A Bora-Hansgrohe continua a evoluir a olhos vistos e nem com os seus dois principais líderes a terem temporadas mais fracas do esperado se deixaram ir abaixo, conseguindo um ano recheado de grandes triunfos. Mesmo assim, a equipa alemã continua confiante nos seus grandes nomes para 2021.
Os dados
Vitórias: 21 triunfos, metade deles conseguidos no World Tour e 4 em Grandes Voltas
Pódios: 70 pódios, um número impressionante que, com alguma sorte, podia ter dado numa maior quantidade de triunfos. Só Pascal Ackermann somou 19.
Dias de competição: 160 dias, um calendário dentro do normal para esta curta temporada
Idade média do plantel: 29,9 anos, um dos plantéis mais veteranos do World Tour, com 4 ciclistas acima dos 35 anos
Mais kms: Felix Grosschartner correu um pouco por todo o lado, num total de 10 948 kms
Melhor vitória: Pela espetacularidade do triunfo, elegemos a vitória de Peter Sagan na etapa 10 do Giro d’Italia
O mais
Pascal Ackermann é já uma das grandes figuras do ciclismo alemão. O sprinter venceu antes e depois da paragem, levantando os braços por 8 vezes, 5 delas no World Tour e duas na Vuelta. Nem sempre é muito regular, quando perde confiança demora a recuperar mas quando está bem é difícil de derrotar.
Maximilian Schachmann tornou-se um ciclista ainda mais completo com a vitória no Paris-Nice. Entrou em 2020 a todo o gás, foi 2º no Algarve mas um atropelamento em pleno Giro di Lombardia estragou a 2ª parte da época, onde ainda foi 3º na Strade Bianche. Patrick Konrad continua muito discreto mas muito regular, acabando o Giro em 8º, com Felix Grosschartner a terminar em 9º a Vuelta, num resultado algo inesperado. Lennard Kamna demonstrou todo o seu potencial com triunfos no Dauphine e no Tour e Matteo Fabbro foi um dos gregários do Giro, trabalhando para os dois líderes que tinha. Rafal Majka esteve bem nas provas de uma semana (3º no Tirreno, 4º na Polónia e 5º no UAE Tour), o seu ponto forte atual.
O menos
As expectativas que recaíam sobre Emanuel Buchmannn eram muitas, vinha de ser 4º no Tour de 2019, mas este ano foi para esquecer. Até venceu no seu primeiro dia de competição mas a partir daí foram muitos os azares. Abandonou o UAE Tour por queda, acontecendo o mesmo no Dauphine. No Tour as mazelas ainda eram evidentes e nunca se mostrou.
Peter Sagan somou 22 top-10, o que numa temporada curta é bastante positivo no entanto só por uma vez venceu, no Giro, uma exibição que fez lembrar o Sagan de outros tempos. Pela primeira vez, perdeu a camisola verde do Tour e, no Giro, voltou a falhar o objetivo o que espelha a sua temporada: havia sempre alguém mais forte que o eslovaco. Se falámos de Rafal Majka em cima, também o temos que referir aqui pelo que fez, ou não fez, no Giro. Vinha em grande forma, os resultados de anos anteriores também eram animadores mas falhou redondamente, com um colapso nas tiradas finais.
O mercado
A excelente temporada dos pupilos de Ralph Denk não mudou a filosofia da equipa. Ciclistas mais veteranos ou que não estavam a render estão de saída, substituídos por algumas jovens promessas e certezas, capazes de trazer resultados imediatos.
Rafal Majka sai para a UAE Team Emirates, sendo “trocado” por Wilco Kelderman que, depois do pódio no Giro, mostrou ser capaz de grandes voos e conseguir bons resultados. Jempy Drucker e Oscar Gatto deixam o bloco de clássicas mas entra o super talentoso alemão Nils Politt, uma das boas contratações da temporada. Do bloco de montanha/clássicas saem Gregor Muhlberger, Pawel Poljanski e Jay McCarthy. No lado inverso, chega o jovem Giovanni Aleotti, 4º no Baby Giro deste ano e 2º no Tour de l’Avenir de 2019.
Olhando para o futuro, para os sprints chegam Matthew Walls, um talentoso pistard mas já com excelentes resultados na estrada, e Jordi Meeus, atual campeão sub-23 belga e que chega da SEG Racing, uma das melhores equipas de formação do Mundo. Frederik Wandahl tem 19 anos, é o mais jovem, e tem características de puncheur. Anton Palzer chega no do ski de montanha e Ben Zwiehoff do cross-country, duas escolhas alternativas mas em quem a equipa deposita esperanças.
O que esperar de 2021?
Os líderes estão bem definidos. Emanuel Buchmann continua a ser a figura máxima para as provas por etapas, veremos se o alemão continua a apostar no Tour ou se foca noutra Grande Volta. Patrick Konrad, Lennard Kamna, Felix Grosschartner e Wilco Kelderman formam um bloco sólido e devem ter algumas oportunidades durante o ano e noutras Grandes Voltas.
Pascal Ackermann será o principal sprinter, será que com Peter Sagan na equipa terá oportunidade no Tour ou terá que se contentar com o Giro ou a Vuelta? Por falar em Sagan, para além de nova luta pela verde, terá em Nils Politt um forte aliado nas clássicas, podem formar uma dupla muito forte. Daniel Oss e Marcus Burghardt continua muito fiáveis. Atenção a Maximilian Schachmann para as clássicas e provas de uma semana com alguma dureza, este ano esteve incrível. Cuidado com os jovens Jordi Meeus, Giovanni Aleotti e Ide Schelling, têm muito potencial, estão na equipa ideal para evoluir e conseguir bons resultados.