2019 marcou o regresso aos triunfos em Grandes Voltas por parte da equipa espanhola. A próxima temporada será de mudança, com grande parte dos seus líderes a saírem.
Os dados
Vitórias: 21 triunfos, com Alejandro Valverde e Richard Carapaz a serem os mais vitoriosos, ao conseguirem 5 triunfos cada.
Pódios: 59 pódios, 20 deles conseguidos pelo incansável Alejandro Valverde.
Dias de competição da equipa: 250 dias de competição.
Idade média do plantel: 30.2 anos, um dos plantéis mais veteranos do pelotão, com 12 ciclistas acima dos 30 anos.
Mais kms: Imanol Erviti, com um total de 14 046 quilómetros.
Melhor vitória: Só pode ser o triunfo na geral do Giro d’Itália, conseguido por Richard Carapaz, ao qual juntou duas etapas.
O mais
2018 já tinha sido um grande ano para Richard Carapaz no entanto 2019 veio confirmar o seu tremendo potencial. Sem medos, atacou Vincenzo Nibali e Primoz Roglic para vencer, de forma esclarecedora, o Giro d’Itália, onde ganhou duas etapas. Mas 2019 não foi só isso! 6º na Vuelta a San Juan, 9º na Colombia, ganhou a Vuelta as Asturias e foi 3º na Vuelta a Burgos, antes de falhar a Vuelta devido a problemas físicos.
Alejandro Valverde continuou igual a si próprio. É verdade que as vitórias não foram tantas, “apenas” 5, mas o ex-campeão do Mundo conseguiu 21 pódios, entre os quais 2º na Vuelta, UAE Tour, Il Lombardia, Milano-Torino, Volta a Murcia e Volta a Andalucia. Muita regularidade aos 39 anos. Mikel Landa foi 4º no Giro e 6º no Tour, dando boas indicações em ambas as provas, talvez faltando-lhe um triunfo. Triunfos que Nairo Quintana conseguiu. O colombiano venceu no Tour e na Vuelta, provas onde foi 8º e 4º respetivamente. Os anos passam e parece que “El Condor” não consegue voltar ao nível de quando era mais jovem mas 2019 acabou por ser positivo já que fez top-10 em todas as provas por etapas que fez. Entre os gregários, destaque para a evolução de Antonio Pedrero, precioso na vitória de Carapaz no Giro.
O menos
As grandes figuras cumpriram com aquilo que se esperava mas há sempre segundas linhas que podiam dar mais e melhor. Carlos Barbero nunca foi um ciclista muito ganhador no entanto 2019 foi para esquecer, somou apenas um triunfo e por incrível que parece foi fora de Espanha. Uma temporada com apenas 10 top-10.
Muita era a expectativa sobre Ruben Fernandez mas o espanhol nunca conseguiu confirmar todo o potencial que teve quando venceu o Tour de l’Avenir. 2019 teve apenas 1 top-10. Jurgen Roelandts veio para ser uma figura importante nas clássicas mas não teve o impacto que se previa. Marc Soler foi 9º na Vuelta mas faltou regularidade ao longo da temporada, algo que tinha acontecido noutros anos.
O mercado
Um dos anos mais movimentados dos últimos tempos por parte da formação de Eusebio Unzue. De uma só assentada, estão de saída 13 ciclistas, alguns deles nomes importantes. Nairo Quintana deixará a formação espanhola, tal como outros dois grandes líderes, Mikel Landa (Bahrain-McLaren) e o vencedor do Giro Richard Carapaz (Team INEOS). Winner Anacona segue Quintana para a Arkéa-Smasic e os espanhóis Ruben Fernandez, Jaime Roson, Rafael Valls e Jaime Castrillo têm novos objetivos para a nova temporada, deixando o bloco de montanha mais fraco. Jasha Sutterlin era uma peça fundamental nas clássicas e sai para a Team Sunweb. Daniele Bennati irá abandonar a modalidade e nada se sabe sobre o futuro de Andrey Amador (envolvido num imbróglio entre a Movistar e a Team INEOS) e Carlos Betancur.
Enric Mas é não só o presente mas também o futuro do ciclismo espanhol no que refere aos trepadores e a Movistar decidiu apostar no corredor espanhol para as provas de 3 semanas. Dario Cataldo e Davide Villella chegam da Astana para reforçar o bloco de montanha que saiu algo enfraquecido deste mercado, apesar da adição de experiência com estes dois ciclistas.
Os restantes ciclistas contratados (9) são uma mudança de paradigma, já que a Movistar apostou em ciclistas ainda jovens (todos com 24 anos ou menos). Os espanhóis Sergio Samitier e Iñigo Elosegui e os colombianos Juan Diego Alba e Einer Rubio são trepadores para o futuro, aos quais se juntam o todo-o-terreno Matteo Jorgensen, o especialista em clássicas Johan Jacobs, os possantes Mathias Norsgaard e Iuri Hollman e o sprinter britânico Gabriel Cullaigh.
O que esperar em 2020?
Enric Mas será a grande aposta para as provas por etapas, e para o Tour de France, veremos como corresponde o espanhol que em 2019 desiludiu, após ter sido 2º na Vuelta do ano anterior. Alejandro Valverde caminha para os 40 anos mas isso não é impedimento para o murciano continuar a fazer temporadas regulares, ele que terá os Jogos Olímpicos na mira.
O bloco de montanha não é tão forte como o de 2019. Antonio Pedrero, Carlos Verona, Dario Cataldo e Davide Villela serão as principais referências, num ano que terá de ser de afirmação para Marc Soler, já que terá algum espaço para liderar em certas provas. Nelson Oliveira continuará a ser uma figura importante na manobra da equipa não só no apoio aos líderes mas também nas clássicas.