Entramos no pódio do ranking com uma equipa habituada a estas andanças. A formação de Dave Brailsford continua a ser transformação de uma equipa de Grandes Voltas, com a vitória num Monumento de empedrado a ser o ponto alto. Os mais veteranos começam a dar lugar aos mais jovens.



Os dados

Vitórias: 39 triunfos, sendo que metade deles foram no World Tour, uma eficácia muito grande nos maiores palcos.

Pódios: 120 pódios, destacando-se a diversidade de ciclistas que o conseguiram.

Dias de competição da equipa: 247 dias, não é uma equipa que faça muitas corridas fora do World Tour

Idade média do plantel: 28,8 anos, uma equipa de muitos extremos, com muitos jovens e muitos veteranos.

Mais kms: Coube ao veterano e capitão na estrada Ben Swift, com quase 12 000 kms

Melhor vitória: Não tenho grandes dúvidas sobre o triunfo de Dylan van Baarle, pela forma como foi obtido e pela maneira como fechou um ciclo na estrutura da Ineos que já há tanto tempo procurava um Paris-Roubaix.

 

O mais

Temos de mencionar Geraint Thomas, não ganhou o Tour como no passado, mas teve um Verão fenomenal, tendo levado para casa a Volta a Suíça antes de ser o único capaz de se aproximar minimamente do nível de Pogacar e Vingegaard, isto aos 36 anos. A época de Carapaz podia ser sido brilhante, ficou só como boa porque perdeu a camisola rosa na 20ª etapa de uma forma inesperada para Jai Hindley. Recuperou mentalmente para terminar a Vuelta em beleza, onde conquistou 3 etapas, mesmo sendo um ciclista bastante marcado em fugas.



Daniel Martinez esteve a um nível muito elevado até ao Tour, foi 3º no Paris-Nice, ganhou no País Basco, andou a disputar as clássicas das Ardenas, no entanto até realizou uma Volta a França abaixo das expectativas. Carlos Rodriguez foi conquistando ao pouco o seu espaço de afirmação, o que culminou com o 7º lugar na Vuelta e o 5º posto na Lombardia. Dylan van Baarle esteve um pouco discreto até às clássicas, depois teve um grande pico de forma que o levou a conquistar o Paris-Roubaix e a ser 2º no Tour des Flandres.

2022 foi o ano de afirmação de alguns jovens, que deram grandes sinais para o futuro, falamos de Magnus Sheffield, Ben Turner, Luke Plapp e até Jhonatan Narvaez mostrou muita evolução.

 

O menos

Na minha óptica os que desiludiram mais foram os italianos, encabeçados por Filippo Ganna. Analisando apenas a vertente da estrada, o transalpino falhou nos Mundiais, falhou o objectivo nos Europeus, falhou no Tour e sai de 2022 com somente 2 vitórias no World Tour, no Tirreno-Adriatico e no Dauphine, manifestamente pouco para um corredor deste calibre. Elia Viviani termina a época com uma sensação que já não consegue competir com os melhores no World Tour, somou apenas 1 pódio nestas corridas, para além de ter hipóteses mais diminutas devido à equipa se focar tanto nas provas por etapas e na classificação geral.

Thomas Pidcock foi outra relativa desilusão, continua muito inconsistente, apenas anda bem a espaços. Fez um Tour bastante agradável, ganhou num lugar mítico, antes tinha falhado nas clássicas acusando claramente a preparação deficitária, afectada pelo ciclocrosse. Adam Yates teve uma época que nem foi má, desiludiu ligeiramente no principal objectivo da temporada, o Tour. Por fim, Tao Hart continua bem longe do nível demonstrado no Giro em 2020 e provavelmente nunca mais vai lograr esse resultado.



 

O mercado

Mais uma época em que a Ineos-Grenadiers tenta rejuvenescer um pouco o plantel e verifica-se a saída de alguns históricos, nomeadamente Richie Porte, um ciclista precioso para esta estrutura. Richard Carapaz quis mais protagonismo e ser o líder isolado de uma estrutura e Adam Yates foi de certa forma seduzido pelo poderio financeiro da UAE Team Emirates, são 3 os ciclistas que saem e que poderiam perfeitamente fazer top 10 numa Grande Volta.

O autor do maior feito de 2022 está também de saída, falamos de Dylan van Baarle, o que foi uma relativa surpresa porque o holandês encaixava bem aqui pois dava uma ajuda preciosa em provas por etapas. Andrey Amador acompanhou Carapaz e Dunbar sai pelas mesma razões.

A grande entrada é de Thymen Arensman, alguém com as características que a formação britânica gosta e em quem a Ineos acredita que pode fazer pódio numa Grande Volta. Conseguiram também atrair alguns dos maiores talentos britânicos com Joshua Tarling e Leo Hayter, brilhantes em sub-23, garantiram o junior Michael Leonard. Entra também Connor Swift, um corredor polivalente, capaz de ajudar na montanha e no terreno plano.

 

O que esperar em 2023?

Para as Grandes Voltas as incógnitas são mais do que muitas. Geraint Thomas já não caminha para novo, sabe que o nível de Pogacar e Vingegaard é de outro Mundo e vai atacar o Giro. Muito dificilmente Egan Bernal volta ao que era e Daniel Martinez parece mais talhado para as clássicas e 1 semana. Hart e Sivakov estão mais relegados para gregários de luxo, portanto a INEOS tem 3 grandes esperanças para derrotar os monstros.



O problema é que nenhum ainda é uma confirmação de pódio, falamos de Carlos Rodriguez, Thymen Arensman e Thomas Pidcock, cujo pleno potencial ainda é desconhecido na estrada, seja nas Grandes Voltas, seja nas clássicas. A formação britânica vai tentar jogar com os números nas clássicas com a saída de Dylan van Baarle. Pidcock, Narváez, Sheffield, Turner e Ganna são todos nomes válidos para essas corridas.

 

By admin