A equipa árabe teve uma temporada repleta de sucessos, com Tadej Pogacar a assumir as rédeas, conquistando vitórias atrás de vitórias. Em estreia no projeto, João Almeida botou lume várias vezes. Para próxima época, o objetivo é tornar a formação ainda mais forte e na melhor do Mundo.
Os dados
Vitórias: 48 triunfos, o melhor ano de sempre do projeto (o máximo anterior eram 33). 18 das vitórias foram no World Tour.
Pódios: 113 pódios, um número impressionante, o que revela a profundidade do plantel.
Dias de competição da equipa: 273 dias, um calendário bastante preenchido, muito devido à influência árabe/asiática, que leva a equipa àquela continente.
Idade média do plantel: 28,1 anos, uma equipa onde há de tudo, desde super veteranos como Max Richeze (39 anos) e super jovens como Juan Ayuso (20 anos).
Mais kms: Foi o português Rui Oliveira o maratonista da equipa, com um total de 13 413 kms.
Melhor vitória: Tadej Pogacar fartou-se de dar vitórias de grande nível, com Monumentos e etapas em Grandes Voltas incluídos, no entanto o seu solo épico na Strade Bianche fica para a memória como um dos momentos de 2022.
O mais
Tadej Pogacar pode não ter ganho o Tour de France (foi 2º, tendo a sua única quebra em muito tempo), no entanto realizou uma temporada incrível. O esloveno venceu o UAE Toru (e 2 etapas), Strade Bianche, Tirreno-Adriático (e 2 etapas), Volta a Eslovénia (e 2 etapas), 3 etapas no Tour, GP Montreal, Tre Valli Varesine e Lombardia. Ainda encantou nas clássicas do empedrado, estando perto de vencer na Flandres. Um talento geracional!
Outro grande talento é Juan Ayuso. A estrear-se na elite, o espanhol foi 3º na Vuelta e, ainda, 4º na Romandia e 5º na Catalunha. Evoluiu a olhos vistos durante a temporada, cada vez mais completo. João Almeida mudou de ares em 2022 e voltou a apresentar um bom nível. Bastante forte na montanha, com o seu estilo característico, talvez tenha reduzido a sua capacidade no contra-relógio mas ainda foi 5º na Vuelta e caminhava para um top-5 no Giro, quando foi forçado a abandonar devido à COVID-19. Nas provas por etapas, ainda foi 8º no Paris-Nice, 3º na Catalunha (e 1 etapa) e 2º em Burgos (e 1 etapa), para além de ter sido campeão nacional de fundo.
Com estes 3 líderes é complicado outros ciclistas terem a liderança, Brandon McNulty foi aproveitando o início de temporada para somar alguns triunfos e ganhar outro estatuto dentro da equipa. Nas clássicas, Matteo Trentin continua regular e a colocar a equipa entre os primeiros, somou diversos top-10 e algumas vitórias. Diego Ulissi também mantém o nível, as clássicas italianas e provas do circuito europeu continuam a ser a sua praia.
O menos
Ano para esquecer para os sprinters da equipa. Fernando Gaviria até começou bem o ano, venceu duas etapas no Tour of Oman, mas acabou por aí. No Giro, somou alguns pódios mas depois teve uma segunda metade de ano para esquecer. É certo que teve problemas de saúde e lesões mas o seu rendimento deveria ter sido melhor.
Também Pascal Ackermann desiludiu. Era uma das caras novas para 2022, demorou a carburar e só em agosto deu a primeira vitória no World Tour. Top-10 aqui e acolá, foi à Vuelta para não conseguir um único triunfo, muito pouco para o germânico, habituado a outras andanças.
Comparado com 2021, Marc Hirschi nem esteve mal, conseguiu 4 vitórias, mas todas elas em clássicas 1.1. Não foi para este nível que o helvético foi contratado, nem um gregário de luxo tem sido e, nas clássicas tem desiludido muito.
O mercado
O objetivo é claro … transformar-se na melhor equipa do Mundo e, para tal, 2023 trará bastante mexidas, com a chegada de alguns ciclistas de grande nível. Rui Costa é, para os portugueses, a grande saída, depois de uma longa estadia nesta estrutura. Fernando Gaviria não rendeu o esperado e também sai, tal como o seu lançador Max Richeze já o tinha feito a meio do ano. Andrés Camilo Ardila não rendeu na equipa, Joel Suter e Oliviero Troia cumpriram o seu ciclo. Por fim, Yousif Mirza sai da equipa principal mas apenas por falta de espaço, irá para a equipa de desenvolvimento.
Adam Yates é o principal nome, o britânico chega com uma dupla missão, deverá ser um gregário importante para Tadej Pogacar mas também terá as suas oportunidades, ele que é um especialista em provas de uma semana. Surpresa da Vuelta, Jay Vine também reforça o bloco de montanha, tem tudo para continuar a espalhar watts subidas acima. Felix Grosschartner e Domen Novak também chegam para este bloco, o primeiro é bastante regular, aproveitava bem as suas oportunidades, e o segundo é esloveno, deverá ter sido um pedido expresso de Pogacar.
Tim Wellens chega após toda a carreira na Lotto Soudal, veremos como se adapta, ele que abre sempre as temporadas em grande. Não o vemos com perfil para trabalhar para outros, resta saber onde encaixa no bloco de clássicas e como estará no apoio a Pogacar, devido à sua experiência. Sjoerd Bax foi uma boa surpresa de final de temporada, um corredor de clássicas e Michael Vink conseguiu a oportunidade de uma vida, ao ganhar a competição no MyWhoosh.
O que esperar em 2023?
Tadej Pogacar vai continuar a ser a prioridade máxima da equipa, o seu bloco está ainda mais reforçado e o objetivo é voltar a vencer o Tour de France. O esloveno também já disse que vai a Flandres, tem contas a ajustar depois deste ano. Irá entrar em todas as provas para vencer, como sempre.
João Almeida vai, novamente, ao Giro d’Itália, o português espera conseguir mais um bom resultado em terras transalpinas, será importante para manter um estatuto alto dentro da equipa, já que Juan Ayuso será o líder na Vuelta a Espanha. Quanto às restantes provas por etapas, Adam Yates também entra nas contas, o britânico é fabuloso nas provas de uma semana.
Para as clássicas, o bloco continuará a ser liderado por Matteo Trentin e, agora, com Tim Wellens a juntar-se … isto quando Pogacar não estiver presente. Pascal Ackermann terá um ano importante no sprint, terá que dar mais, senão arrisca-se a ser ultrapassado por Sebastian Molano e, veremos como aparecer Álvaro Hodeg após um ano sem competir. Finn Fisher-Black teve um ano de adaptação, esperamos os primeiros bons resultados no neozelandês, sempre sem esquecer Ivo e Rui Oliveira, continuam a evoluir e a ter um papel importante dentro da formação árabe.