Chegamos à primeira equipa do pódio desta classificação anual, a Jumbo-Visma, que teve uma época muito boa e sólida, com várias vitórias importantes e com alguns nomes a despontar.



Os dados

Vitórias: 43 triunfos, um dos anos mais vitoriosos da equipa neerlandesa

Pódios: 117, um número muito elevado, o que revela a capacidade da equipa para discutir todo o tipo de provas

Dias de competição: 208 dias, com um calendário repleto de corridas, e participação em várias provas na Oceania

Mais kms: Sepp Kuss, com 11 408 km percorridos

Idade média do plantel: 29 anos de idade, com vários elementos acima dos 34 anos de idade. Olav Kooij é o elemento mais novo, com 20 anos, enquanto que Maarten Wynants é o mais velho, com 39.

Melhor vitória: Foram muitas vitórias importantes e categóricas, mas a escolha cai sobre a vitória de Wout Van Aert nos Campos Elísios, que foi sensacional, depois de ter vencido uma etapa de montanha com passagens pelo Mont Ventoux e de ter vencido o contrarrelógio no penúltimo dia. A sua vitória na Amstel Gold Race e o triunfo de Primoz Roglic nos Lagos de Covadonga também são marcantes!

 



O mais

O poderosíssimo Wout Van Aert fez mais uma época das suas, com 13 vitórias amealhadas e muito espetáculo proporcionado para os fãs da modalidade. O destaque principal são as suas três vitórias no Tour, em três tipos de terreno diferentes, montanha, contrarrelógio e sprint. Venceu ainda duas etapas no Tirreno-Adriático, acabando em segundo na geral, conquistou a Gent-Wevelgem e a Amstel Gold Race. Não conseguiu vencer nenhum dos monumentos, quebrando em fases decisivas ou, como no caso da Milano-Sanremo, não acompanhou os movimentos certos. Por seis segundos que não foi campeão do mundo de contrarrelógio, acabando em segundo lugar, atrás de Ganna.

Primoz Roglic, o líder máximo para as Grandes Voltas, não teve a vida fácil nas provas francesas. Perdeu o Paris-Nice devido a queda e teve de abandonar o Tour após ter caído duas vezes nas primeiras três etapas. Ainda assim, o esloveno teve um ano repleto de conquistas, com três triunfos em etapas do Paris-Nice, vitória em etapa e geral da Volta ao País Basco, campeão olímpico de contrarrelógio individual, quatro vitórias e geral na Vuelta, e terminou a época nas clássicas italianas, vencendo o Giro dell´Emilia e a Milano-Torino. A conquista da terceira Vuelta consecutiva foi um feito marcante para o currículo de Roglic, que venceu de forma dominadora.

A figura surpresa da temporada foi o dinamarquês Jonas Vingegaard. Começou o ano em boa forma, logo com vitória no UAE Tour, seguiram-se duas vitórias em etapa na Settimana Coppi e Bartali e consequente conquista da geral, terminou em 2.º na Volta ao País Basco, atrás de Roglic, e foi o melhor elemento da equipa no Tour, terminando em 2.º, perdendo para Tadej Pogacar. O corredor estava super motivado, acabando por fazer grandes exibições durante as três semanas. Ainda chegou a atacar Pogacar por diversas vezes e nas alturas decisivas era o único a acompanhar o esloveno da Emirates. Caso para dizer que agarrou bem a oportunidade que lhe foi dada, depois do abandono de Roglic.

Nota ainda para as boas temporadas de Mike Teunissen, Tobias Foss e de Sepp Kuss. No entanto, o estado-unidense funciona melhor como gregário de luxo, em comparação com os seus desempenhos como líder. Apareceram ainda alguns jovens a despontar, casos de Mick Van Dijke e de Olav Kooij.

O menos

Para um ciclista que já terminou várias vezes dentro do top 15 de uma Grande Volta, o neozelandês George Bennett não teve a melhor das prestações, sempre muito distante dos momentos decisivos das etapas e da luta pelas gerais. Steven Kruijswijk já terminou por sete ocasiões no top dez das três Grandes, com destaque para o terceiro posto no Tour de 2019, mas esta temporada foi uma sombra de si mesmo. Com o aparecimento mais impactante de Vingegaard e de Kuss, o ciclista começa a perder o seu espaço para liderar nas provas em que Roglic não está.

