Uma das equipas que mais subiu o nível em 2019, muito ajudada por um fenómeno que fez pódio na Vuelta na sua estreia em Grandes Voltas. A estratégia de mercado foi semelhante à de 2018 e baseia-se em 2/3 nomes sonantes e muita juventude.
Os dados
Vitórias: 29 triunfos, mais de 1 dezena no World Tour, o que é um registo assinalável. Pogacar, Kristoff e Gaviria somaram mais de 6 vitórias.
Pódios: Quase 1 centena de pódios, 95 ao todo.
Dias de competição da equipa: 279 dias de competição, um calendário muito alargado.
Idade média do plantel: 28,4 anos, algo que será diminuído para 27 anos em 2020
Mais kms: Um dos maratonistas do pelotão, Alexander Kristoff com 14511 kms
Melhor vitória: A incrível exibição de Tadej Pogacar na etapa 20 da Vuelta, uma cavalgada em solitário que resultou em pleno, valendo-lhe o pódio na geral também.
O mais
A estrela da companhia foi Tadej Pogacar, já todos sabiam do talento do esloveno, mas poucos esperavam que aos 20/21 anos Pogacar subisse assim à ribalta. A senda vitoriosa começou na Volta ao Algarve, ganhando na Fóia e averbando a geral e depois de fazer 6º na Volta ao País Basco foi à Califórnia ganhar a competição local. No entanto a grande surpresa surgiu na Vuelta, na sua estreia em provas de 3 semanas fez 3º na classificação geral e ganhou 3 etapas, uma das melhores estreias de sempre em Grandes Voltas. Para além de trepar como poucos Pogacar ainda se defende muito bem no contra-relógio e tem tudo para estar na luta de algumas clássicas.
Mesmo com a entrada de Fernando Gaviria e de Jasper Philipsen, Alexander Kristoff foi aquele que mais pódios somou dentro da UAE Team Emirates. Venceu no Tour of Oman, na Gent-Wevelgem, na Volta a Noruega, no G.P. Argovie, na Volta a Alemanha e ainda na Volta a Eslováquia. Ainda fez pódio no Tour des Flandres, mais uma temporada muito regular. Diego Ulissi voltou a estar bem, foi 3º na Fleche Wallonne, ganhou a Volta a Eslovénia e o G.P. Lugano, foi 3º na Volta a Polónia, 4º no G.P. Quebec e 2º no G.P. Montreal. Fernando Gaviria salvou a época na parte final do ano, Rui Costa não esteve nada mal e Jasper Philipsen foi outra das revelações do ano.
O menos
Alguns dos corredores mais experientes e conceituados da equipa desiludiram, a começar por Fabio Aru. Desde 2017 que o italiano não consegue resultados impressionantes ao mais alto nível, ainda acabou em 14º no Tour esta época apesar de pouco se ver e abandonou a Vuelta. Se Aru em 2020 não recuperar a sua melhor versão pode mesmo perder a confiança da equipa. Sergio Henao foi contratado à Team Sky para ajudar os líderes nas Grandes Voltas e chefiar nas provas de 1 semana, só que o colombiano não tem conseguido nem uma coisa nem outra, tem sido uma sombra de si mesmo.
Uma nota negativa também para Dan Martin. O irlandês até começou bem o ano, fez 2º na Volta ao País Basco, mas falhou completamente no seu principal objectivo: as clássicas. Depois disso foi sempre uma época nivelada por baixo, não rendeu no Tour nem nas clássicas de final de época.
O mercado
A abordagem a este defeso foi semelhante à de 2018, 2/3 contratações sonantes e depois muitos jovens para ganhar espaço, evoluir e construir o futuro. Para 2020 a aposta principal recai em Davide Formolo, que vai em grande parte compensar a saída de Daniel Martin, um corredor talhado para as clássicas e provas de 1 semana. Maximiliano Richeze é outra contratação de proa, um dos melhores lançadores do Mundo, com forte ligação a Fernando Gaviria e que vem substituir Simone Consonni e Roberto Ferrari.
David de la Cruz procura de certo modo relançar a carreira, veremos se corre melhor ao espanhol do que a Sergio Henao. Depois também podemos considerar que Joe Dombrowski vem substituir Simone Petilli, enquanto que a revolução é completa pelos talentosos Brandon McNulty (vencedor do Giro di Sicilia e multi-medalhado em sub-23), Mikkel Bjerg (campeão mundial sub-23 de contra-relógio), Alessandro Covi (4º no Baby Giro em 2019) e Camilo Ardila (vencedor do Baby Giro este ano).
O que esperar em 2020?
Com a exibição na Vuelta Tadej Pogacar certamente ganhou o posto de líder nas Grandes Voltas, apesar da equipa ainda ter esperanças na recuperação de Fabio Aru. Pogacar deverá fazer o Giro e a Vuelta, apenas com 21 anos de idade e já sabe que as expectativas são muito elevadas. É preciso dizer que o apoio na alta montanha não parece avassalador, Dombrowski e David de la Cruz são incógnitas, Formolo não está muito habituado a esse trabalho. Valerio Conti e Jan Polanc são dos ciclistas de confiança para essas funções.
Gaviria tem agora o seu lançador de confiança, caso o joelho do colombiano o deixe em paz tem tudo para somar mais de 1 dezena de triunfos. Kristoff agora não terá que fazer de lançador e uma das grandes questões será o papel de Jasper Philipsen, que tem algumas características em comum com Kristoff. Nas clássicas continuará a haver espaço para Rui Costa, Diego Ulissi e agora Davide Formolo. Estamos muito curioso para ver o que conseguirá fazer Brandon McNulty, um talento moderno, muito completo.