve longe dos números de 2019, ainda assim sagrou-se campeão do mundo de estrada, venceu uma etapa no Tour e a clássica belga La Flèche Brabançonne. Na Volta a França, conseguiu envergar a camisola amarela durante três dias.
O menos
O colombiano Alvaro Hodeg esteve muito longe dos níveis exibicionais do ano transato, acabando por não conhecer o sabor da vitória em 2020. Conseguiu vários segundos lugares, mas mesmo quando a concorrência era menos forte, em provas secundárias, acabou por nunca conseguir superiorizar-se. O luxemburguês Bob Jungels esteve a léguas do que já vimos em anos anteriores. O corredor sagrou-se campeão nacional de contrarrelógio do seu país, e pouco mais do que isso, sem nunca aparecer em ação nas clássicas belgas. Zdenek Stybar foi outro nome que esteve uns furos abaixo nas clássicas do empedrado.
O mercado
A equipa irá mexer pouco no mercado, visto que o plantel já oferece garantias nos diferentes tipos de terreno. Até ao momento, apenas dois nomes confirmados, o checo Josef Cerny e o britânico Mark Cavendish. Cerny viveu o seu melhor ano como ciclista profissional, alcançando três triunfos, com destaque para a vitória na etapa 19 do Giro de Itália. É um ciclista com bom “motor”, com grandes qualidades como contrarrelogista. O sprinter veterano Cavendish acabou por entrar na equipa de forma inesperada, quando muitos pensavam que iria abandonar a modalidade. Vamos ver o que “míssil britânico” consegue fazer, mesmo não estando no auge da sua carreira, e se há equipa que pode colocar um corredor a vencer é a Deceuninck-Quick Step. Apenas uma saída confirmada, a de Bob Jungels, que irá rumar à AG2R Citroen Team.
O que esperar de 2021?
Uma equipa que tem o seu ponto forte no coletivo, dada a profundidade e qualidade do seu plantel. Sempre que alguém falha, existe plano B e C muitas vezes, o que facilita o êxito nos resultados. Este ano a equipa conseguiu vencer com 15 atletas diferentes, o que espelha bem o sucesso. Para 2021, a equipa terá espaço para crescer em todos os sentidos. Os sprints estão a cargo de Sam Bennett, Fabio Jakobsen, Hodeg, Ballerini e talvez Cavendish venha a ter a sua oportunidade. Nas provas de uma semana, a equipa está bem servida com Remco Evenepoel e João Almeida, mas em Grandes Voltas será sempre complicado, visto que o plantel não oferece muitas opções para ajudar na alta montanha, para além de James Knox ou Fausto Masnada.
Alaphilippe continuará a ser um dos líderes da equipa, nas clássicas acidentadas e Ardenas, tal como nas chegadas com subidas curtas e explosivas. O bloco para as clássicas do pavé é sólido, com Yves Lampaert, Zdenek Stybar, Florian Sénéchal, e com Kasper Asgreen a evoluir a olhos vistos. No contrarrelógio, são vários os nomes que rodam com muita qualidade, como Evenepoel, Almeida, Rémi Cavagna, Cerny e Asgreen à cabeça.
Será interessante observar o desenvolvimento do jovem promissor Andrea Bagioli, que despontou este ano. Jannik Steimle e Mikkel Honoré também poderão ser nomes a aparecer mais em ação no próximo ano. Uma equipa que tem lançadores de topo, como Morkov e Shane Archbold, e ainda o eleito melhor domestique do mundo Tim Declercq, que tem um motor que nunca mais acaba, são várias peças que, juntas, se tornam imparáveis. O próximo ano deverá ser mais do que já estamos habituados, com uma contagem numerosa de vitórias.