Por último, salientar ainda a prestação um pouco aquém de Dylan Groenewegen. O melhor puro sprinter da equipa ainda venceu por três vezes, mas não ganhou em provas WorldTour, acabou por saber a pouco. O período de suspensão e o nascimento do seu filho tiveram algum impacto na sua performance, com o próprio ciclista a admitir que a falta de treino em algumas fases da temporada foram muito prejudiciais para o seu desempenho, principalmente para o seu “kick” final nas etapas.



O mercado

A equipa vê sair o seu principal nome para os sprints, Groenewegen, para a Team BikeExchange Jayco, George Bennett vai ajudar outro esloveno na UAE Team Emirates e Antwan Tolhoek transfere-se para a Trek-Segafredo. O ex-campeão do mundo de contrarrelógio individual Tony Martin, Paul Martens e Maarten Wynants seguem para a reforma do ciclismo.

As entradas foram muito bem estudadas e os reforços são de grande qualidade. O nome mais sonante é o de Rohan Dennis, um dos melhores contrarrelogistas da atualidade e que terá um enorme peso para disputar as lutas contra o cronómetro. Além disso, é um excelente ciclista para trabalhar e impôr um ritmo rompe-pernas para os adversários, mesmo nas subidas, como ficou demonstrado no Giro de 2020. Tiesj Benoot e Christophe Laporte são duas entradas diretas para o bloco das clássicas, para apoiar Wout Van Aert. O francês Laporte está cada vez mais talhado para as clássicas e chegadas em grupos mais pequenos, abdicando um pouco do sprint em chegadas mais planas. Esta época venceu por quatro vezes, etapa 1 da Etoile de Bessèges e do Tour du Limousin, Circuit de Wallonie e o Grand Prix de Wallonie. O belga Benoot, para além das clássicas, consegue andar bem nas provas de uma semana. Este ano, por exemplo, terminou no 5.º lugar do Paris-Nice e no 8.º posto do Benelux Tour.

Para as clássicas chega também Tosh Van der Sande, vindo da Lotto Soudal, um ciclista com experiência, com boa capacidade de posicionamento e, acima de tudo, com capacidade para estar com Wout Van Aert nos momentos cruciais. Da equipa de desenvolvimento sobe Michel Hessmann, campeão nacional de contrarrelógio germânico, na categoria de sub-23. Por último, a adição de Milan Vader, neerlandês de 25 anos, vindo do XCO, e companheiro de seleção de Mathieu Van der Poel.

O que esperar de 2022?

Espera-se mais triunfos da dupla Wout Van Aert e Roglic. O esloveno será líder nas provas em que correr, especialmente no Tour e na Vuelta. As clássicas das Ardenas e italianas podem ser objetivos. Nas chegadas em colinas e nas provas de uma semana ele é exímio e sempre candidato à vitória. Jonas Vingegaard terá um ano decisivo para a sua confirmação, e pode ser líder depois do seu excelente Tour que, no próximo ano, começará na Dinamarca, o seu país. O regresso de Tom Dumoulin é de saudar e este poderá ter um papel importante na próxima temporada, resta saber se será para liderar, possívelmente com Tobias Foss no Giro. Sepp Kuss e Kruijswijk poderão ter oportunidades para liderar em provas de uma semana, se a corrida se proporcionar a seu jeito. Para o contrarrelógio, armas não faltam, com Roglic, Wout Van Aert, Rohan Dennis, Dumoulin, Edoardo Affini e Jos Van Emden a andarem bem neste campo.

O bloco das clássicas será liderado por Wout Van Aert, contando com a ajuda de elementos importantes como Christophe Laporte, Benoot, Tosh Van der Sande, Mike Teunissen, Nathan Van Hooydonck e Pascal Eenkhoorn. Para os sprints, a equipa perdeu a sua principal figura, mas conta ainda nas suas fileiras com Mike Teunissen e Laporte que, não sendo propriamente sprinters puros, podem obter bons resultados e alcançar vitórias. Além disso, o todo-terreno Wout Van Aert já bateu várias vezes alguns dos melhores puros sprinters do mundo. Estão a aparecer ainda os jovens David Dekker e Olav Kooij para as chegadas mais rápidas, mas ainda têm um longo caminho para poderem competir contra os melhores.



By admin